97 - Evitando-se

Deixei Duda sozinha por algumas horas e Marquinhos não saiu do pé dela. E para a minha raiva ela não fez nem questão de se afastar. Conversavam se tocando muitas vezes e riam como quem tinha a intimidade de uma vida. Na hora de deitar Duda se quer despediu-se de mim, porém dele ela despediu-se até com direito a beijinho no rosto. Aquilo deixou-me puto, apenas terminei de beber o que restava na garrafa e fui deitar também, alias, queria mesmo era lhe pedir satisfações.

Luan: - Tava bom o papo? - fui irônico e vi ela virar-se parecendo irritada

Duda: - Não melhor que o seu - sorriu sínica me tirando do sério. Odiava quando ela agia assim, ainda mais sabendo que nesse momento ela com certeza sabe que errou e quer virar o jogo

Luan: - Pelo menos eu estava com meus amigos, e não dando trela pra amiguinha sua como vocês fez comigo! - falei irritado, Duda sentou-se na cama e me olhou com raiva

Duda: - Você ta insinuando o que Luan? Olha, se eu fiquei conversando com o Marquinhos, foi por que você me deixou de lado pra ficar contando vantagem pros seus amigos!

Luan: - Contar vantagem em que? Em como minha namorada fica dando trela pro meu amigo na minha frente?

Duda: - Primeiro você abaixa esse tom de voz e me respeita! Se você é do tipo que come ou tem segundas intenções com todas suas amiguinhas não quer dizer que eu ou o Marquinhos vai ser assim também! A gente estava apenas conversando, você viu, ta com problema de visão agora?

Luan: - Ah, você vai defender ele? Beleza, vai lá então dormir com ele, chama ele de namorado também, aproveita e se casem e tenham muitos filhos juntos. Vou adorar ser padrinho! - falei em meu grau máximo de irritação, e parece que minha ironia fez ela atingir também sua irritação máxima

Duda: - Quer saber Luan? - levantou-se ficando cara a cara comigo com a expressão dura - Eu deveria mesmo fazer isso, por você me respeita, e por tudo que ouvi hoje, tenho certeza que ele sim me respeitaria ao menos perante nossos amigos em comum!

Luan: - Do que você ta falando? Para de tentar reverter a história, seja mulher e assuma seu erro! - passei a mão no cabelo irritado e me virei de costas á ela, estava bem nervoso.

Duda: - Do que eu tô falando? - ouvi sua risada irônica e fiquei mais irritado ainda, bufei audivelmente, ela não tem idéia do quanto a ironia dela me tira do sério - Jura que não sabe? Pergunta os rapazes da rodinha que você estava, como é mesmo o nome das mulheres maravilhosas que você já comeu? Ah sim, Flávia 1, Flávia 2, duas maravilhosas. Denise... Ah, já ia me esquecendo, tem a Cacau também que é fogo né? Se isso é o que você comenta com seus amigos comigo no mesmo lugar que você, não quero nem imaginar o que diz, pensa ou faz longe!

Respirei fundo irritado, como Duda ia saber dessa droga de assunto? Ah, claro, só podia ser! Virei-me pra ela que tinha os braços cruzados e me olhava como quem pedia satisfações.

Luan: - Ah, já tá assim? Marquinhos já tá até fofocando pra você? Que linda a relação de vocês, nada de segredo um com o outro!

Duda: - Que porra de Marquinhos Luan! Foi eu quem ouvi! Inclusive ouvi a parte de que você pensa em outras quando a gente tá afastado. Sabe, tô pouco me fodendo pra o que passa nessa sua cabeça, só acho que não tinha necessidade de você me expor ao ridículo desse jeito pros seus amigos!

Luan: - Para de exagero porra! Você ta louca, o Marquinhos te contou toda a história distorcida - menti - Ele sabia que eu iria ficar puto com essa porra de vocês grudados e inventou isso pra você não sair por baixo. É melhor você assumir seu erro e parar de tentar jogar a culpa toda na briga em mim!

