32 - "Se eu ainda te amo"

*Luan Narrando

De todos os milhares de abraços que já recebi na vida, nada se compara a pureza, ao sentimento e a leveza desse. Nada se compara ao que esta se passando agora, em minha mente em meu coração. Ao encerrar aquele abraço gostoso, Arthur segurou meu rosto com ambas as mãozinhas.

Arthur: - Agora eu entendo por que a mamãe sempre disse que o meu pai era um anjo, que vivia por ai fazendo milhares de pessoas sorrir! Você faz isso nos seus shows não é? – fui pego de surpresa com o que ele disse, por instinto olhei pra Duda que estava extremamente sem graça, assim como eu. 

Não o respondi, apenas beijei sua testa e o abracei de novo.

Luan: - O pai te ama! – beijei o topo de sua cabeça segurando a emoção quando ele se sentou em minha perna

O silencio se instalou ali. Eu curtia aquele momento tão especial, Arthur parecia apenas sentir também, já que a única coisa que fazia era mover meu relógio, meus pais e minha Irma nos olhavam segurando a emoção e eu não quis olhar Duda, estava com raiva demais para olhá-la sabendo que eu poderia ter vivido isso antes.

Luan: - Olha cara, agora aqueles são seus avós, e ela sua tia – disse e ele sorriu tímido os olhando – Sabia que você vai morar aqui em São Paulo? – já afirmei antes mesmo de acertar tudo com a Duda, eu queria e isso iria sim acontecer

Arthur: - Mas e o meu vô? – disse rápido

Luan: - Ele vem te visitar quando quiser! Ou, se quiser vem morar com você também! – ele sorriu e eu ganhei minha noite com aquilo, ouvi meu pai chamar Duda no escritório e estranhei, mas certamente falariam sobre a demissão que ela tinha pedido para que dessem entrada nos papéis. Dei de ombros e continuei ali na cozinha enquanto eles foram rumo ao escritório

*Duda Narrando

Duda: - Eu não vou querer mais a demissão seu Amarildo! – disse assim que fui questionada sobre o assunto quando já estávamos a sos

Amarildo: - Mas...? – ficou sem entender

Duda:  - O Luan não quer mais olhar na minha cara...

Amarildo: - Justamente! – interrompeu-me sem entender

Duda: - Temos um filho, não creio que ele agir assim seja um ambiente saudável pro Arthur.

Amarildo: - Não vai ser! Ele não vai faltar com o respeito com você, ele apenas não quer nenhum contato que não seja relacionado ao Arthur! E me desculpe, mas ele esta no direito dele. Você não podia ter o escondido um filho.

Duda: - Você teria deixado ele correr atrás de uma carreira, um futuro tão incerto caso eu estivesse grávida? Teria deixado ele sair de Campo Grande se soubesse do Arthur? Ele seria mais um pai de família comum, com um emprego comum ou um cantor realizado se eu não tivesse feito o que fiz? – falei firme e ele respirou fundo

Amarildo: - Um filho é mais importante que tudo isso Duda.

Duda: - Se você tivesse o sonho de quem ama em mãos, iria ajudá-lo a realizá-lo, mesmo que isso te sacrificasse, ou iria interromper esse sonho mesmo sabendo que foi isso que a pessoa que você ama sempre quis? – Amarildo se calou por breves segundos de cabeça baixa

Amarildo: - Voce o ama?

Duda: - Não vem ao caso.

Amarildo: - O ama?

Duda: - Só não quero que ele me odeie! Quero apenas o perdão dele, nada mais. Quem sabe com o contato profissional eu consiga..

Amarildo: - Você continua na equipe! – sorriu me interrompendo – Só tenha paciência, ele é cabeça dura, não será fácil ter o perdão dele, eu não concordo com sua atitude, mas vejo seu lado e quem sabe boa parte de tudo que o envolva seja graças a você – sorriu de canto

Duda: - Obrigado! – sorri sem graça

Amarildo: - Por nada. Mas não pense que achei certo viu. Não ta perdoada mocinha, queria muito ter acompanhado meu neto. 

Sorri pra ele e não respondi, levantei-me e ia saindo da sala quando ele me chamou.

