143 - Distantes

Virei as costas, e sem pensar me mais nada, segurando o choro segui até o quarto de Luan. Assim que o abri fui pegando tudo que era meu que via pela frente e jogando na pequena mala que eu havia trago.

Luan: - Duda... - ouvi-o me chamar e percebi a surpresa em sua voz.

O quarto estava todo cheio de pétalas, com velas aromáticas esperando apenas para serem acendidas, e na cama, um grande "Eu Te Amo" também formado com pétalas estava escrito. Preparei tudo aquilo atoa, e agora, a única coisa que penso em fazer é sair daqui o mais rápido possível.

Luan: - Não faz isso, não vai embora, vamos conversar - pediu atrás de mim segurando meu braço

Duda: - Eu não tenho nada pra falar com você! - me virei pra ele - Agora ta vendo ai o motivo do meu atraso? - apontei para o quarto - Não precisava de toda aquela grosseria comigo enquanto eu estava preparando algo pra você Luan. Pela segunda vez!

Luan: -Eu não ia adivinhar porra! Desculpa! - falou exasperado, olhei seu rosto e vi que havia a marca da minha mão ali. Seu olhar ainda era de raiva, mas ele tentava se conter

Duda: - Me deixa passar Luan. - pedi em voz baixa já que ele segurava meu pulso

Luan: - Não! Você não vai embora daqui! - afirmou sério

Duda: - Eu vou. Eu não tenho mais nada pra fazer aqui!

Luan: - Claro que tem! Você foi mulher pra bater na minha cara, agora vai ser mulher pra sentar e resolver nossas problemas!

Olhei um pouco assustada para Luan, apesar de sempre brigarmos, ele nunca havia falado tão firme como agora.

Duda: - Você tá me machucando, me solta! - pedi tentando desvencilhar meu pulso de sua mão

Luan: - É isso mesmo que você quer? Sair por aquela porta como se nada tivesse acontecido? - percebi Luan começar a ficar vermelho, e logo sabia que ele segurava algumas lágrimas que estavam por vir, coisa rara que se acontecia, já que em todos os anos que o conheço, era de se contar nos dedos quando o já vi chorar

Duda: - No momento, é o que eu mais quero! - afirmei com a voz embargada

Luan mais nada disse, soltou minha mão e como um foguete passei por ele, ainda na porta olhei para trás, vi que ele não se moveu apenas um centímetro, apenas levou as mãos ao rosto. Antes que eu fraquejasse, sem nem pegar minha mala em mãos saí batendo a porta com força.

Já no corredor permiti que o choro viesse á tona. Não tentei me esconder. Entrei no elevador, e sem sentido apertei o botão que me levaria ao terraço. Tudo que eu precisaria agora era de alguns minutos para colocar meus pensamentos em ordem.

Me surpreendi ao ver que ao contrário do que eu imaginava, o terraço estava repleto de gente. Parecia acontecer algum happy hour ali, pessoas animadas dançavam e bebiam ao som da música que se quer estava tão alta. Algumas pessoas esbarraram em mim, e um pouco desnorteada fui até a grade onde dava para ver toda a cidade iluminada. Me senti completamente perdida ali, o choro preso na garganta e o coração em pedaços.



Completamente perdida naquele lugar, sai dali, tentando esconder ao máximo o meu choro. Minha mala havia ficado no quarto de Luan, e tudo o que eu menos queria naquele momento era vê-lo. Com o celular em mãos me lembrei que na capinha dele ainda havia algum dinheiro, na recepção do hotel pedi que chamassem um táxi, assim eles fizeram me olhando como se eu fosse algo d'outro mundo, com certeza minha maquiagem já estava toda borrada.

Me sentei e por ali fiquei enquanto aguardava o táxi. Refleti sobre nossa briga e talvez eu até tenha exagerado sobre o vídeo. Abaixei a cabeça e tentando disfarçar já que o olhar da recepcionista estava todo vidrado em mim, comecei a mexer em meu celular e instantaneamente começaram a cair várias mensagens de Luan. Suspirei e ignorei todas, quando enfim meu táxi chegou ouvi alguém me chamar, era Rober, e parecia um pouco ofegante.

Rober: - Duda, espera! - sem saber o que fazer esperei ele chegar até mim, o encarava sem entender - O Luan tá te procurando pelos andares, ele teve aqui e nada de você - ofegou

Duda: - Eu...eu tava... não importa! - passei a mão no rosto - Eu já vou.