Duda: - Como você é cara de pau Luan! - negou com os olhos marejados - Você acha mesmo que o seu amigo iria me dizer algo pra causar discórdia entre a gente? Vê se cresce, assume o que você fala, seja homem ao menos pra isso! - disse começando a se alterar

Luan: - Abaixa o tom de voz! - falei firme, uma lágrima caiu do rosto de Duda, mas não me comovi - Ninguém precisa saber da nossa briga, não tem que ficar gritando, eu não tô surdo! E deu desse assunto por hoje Duda, chega. Se você quiser ficar de papinho com o Marquinhos, acreditando nas coisas que ele fala o problema é seu. Eu tô de consciência limpa! - menti e vi ela ficar calada, apenas me olhando com o semblante decepcionado, passei por ela impassível e deitei na cama de costas pro lado que ela dormia

Duda: - Na próxima vida me lembra de casar com um homem que assume o que diz, e não com um moleque que faz merda e tenta jogar a culpa no amigo! Estúpido!

Duda apagou a luz e fechei os olhos irritado com seu comentário

Luan: - Você defender ele só coloca vocês com mais culpa ainda no cartório!

Duda: - Culpa de que? Ta bom Luan, eu assumo, enquanto você estava falando das suas aventuras sexuais eu fiquei com o Marquinhos. Não viu não nosso olhar de apaixonados? Ele é maravilhoso, que pena você ter descoberto nosso caso!

A ironia tão presente até em seu tom de voz me irritou mais ainda - se é que é possível - e quando dei por mim já tinha soltado um murro na cama.

Luan: - Para de graça e me respeita! Dorme que é a melhor coisa que você faz!

Duda: - Você tá me ameaçando?

Luan: - Ai caralho, ainda distorce o que eu disse! Me erra Duda, dorme e me deixa em paz!

*Duda Narrando

Depois do murro da cama e do que Luan disse minha vontade era de sumir dali. Coloquei o travesseiro no rosto e abafei meu choro de raiva. Não acreditava que ele fosse tão cara de pau á esse ponto. O choro veio forte, mas o travesseiro abafava qualquer indício do meu choro, até eu começar a soluçar.

Luan: - Para de chorar! Não tem motivo pra isso! - falou um tanto quanto ríspido - Seu eu falei ou não aquilo tudo não importa, pelo menos não omiti nada de você e nem de ninguém! Todo mundo tá cansado de saber que eu pegava todo mundo, você não tem que ficar irritada e se doendo pelo meu passado. Vê o que eu tô fazendo pela gente no presente e para de bobeira. Ta me tirando do sério essa sua oscilação de humor já!

Não respondi, apenas tirei o travesseiro do rosto e mesmo no escuro levantei, abri a porta e ele não me impediu que eu saísse, e assim fiz indo pra onde não tinha mais ninguém. A bagunça pós bebedeira e um "meio churrasco" denunciavam que todos estavam cansados demais para recolher até um prato, e na tentativa de espairecer comecei a juntar as coisas.

Eu chorava no meu silêncio, baixinho, um pouco magoada, talvez mais decepcionada com as atitudes dele. Entendia seu ciúme, ou tentava entender, mas ele insinuar algo entre eu e um de seus melhores amigos já era falta de confiança e respeito em mim. Ter a cara de pau de dizer que Marquinhos inventará toda a besteira que ele disse e ainda querer dar uma de certo me decepcionou. Suas palavras me magoaram e sua atitude um pouco grotesca me assustou.

Depois de juntas as coisas de jogar fora e ajeitar um pouco outras, sentei-me na enorme cadeira. Minha cólica voltou e encolhi-me, peguei uma toalha que estava por ali e cobri minhas pernas, e assim, quietinha fiquei tentando entender tudo que meu coração e mente tentavam me dizer, mas só decifrei que nenhum deles estavam satisfeitos com Luan.

