08 - Proposta

Já havia se passado quase duas semanas desde que revi Luan, e para o meu descontento Arthur não parava de falar sobre Luan e sobre um tal presente que ele lhe prometeu quando voltasse. Mas que abusado! Ele e aquela irmã dele são dois abusados! E quem é que disse que eu vou permitir ele ver meu filho de novo? Estava irritada com tudo isso, com Arthur que agora só queria ouvir Luan, com as lembranças que ele me trazia, com as palavras daquela irmã dele que não me saia da mente. Estava na minha sala no trabalho tentando me concentrar no meu novo projeto quando para a minha surpresa meu patrão me chamou em sua sala e ao chegar lá vi que Laís, minha amiga e que também trabalhava ali estava já sentada. Á olhei como quem perguntava o que estava havendo e ela sem entender deu de ombros. Me sentei ao lado dela frente á Bruno, nosso chefe.

Bruno: - Chamei vocês duas em primeiro lugar pra parabenizar vocês duas pelos últimos três projetos que fizeram juntas. Os clientes adoraram.

Duda: - Obrigado. - respondi assim como Laís que ainda estava tão perdida quanto eu

Bruno: - Mas agora eu tenho um trabalho maior e de mais plena responsabilidade ainda pra vocês - disse e eu e Laís nos entreolhamos - Eu junto com alguns sócios analisamos bem e o projeto precisará de três arquitetos, no caso vocês duas e um outro ótimo arquiteto, ele é da filial de São Paulo e se chama Jorge.

Laís: - Okay, mas que projeto é esse? Quanto iremos ganhar? - perguntou direta e eu á olhei arregalada, Laís sempre tão desmiolada

Bruno: - Vamos construir uma estrutura para um DVD musical adaptável para as estradas, porém como ocorrerá tudo em São Paulo como o escritório do cliente que deseja o serviço, as decisões e reuniões vocês terão que ficar por lá durante a criação. O cliente é exigente e gosta de expor suas idéias. O custo com hospedagem, viagem, alimentação e tudo será por nossa conta, e com um acréscimo de cinquenta por cento no salário de ambas.

Laís: - Por quanto tempo? E qual cantor? - perguntou direta como sempre

Bruno: - Três meses e Luan Santana! - respondeu e imediatamente eu e Laís nos entreolhamos, arregalei os olhos e engoli em seco

Duda: - Seu Bruno, fico lisonjeada com a oportunidade mas não posso. Tenho um filho pequeno não posso me afastar por tanto tempo! - disse rápido, tudo o que eu menos queria agora era ter algum contato com o Luan

Bruno: - É uma oportunidade incrível Duda, se eu fosse você não despensava. E sem contar que seu filho ta um pouco crescido, seu pai é um ótimo avô, cuida bem dele. Vai ser ótimo pro seu crescimento pessoal e profissional.

Olhei pra Laís em dúvida, apesar das suas loucuras ela sempre foi minha fiel conselheira.

Bruno: - Se quiser, dou há vocês até amanhã para se decidirem

Duda: - Tudo bem, amanhã lhe dou a resposta.

Sai da sala de Bruno com milhares de coisas se passando por minha cabeça, e confesso, uma saudade reprimida e louca vontade de vê-lo também. Nem eu me entendia, as vezes o odiava, as vezes sentia mágoa e em certos momentos desejava que tudo fosse completamente diferente, e que por vezes, ele fosse apenas meu. Mas no fundo sei que tudo o que vivemos não passou de um amor adolescente e que agora, talvez por minha consciência extremamente pesada esteja tão vivo em mim.

