23 - Abrindo os Olhos

Laís: - Você vai contar pra ele sim! - disse firme, enquanto eu chorava - Eduarda, vai ser pior se ele descobrir por outra pessoa!

Duda: -Eu não sei se consigo! - solucei

Laís: - Você chamou ele até aqui e agora vai contar! - disse firme - Estou saindo com o Arthur! - foi até o quarto e eu me escondi no banheiro, não queria que meu filho me visse chorando

Laís saiu com Arthur e eu continuei ali chorando, não sei de onde arrumei coragem de ligar pra Luan, talvez tanta insistência da Laís, talvez no fundo uma vontade louca de acabar com isso de uma vez por todas. Eu ainda chorava pedindo a Deus sabedoria quando ouvi meu celular vibrar, o peguei e era Luan avisando estar lá embaixo, pedi que ele subisse e instantes depois ouvi a campainha tocar. Limpei meu rosto e após respirar fundo abri a porta, o sorriso dele se desfez no mesmo momento dando lugar á um semblante de pura preocupação.

Luan: - Pelo amor de Deus, o que aconteceu? - adentrou todo preocupado

Fechei a porta e olhei aqueles olhos preocupados, seu rosto de anjo... Perdi completamente a pouca coragem que tinha, eu não quero atrapalhar a vida dele de novo, não quero privar ele da vida livre e sem responsabilidades que ele tem. Não quero que ele me odeie, nao quero correr o risco dele tentar tirar o meu filho de mim. Quando dei por mim eu já voltava a soluçar e Luan me abraçava.

Luan: - Você ta me deixando preocupado Duda. O que aconteceu? É alguma coisa com você? Com o Arthur? Aliás, cadê ele?

Duda: - Não Luan! - funguei me soltando dele que me encarou sem entender - Eu te chamei aqui, só pra... pra te dizer que foi loucura o que aconteceu ontem! - virei-me de costas pra ele -  Não vai voltar a se repetir, eu não sei o que deu em mim e.... - perdi a fala, meu coração se partiu com tudo o que eu disse, obviamente era tudo mentira, mas eu tinha que me afastar dele, da família dele e de tudo que o envolva

Luan: - Você me chamou aqui pra me dizer isso? Pra acabar com o resto que me sobra de coração, é isso Eduarda? Me chamou pra dizer que tudo que rolou ontem, que a nossa manhã incrível não passou de um nada pra você? - disse visivelmente irritado

Duda: - Me desculpa Luan! - engoli o choro sem coragem de o olhar

Luan: - Eu não te entendo! Você lembra o que me disse ontem Eduarda? Lembra?! - falou parecendo irritado, veio até mim e me fez olhá-lo - Você não tem esse direito de chegar na minha vida, bagunçar meus sentimentos, me fazer acreditar de novo no nosso amor e depois me dizer isso!

Duda: - E você quer que eu faça o que Luan? Que eu finja sentimentos? Que eu te engane? Que eu engane as nós mesmos? Que eu confunda mais ainda a cabeça do meu filho? Foi só mais uma transa Luan! Só uma transa que infelizmente rolou em um momento de loucura! - menti outra vez

Luan: - Se foi só isso por que você ta assim? Chorando tanto pra uma "loucura" infeliz como você mesmo disse? - a sua irritação era perceptível

Duda: - Eu não sei Luan! Eu não te devo satisfação de nada, me deixa em paz merda! - solucei me sentando no sofá e vendo o olhar de decepção de Luan sobre mim

Luan: - Não acredito que mais uma vez cai nos seus joguinhos! Você outra vez fez o mesmo que anos atrás, me usou! Quer saber Eduarda? Tenho mais o que fazer. Pra você não existe só eu de homem e pra mim não existe só você de mulher

Ouvi Luan bater a porta com força e outra vez senti meu mundo desabar mais ainda. Também a minha felicidade não duraria mais do que aquilo, eu seria iludida demais em acreditar no contrário. Tentei recuperar meu choro, eu tinha que ser forte, tinha que me afastar de todo mundo, eu precisava, não queria viver com o ódio de Luan e nem correr o risco dele tirar o meu filho de mim.

*Luan Narrando

Nem quis se quer voltar pra onde a rapazeada estava, fui direto para a casa sem saber o que pensar, eu estava confuso, tivemos uma noite e tanto, uma manha agradável e ela chorando daquele jeito me diz aquilo? Cadê nexo dessa história? Suspirei e lembrei-me então do que minha mãe me disse mais cedo. Apesar de tudo, minha mãe quase nunca estava errada em seu sexto sentindo, e se eu for analisar, realmente á muitas coincidências. A pintinha de Arthur, a faixa etária dele, o modo como os apegamos tão rápido... aquele garotinho mexia comigo, de uma forma incrivel.  Fechei meus olhos e como um aviso lembrei-me do sonho que tive assim que vi Arthur pela primeira vez

“Eduarda: - Você tem que me perdoar Luan! – gritava aos prantos – Eu fiz tudo pensando em você! Acredita em mim!

Luan: - Pensando em mim? Você não passa de uma egoísta Eduarda, e que agora quer ganhar as minhas custas! – gritei nervoso

Eduarda: - Eu não quero nada, absolutamente nada a suas custas! Se eu quisesse não teria te escondido ele por sete anos Luan. S-e-t-e anos! – repetiu apavorada

Luan: - Você é uma egoísta Eduarda, eu nunca vou te perdoar!

E de repente, quando olho pra porta vejo apenas um par de olhos pequenos, porém esbugalhados nos olhando assustados”

Abri meus olhos com meu coração pulsando forte e por um momento não repudiei essa loucura, pela primeira vez me deixei levar pela desconfiança de minha mãe, deixei-me também tomar-me pela dúvida, pela incerteza, pelo que no fundo o meu coração gritava... isso tudo podia não ser uma loucura, e sim a realidade, Duda podia sim ter me escondido Arthur, o meu... filho?!