Amarildo:  - Estava quase me esquecendo, na segunda-feira vocês viajam , Luan quer buscar inspiração no exterior, viajem louca de ultima hora. Vai apenas vocês arquitetas, Luan, Joana e o Dudu – sorriu de canto enquanto eu fiquei surpresa – Amanhã te explico certinho, não é momento pra trabalho, e adoraríamos o Arthur ficar com a gente durante a viagem! – piscou e eu sorri assentindo

Voltei pra cozinha e apenas Bruna e Marizete estavam ali, fiquei sem graça e Marizete amigavelmente disse que Luan e Arthur estavam na sala, para eu lhes fazer companhia que ela só terminaria de arrumar algo e já iria também. Sorri em resposta e fui até a sala onde Luan e Arthur conversavam e riam esparramados no sofá gigantesco, porém que os dois ocupavam por inteiro me fazendo sentar no outro.

Arthur: - Onde tava mamãe?

Duda: - Resolvendo umas coisas –sorri pra ele

Arthur: - O Luan disse...

Luan: - Luan? – ergueu a sobrancelha pra ele que ficou vermelho

Arthur: - Desculpa – riu tímido

Duda: - Luan, releva, ele não vai se acostumar em segundos. – falei e Luan fingiu que se quer me ouviu, nem ao menos me olhou

Arthur: - A gente vai morar aqui no condomínio mamãe? Ele disse que você não vai mais trabalhar com ele, mas se você vai morar aqui, o tio Bruno então vai vim morar aqui com a gente? – perguntou confuso, percebi Luan me olhar meio incomodado, sério, mas logo desviar o olhar, ri por Arthur ainda se lembrar de Bruno, meu chefe

Duda: - A mamãe ainda vai sim trabalhar com o Luan! – falei firme e Luan me olhou arregalado – Inclusive vou ter que viajar a trabalho semana que vem com ele e  a tia Laís! – vi Luan bufar e ficar quase vermelho de raiva

Arthur:  - Mas se a gente vai morar aqui, por que não moramos juntos? Como uma família? Vocês já namoraram, já se beijaram aquele dia, pode acontecer de novo! – dizia rápido, ele parecia bem curioso com tudo

Luan: - Não da pra morarmos juntos como uma família Arthur. Eu amo você, mas não há esse sentimento entre eu e sua mãe. Coloca isso na sua cabecinha ta? O beijo que você viu, o namoro com a sua mãe... tudo foi um erro, a gente se engana com as pessoas. Pra ser uma família tem que ter amor, e pode ter certeza que esse é o ultimo sentimento que há entre nós! – disse tudo olhando nos meus olhos, parecia dizer pra mim e não pra Arthur, senti-me mal com tudo o que ele disse, um pouco humilhada até, respirei fundo e fingi não ter me atingido

Duda: - Você vai ter uma família, mas não vai ser com a gente juntos ta bom meu amor? – beijei seu rosto e ele sorriu triste – Vou tomar um ar!

Levantei-me sentindo-me mal com isso tudo, minha expressão facial demonstrava isso e eu não queria deixar isso exposto, abri a porta de entrada da casa, na frente havia uma espécie de jardim onde fiquei olhando o céu estrelado e pensando em minha vida. Suas palavras me doeram, e muito! Meus olhos começaram a marejar, ouvi a porta se abrir e virei-me vendo Luan.

Luan: - Para de manipular o garoto colocando essas loucuras na cabeça dele! Não vai usar o meu filho pra tentar se aproximar de mim! – disse me deixando assustada com sua acusação

Duda: - Ta louco? Eu não falei nada pra ele! Entende que ele ta na fase dessas perguntas, desses desejos!

Luan: - Aposto que você que fica colocando isso na cabeça dele. Ele não tem idade pra essas perguntas Eduarda! – mexeu no cabelo nervoso

Duda: - Larga de loucura, o que ele te perguntou de tão absurdo assim? – perguntei curiosa, ele parecia confuso, sem saida

Luan: - Se.. – engoliu em seco me olhando –Se eu ainda te amo – coçou a nuca, colocou as mãos no bolso e encarou o céu estrelado enquanto o silencio se mantinha, desde o descobrimento sobre sua paternidade era a primeira vez que ele tinha “abaixado a guarda”

Duda: - E o que você respondeu? – sussurrei olhando ele que parecia tão envolvido quanto eu em um amor do passado, porém que não parecia tão passado assim. É fato evidente, esse amor esta presente até hoje em nossos corações, mesmo que á magoa cubra parte dele, mesmo que erros o encubram, mesmo que atitudes o ferem... sempre haverá alguma brecha para que ele aflore entre nós, e quem sabe, esse momento seja uma delas

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2/5