*Luan Narrando

Estava em casa mexendo no celular, aproveitando a brexa de tempo que tive, afinal, estou envolvido com meu novo projeto, que por sinal renderá um festa para conhecer todos que trabalharão no meu novo DVD. A festa foi idéia da Ju da central, diz ela que é um modo diferente de começar agradando todos os profissionais de grande porte envolvidos no projeto e também de apreseta-los uns aos outros. Enquanto olhava as atualizações das redes sociais, vi que um amigo meu havia postado a foto de presente que havia dado pro seu filho, imediatamente me lembrei de Arthur e suas palavras de que se tivesse um pai, queria que ele fosse como eu.

Sorri fechando os olhos e a imagem de Duda veio em minha mente. Ela está tão linda, tão mudada mas ao mesmo tempo a mesma Duda de anos atrás. Como eu queria ainda poder á chamar de minha! Que isso Luan? Você nem se lembrava mais da existência dessa garota e agora deu pra estar de quatro por ela novamente? Ri negando. Por que as coisas ocorridas em nossa adolescência tem de ser tão intensas? E de repente, me lembro de tudo que Bruna me fala. Apesar dela julgar sem realmente ter consciência de todos os fatos, em teses, parte de mim acaba sendo obrigado a concordar com Bruna. Acho que no fundo eu não fui pra Duda metade do que ela foi pra mim. Sofri tanto quando me mudei e tive que deixá-la. Sofri mais ainda ao saber que ela não quis me esperar, eu juro que assim que eu me ajeitasse buscaria ela, porém ela me rejeitou e logo arrumou um cara qualquer que á engravidou, e enquanto ela se entregava a um idiota qualquer eu estava a quilômetros de distância sofrendo por ela por quase quatro meses, até decidir realmente esquecê-la assim como ela fez comigo, já que nem minhas ligações Duda atendeu mais.

Amarildo: - Pensando na morte da bezerra? - chegou fazendo graça e eu abri meus olhos rindo

Luan: - Tô - ri

Amarildo: - Sua mãe quer ir a Campo Grande na sua próxima folga

Luan: - De novo?

Amarildo: - Também não entendi. Ela ta tentando fazer contato com o seu Pedro desde anteontem

Luan: - Seu Pedro pai da Duda? - estranhei

Amarildo: - Esse mesmo, também não estou entendendo nada - revirou os olhos e eu fiquei calado, porém minutos depois que fui entender

Luan: - Puta que pariu! Não é possível que minha mãe ainda esteja com essa idéia maluca na cabeça!

Amarildo: - Que idéia?

Luan: - Que o Arthur...

Amarildo: - O filho da Duda? - me interrompeu - Ah, coitado daquele garoto tão novo e já sem pai.

Luan: - Minha mãe ta com uma idéia louca de que o pai do...

Amarildo: - O pai do Arthur morreu! Seu Pedro disse que foi em um acidente de carro. - confessou-me e um misto de sensação me corroeu. Um alívio por ter agora plena certeza que Arthur não é meu filho, que Duda não me escondeu isso e que eu posso tirar essa loucura da cabeça, mas também um certo desapontamento, não sei se posso dizer realmente desapontamente, mas eu gostava do garoto, criei um carinho absurdo e estantaneo por ele

Luan: - Que bom, então trate de contar isso pra minha mãe antes que ela perca o tempo dela com suas loucuras!

Amarildo: - Que loucura?

Luan: -Nada demais pai - dei de ombros agora que já está tudo resolvido - Eu vou ligar na Central pra ver sobre os arquitetos que selecionaram, parece que um desistiu - revirei os olhos indo para a varanda, tinha que resolver sobre esse problemas dos arquitetos, porém minha cabeça agora girava apenas sobre o que meu pai me falou, e não sei por qual motivo, mas aquilo não me saia da mente

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Eitaaaaa, será que Duda vai aceita a proposta? Arthurzinho está bem apegado ao Luan que parece tbm não tirá-lo da mente! E Marizete ta beeem desconfiada, querendo até ir a Campo Grande, será que a mentira sobre o pai de Arthur  fará Marizete desistir dessa viagem? Luan ta achando que tudo isso é loucura, será que é por muito tempo que ele pensará assim?