Perdi a conta de quantas horas fiquei ali, vi o por do sol nascer acompanhada apenas da minha cólica, quando ela já ficava quase insuportável decidi voltar pra quarto. Assim que entrei Luan dormia tranquilamente, desejei estar tão tranquila quanto ele. Sentei-me na beirada da cama incomodada com a dor, encolhi-me e quando aliviou por alguns segundos procurei por entre minhas coisas meu remédio. Com um pouco de dificuldade o achei, o bebi sem água mesmo, a pequena janela deixava o quarto extremamente claro, e quando me aproximei para fechá-la vi que o tempo estava um pouco tampado. Fechei a cortina e deitei-me no espaço que me restava na cama. Encolhi-me e quando achei uma posição confortável para minha dor peguei no sono.

Acordei com Marizete me chamando.

Marizete: - Ta se sentindo bem querida? Você não é de dormir até essas horas. Vim te trazer o almoço - disse tocando minha testa, provavelmente achando que eu estava com febre

Duda: - Tô bem Mari, só foi uma noite longa! - sorri de canto

Marizete: - Você e o Luan brigaram? Ele não tá com uma cara muito boa!

Duda: - Brigamos - sorri sem graça - A senhora não vai pegar a canoa com eles hoje? - mudei de assunto indo escovar meus dentes

Marizete: - Ninguém vai. O tempo tá feio, acho que vai chover, tá dando uma ventania forte de vez enquanto.

Duda: - E aqui não é perigoso? - perguntei preocupada

Marizete: - Não querida - sorriu e eu sentei-me na cama, minha sogra gentilmente colocou a bandeija com a comida que trouxerá no meu colo - Arthur que está gostando de tudo isso

Duda: - Cadê ele?

Marizete: - Ta com o pai. Só o Arthur pra arrancar um sorriso daquele lá hoje!

Sorri de canto se me importar muito, almocei conversando com a minha sogra e logo sai do quarto. Estavam todos reunidos, os cumprimentei coletivamente e Arthur que estava sentado ao lado de Luan me chamou com a mão, Contra minha vontade eu fui, e foi só me aproximar pra Luan se levantar e sair de perto. Fingi não ver e comecei a conversar com meu filho, até Marquinhos me olhar e vir até próximo a mim.

Marquinhos: - Você e o Luan brigaram? Ele ta todo estranho, até comigo.

Duda: - Ele deu crise de ciúmes ontem, nada demais - sorri de canto não querendo causar discórdia na amizade deles

Marquinhos: - De mim? - arregalou os olhos

Duda: - Ele é meio possesso em ciúmes - sorri de canto e ele olhou no rum que Luan estava, também olhei e Luan nos observava, mas logo desviou com uma cara não muito boa

Marquinhos: - Mas não precisa disso não, oxi. Vou falar com ele uai.

Duda: - Não vai adiantar, deixa como está, uma hora ele vê que está errado

O resto do dia se passou assim. Eu evitando Luan e Luan me evitando. Era eu chegar perto e ele saia, e o mesmo acontecia quando ele se aproximava. Apesar de não ter culpa no cartório como Luan mesmo insinuou, para não deixá-lo mais irritado eu e Marquinhos mal conversamos no dia. O clima entre eu e Luan estava pesado e acho que todo mundo notou isso, principalmente seu Amarildo que pareceu ter "pegado tudo no ar", até mesmo o motivo de nossa briga.

Bruna: - Eduarda - chamou-me quando eu ajudava Joana a cortar alguns tomates e cebolas - Meu pai ta chamando você e o Luan. Ele quer conversar a sós com vocês.

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Vishiii.... briga feia com nosso casal. Cada um com mais "raiva' do outro... Será que essa conversa com Amarildo ira melhorar ou por ambos serem cabeça dura só piorará as coisas? Como vai terminar essa viajem ao Pantanal? Tomara que em coisa boa, por que depois..... Segredo hahahaha Beijoooos