Rober: - E suas coisas?

Duda: - Tão com ele. Depois ele vê o que faz. Meu táxi tá esperando Rober - falei um pouco desnorteada

Rober: - O Luan vai me matar por estar te ajudando á fazer isso, mas toma, não sei como você acha que vai viajar..

Rober tirou de dentro do bolso sua carteira, e me estendeu duas notas de cem e uma de cinquenta, ficando completamente sem nada.

Duda: - Obrigado Rober. Eu juro que deposito pra você dep..

Rober: - Não esquenta, só cuidado. - falou de forma preocupada

Beijei o rosto dele de forma rápida e corri até o táxi que já estava impaciente.

*Luan Narrando

[...]

Luan: - Eu não acredito que você ajudou ela cara! - passei a mão no rosto sentado sobre a cama ainda coberta de rosas

Rober: - É o melhor a se fazer cara. Vocês dois tem que esfriar a cabeça

Luan: - Ela bateu na minha cara! - falei ainda indignado

Rober: - Ela vacilou 

Luan: - Eu não posso afirmar nada Rober, mas desde que ela se aproximou desse Renan ela mudou. Isso ta me deixando louco já!

Rober: - Cara, vocês dois tem que sentar e conversar

Luan: - Como? Sempre quando eu falo o nome dele ela foge ou fecha a cara, parece até que quer me esconder algo - suspirei

[...]

A noite nunca foi tão longa como essa. Não sabia se me sentia arrependido ao ver todo o quarto do jeitinho que ela tinha preparado, ou se me sentia um otário por ter levado um tapa na cara. Milhões de pensamentos, suspeitas, paranoias e verdades passavam em minha mente me impedindo de dormir. Eu amava Duda, mas ela esta conseguindo me fazer afastar dela aos poucos.

24 de Dezembro

Desde a minha briga com Duda, á quatro dias atrás não nos falamos. Meus planos eram no dia seguinte ter vindo embora com ela, já que desde então estou de folga. mas preferi se quer aparecer na minha casa. Não fiz questão. Me ocupei por todos esses dias no Stúdio Vip onde ando até dormindo. Duda não me procurou, eu muito menos, e hoje, véspera de Natal iriamos todos para a minha chácara em Londrina. Convenci o pai de Duda e sua namorada a vir passar o Natal conosco, apesar de estarmos brigados, sabia que isso era importante pra ela. Cheguei em casa e fui recebido cheio de abraços, de forma automática meus olhos procuraram os dela, não os encontrando.

Luan: - Cadê sua mãe? - perguntei a Arthur enquanto beijava sua bochecha

Arthur: - Tá lá em casa. Eu vou com você! - falou empolgado e eu franzi o cenho sem entender, antes que eu pudesse perguntar algo meu pai se aproximou falando que minha família de Campo Grande e o pai de Duda já estavam na chácara a nossa espera

Marizete: - Por que você não veio pra casa meu bem? - perguntou carinhosa quando fui á cozinha beber água

Luan: - Tô produzindo mãe - sorri sem graça

Marizete: - Eu sei que não é só isso. Você tava louco por esses dias perto do Natal em casa, e se quer passou aqui pra dormir.

Luan: - Tava corrido véia, só isso! - a abracei

Marizete: - Tá tudo bem entre você e a Duda? - olhou-me atenta

Luan: - Ta, por quê?

Marizete: - Ela anda estranha. E nem com a gente vai.

Luan: - Como assim, nem com a gente vai? - perguntei espantado. Que porra é essa? Ela acha que vai passar o natal longe de mim?

Marizete: - Viu? Ta havendo algo sim! Nem você tava sabendo!

Luan: - É só briga boba de casal mãe - cocei a nuca - Mas que história é essa ai, dela não ir?

Marizete: - Ela vai de voo convencional. Não quer ir no jatinho com a gente - deu de ombros e eu suspirei - Acho que você deveria ligar pra ela.

Luan: - O que? Eu? Ela faz o que quiser mãe! - falei um pouco chateado saindo da cozinha

Pouco tempo depois estávamos todos no aero, seguindo para o meu jatinho. Apesar de chateado eu não dei o braço a torcer. Não liguei e nem fui atrás. Se Duda queria fazer birra, ela que fizesse sozinha, afinal o trouxa que apanhou  na cara foi eu e não ela.

