26 - Bêbado

Dei um passo para ir até a mesa deles, porém assim que fiz isso vi Arthur se levantar animado, parei e olhei, ele estava indo até Luciano que o chama bem onde acontecia os showzinhos dali. A minha curiosidade foi maior, não consegui desviar meu olhar e nem mover um dedo quando vi Arthur sentar-se naquele banquinho alto enquanto Luciano e outro cara ajeitavam o tamanho do suporto do microfone pra ele. Não só a minha mas a atenção de todos ali era voltada á ele. Ouvi sua voz de menino dizer no microfone que cantaria ali a música preferida da mãe, olhei Duda que olhava o filho encantada e de repente, para acabar com o resto que me tinha de coração, ouvi-o começar a cantar a música que compus anos atrás para pedir Duda em namoro!

Ele cantar Sempre Com Você era covardia, era demais pro meu coração. Aquela musica era minha e dela, era tema do nosso amor, foi com ela que conquistei Duda, foi com ela que á pedi em namoro, foi ao som dela que tivemos a nossa primeira vez! Não aguentei, sentei-me novamente e olhando a cena daquele garotinho tão parecido comigo, cantando a minha música que fiz pra mulher que eu amo voltei a chorar e a beber, e isso era a única coisa que eu era capaz de fazer.

Ao final da música todos o aplaudiu e com um sorriso gigante, porém timido ele agradeceu, olhei Duda e ela chorava quietinha, o pequeno correr e á abraçou ficando assim de frente pra mim, ele arregalou os olhos ao me ver e sorriu contente, e eu num gesto desesperado fiz sinal pra ele ficar quietinho e não dizer nada, manter segredo, não queria que Duda me visse assim, não queria que as coisas fossem assim, e como um bom garoto que é ele sem entender ficou na dele, apesar de me olhar de minuto em minuto fazendo meu coração palpitar.

*Duda Narrando

Arthur me fez chorar ao cantar aquela música que significava e significa tanto pra mim, e pro meu espanto depois de cantar ele ficou quieto, com um semblante preocupado. Comemos e ele continuou assim, achei que ele quisesse embora, porém foi dificíl o convencer á isso. até parecia que algo o prendia ali, porém com muito custo consegui.

Despedimos-nos de Luciano com um abraço e um agradecimento sincero pela noite agradável e fomos pro nosso quarto de hotel, Laís ja dormia e de certa forma agradeci por isso. Então, curiosa e preocupada decidi interrogar Arthur até ele me contar o que estava havendo.

Arthur: - Não é nada, deixa eu ligar pro Luan mamãe, por favor! - pedia parecendo agoniado

Duda: - O que te deu pra lembrar dele agora, do nada Arthur?

Arthur: - Nada, é só saudade mamãe, deixa! - pedia e eu o conhecia, ele estava me escondendo algo

Duda: - Eu deixo, mas só se você me contar o por que esta assim!

Arthur: - Mas mamãe, não faz assim!

Duda: - Então sem ligação! - ouvi Arthur bufar e o olhei brava, e com os olhos marejados ele se deu por vencido

Arthur: - Eu vi o Luan lá mamãe! Ele tava chorando, deixa eu ligar e falar com ele! -  pediu quase chorando, meu coração apertou. Luan estava lá? E chorando?

Duda: - O Luan? E chorando? Tem certeza que era ele Arthur?

Arthur: - Tenho, ele pediu pra não te contar que tava la - fungou - Por favor mamãe, deixa eu falar com ele, eu tô com dó, eu só choro quando eu tô triste, e se ele estive triste mamãe? Eu não quero ver ele chorando mais! Liga pra ele, por favor! - quase implorou segurando o choro, no fundo eu também estava preocupada e um pouco receosa disquei seu numero entregando o celular a Arthur

Chamou, chamou e nada de Luan atender. Com o olhar pidonho de Arthur tentei mais duas vezes e nada, acabei desistindo enquanto uma preocupação tomava meu corpo. Olhei Arthur e ele também segurava o choro por não ter conseguido falar com Luan

*Luan Narrando

Assim que a "família feliz"  saiu daquele bar eu fui embora também. Nem sei como cheguei em casa, só sei que quando cheguei vi Bruna e minha mãe olharem-me assustadas.

Bruna: - Pi, aconteceu alguma coisa? Você ta chorando! - veio desesperada até mim, tinha razão de sua reação, são raras as vezes que eu me permito chorar

Senti minha irmã me abraçar, porém logo me joguei no sofá deitando sobre a perna da minha mãe que me olhava agoniada em preocupação.

Bruna: - O que aconteceu, pelo amor de Deus fala alguma coisa Luan! - pediu sentando-se na ponta do sofá colocando minhas pernas sobre seu colo

Marizete: - Você ta com cheiro forte de bebida! Onde estava? O que aconteceu?

Luan: - Eu vi ela mãe! - solucei - E ela tava com aquele maldito Luciano! Por que eu ainda tenho que amar aquela bandida?

Bruna: - Você ta falando da Eduarda?

Luan: - Em carne, osso e beleza! Eu juro que tentei não ligar, mas cara, a uma noite atras estavamos bem, rolou de tudo entre a gente e hoje eu vejo isso? Por que eu ainda tenho que amar tanto ela? Por que ela teve que reaparecer na minha vida Bruna? Por que? - coloquei as mãos em meus olhos desesperado

Marizete: - Talvez por que ainda há coisas mal resolvidas entre vocês!

Luan: - O filho dela tava lá! Ele cantou a nossa música mãe! Como eu posso lidar com isso? Eu amo demais essa mulher!

Bruna: - Pelo amor de Deus Luan, é só uma mulher, você pode ter todas as outra do mundo Pi, não fica assim, não quero te ver de novo como anos atrás no fundo do poço por ela!

Luan: - Eu posso ter todas, mas eu quero ela! Quero ela com todos os defeitos, com todas as qualidades, com a mania dela de me fazer ciúmes, com aquele rosto meigo, com a maestria dela de no mesmo instante que me leva pro céu, me arrasta pro inferno! Ela é minha, é demais pedir pra que ela entenda isso?

Marizete: - Meu filho, você ta muito bêbado, vem eu vou te ajudar a tomar banho! Logo logo as coisas entre vocês dois vão se resolver, escuta a sua mãe - pediu enquanto com  a ajuda da Bruna me levava para o  banheiro

Luan: - Eu quero ela mãe! Faz ela entender que ela é minha, ela e o Arthur! - repetia aos prantos

Nem me dei conta se disse ou se minha mãe ou Bruna me falaram algo a mais, na minha cabeça só me vinha a imagem de Duda e o quanto ela estava linda naquele vestidinho florido, e instantes depois eu me lembrava que era Luciano quem á acompanhava. E nesse misto de sensações, acabei adormecendo, acordei com a cabeça explodindo e como em um modo automático, Duda veio em minha mente outra vez. Eu não podia continuar á viver assim, nessa dúvida, nessa angustia, e logo após trocar de roupa, sem pensar me mais nada segui até o seu hotel, era agora ou nunca, algo em mim dizia que tudo mudaria a partir de agora, ela teria de decidir!