Ainda era por volta das três da tarde quando enfim cheguei na minha chácara. Minha família toda, ou quase toda nos aguardava. Conti a minha curiosidade em perguntar a alguém sobre que horas Duda viria e fingi nem me importar por ela ainda não estar ali. Puro fingimento. Por dentro eu apenas pensava nela e no que ou com quem ela estava nesse momento.

Era quase quatro da tarde quando meu celular enfim pegou internet, iria vencer meu orgulho e tentar mandar uma mensagem no whats de Duda, mas enquanto a coragem não vinha, atualizei meu instagram, e a primeira imagem que veio postada naquele mesmo segundo me fez perder todo o resto de paciência com aquela situação que me restava.








Respirei fundo e desisti de saber dela, deixei o celular de lado e fui beber com a minha família.

17:15pm



Estava pronto para ajudar Arthur no banho quando ouvi um alvoroço na parte de fora, estranhei e acompanhado do meu filho fui até la fora vendo Duda cumprimentar minha família cheia de abraços e sorrisos. Filha da mãe, pra que ter um sorriso tão lindo assim?

Luan: - Vamos tomar banho Arthur? Mais tarde tem a ceia.

Arthur: - Deixa eu ir falar com a minha mãe. - disse sem nem me dar moral correndo até ela

Continuei imóvel onde eu estava, minha família sempre gostou muito dela, e a demonstração de afeto exagerada já estava me entediando. Eu que sou o namorado dela se quer me aproximei e eles já estão todos lá, puxando o saco da maldita.

Amarildo: - Luan, vem aqui ajudar a Dudinha com as malas.

Quase revirei os olhos com aquele apelido de cem anos atrás. Qual é, ela já cresceu, já até me agrediu e ainda chama ela de Dudinha?! Forçando um sorriso fui até ela, já que sua mala estava ao seu lado.

Luan: - Oi! - sorri o mais forçado possível encurvando a cabeça, Duda franziu o cenho sem entender

Duda: - Oi.

Arthur: - Mãe, vem me ajudar, meu pai disse que eu tô da cor da terra!

Duda riu, e Arthur saiu a puxando pela mão rumo ao quarto em que nós três ficariamos. Peguei a mala dela e sem dizer nada fui atras. Com certeza todos ali perceberam que as coisas não iam bem entre nós.

Cheguei no quarto e a porta do banheiro estava aberta, vi Duda ajudar Arthur a tirar a blusa, ela ligou o chuveiro para ele e saiu do banheiro se assustando ao ver que eu já estava ali.

Luan: - Por que não veio com a gente? - fui direto ao me sentar na cama e á observar mexer na mala do Arthur

Duda: - Nada. - murmurou sem me olhar

Assenti suspirando. Sequer um motivo decente que não deixasse óbvio que ela preferiu ir para o aeroporto com Renan, ela se esforçou em ter.

Deitei-me na cama e fiquei esperando ela terminar de ajudar Arthur no banho, o que não demorou muito, ela o ajudou a se vestir e nesse meio tempo não trocamos se quer uma palavra, o que se prosseguiu até a hora de nos arrumarmos para a ceia, mas o que mais me irritava não era só isso e sim o fato de ela não largar o celular por nenhum minuto, me deixando irritado o suficiente para todo mundo perceber que havia algo pesado entre nós.

Perto da hora da ceia me arrumei de forma rápida e simples, ao contrário de metade da minha família que mais pareciam que iriam a uma premiação, o que me fez zoar muitos deles. Duda estava se arrumando lá em cima, e eu estava jogado no celular observando Arthur brincar.

Bruna: - O que ta acontecendo entre você e a Duda? - perguntou se jogando ao meu lado

Luan: - Nada demais.

Bruna: - Vocês estão quase soltando faíscas pelos olhos quando se olham.

Luan: - Coisa de casal Bruna! - suspirei - Vamos mudar de assunto? Não aguento mais isso!

*Duda Narrando

Me arrumei pensativa no quarto. Estava sem saber como agir ou como lidar com o rumo em que meu namoro com Luan estava indo. Á cada vez estávamos mais distantes e juro não querer isso, mas uma parte de mim pede que eu me afaste cada vez mais para não me magoar.

Olhei-me no espelho e soltei um longo suspiro. O vestido vermelho que Renan havia me dado cairá como uma luva em meu corpo. Eu estava arrependida de tudo que ando fazendo, principalmente relacionado ao meu assessor, mas há coisas que não têm explicações, e quando vemos, já aconteceu.

Pedro: - Posso entrar? - perguntou já com o rosto dentro do quarto, e eu apenas assenti - Como você tá linda! Uma princesa! - sorri em resposta para meu pai e abaixei a cabeça - O que você tem?

Tive uma longa conversa com meu pai, o que acabou me arrancando várias lágrimas e inúmeros conselhos. Enquanto meu pai enxugava meu rosto Luan entrou de uma vez no quarto, e ficou um pouco surpreso ao nos ver e principalmente por ter me pego chorando.

Pedro: - Eu já tô descendo. - falou tentando nos deixar a sós

Duda: - Eu vou descer com o senhor. 

Me levantei para acompanhar meu pai e foi inevitável não ver Luan me olhar de cima a baixo boquiaberto, realmente aquele vestido vermelho estava lindo em mim!

Passei por Luan juntamente com meu pai e abaixei a cabeça, não queria que ele tivesse certeza de que eu estava chorando segundos atrás.

Quando já estava lá embaixo Bruna veio puxar assunto comigo e tentou me arrancar o que estava acontecendo entre eu e Luan. Desconversei e enquanto ela falava sem parar na minha cabeça aproveitei para postar a foto de minutos atrás que meu pai havia tirado.

"Pra noite especial de hoje"

Publiquei a foto e logo voltei a prestar atenção em Bruna que me contava algumas dificuldades que ela estava encontrando na faculdade.

Na hora da ceia, apesar de sentarmos lado a lado, não conversamos, apenas trocamos alguns olhares sem graça, e mais tarde, quando marcou meia noite em ponto, apenas nos abraçamos, um pouco sem jeito, confesso, mas ainda sim foi um abraço. Luan ainda arriscou a me desejar um feliz natal e dizer um "você está linda" em meu ouvido, e eu apenas agradeci o soltando já que ainda tinha o restante da família para felicitar.

Arthur: - Mãe, minha barriga ta doendo - reclamou manhoso ao se aproximar

Duda: - Também, o tanto que você comeu! - ri - Não quer ir ao banheiro?

Arthur: - Não. - fez bico

Duda: - Então vamos sentar e ficar quietinho com a mamãe.

Deixando todos na parte de fora da casa onde a mesa da ceia estava montada, segui com Arthur até a sala onde nos sentamos com a cabeça dele em meu peito enquanto eu lhe fazia um cafuné.

Duda: - Quer ir deitar?

Arthur: - Agora não. Só fica aqui quietinha comigo.

Arthur não aguentou mais muito tempo, e logo, antes de qualquer pessoa da casa, em silêncio subimos e fomos dormir, sem avisar há ninguém, que assim como Luan começavam a curtir a noite de natal só aquela hora.

Dormi feito pedra, nem vi Luan deitar, apenas acordei com meu celular vibrando, e antes que o despertador fizesse a música ecoar o cancelei levantando-me. Arthur estava dormindo entre eu e Luan, e ele tinha seu rosto virando para gente. Suspirei, Tão perto e ao mesmo tempo tão distante. Antes de ir no banheiro fiz um carinho singelo no rosto dos dois homens da minha vida, e em menos de três horas depois, sem qualquer aviso prévio á Luan eu já estava novamente em São Paulo, trabalhando como modo de tentar ocupar minha cabeça. Talvez eu estivesse realmente fugindo do problema que aparentemente crescia entre nós desde a briga que lhe dei um tapa, ou talvez eu estivesse apenas preservando meu coração de algo ruim que eu sentia que estava por vir. 



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E adivinhem o que está começando? SIIIIM, MARATONAAA!  \O/ 
Mas dessa vez será diferente. Tenho apenas poucos capítulos prontos, então, a medida que eu for escrevendo, irei liberando okay? Não será tão rápidinha a postagem dessa maratona como das outras vezes, com certeza postarei o último apenas amanhã (vulgo hoje, por já passar da meia noite), mas prometo valer a pena. Estou até saindo fumaça nos dedos para fazer a maratona rápida, e até o fim do dia de amanhã, quando a maratona acabar, uma reviravolta louca vai ter tomado conta da fic ;) 
Vamos comigo?!


Comentários

  1. Aí meu Deus. Quero meu casal de volta 😭. Como assim a Duda vai trabalhar justamente no natal? Luan vai matar ela. Pula pro próximo capítulo que eu tô sem unhas já!

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  2. Aiai dona Bia meu coração é fraco, vai devagar

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  3. Aaaai meu coração nega faz isso ñ! Meu casal em crise novamente acaba comigo !! Cont

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