144 - Bomba

No dia 26 de dezembro, por fim tive coragem de ligar pra Duda. Eu estava puto. Muito puto desde que ela deixou eu e Arthur em Londrina, em uma data tão família para ir trabalhar ao lado desse Renan sem ao menos me avisar. Esperei que ela me ligasse com alguma desculpa esfarrapada por esses dias, mas nada aconteceu, e já de saco cheio decidi por mim mesmo tomar essa atitude.

Duda: - Eu precisava trabalhar Luan! - falou exaltada do outro lado da linha

Luan: - E não podia me avisar? Ou remarcar essa porra?! Caralho Duda, são datas festivas de família, a primeira vez do Arthur com a gente nesse momento e você  faz uma palhaçada dessas?!

Duda: - Sabe o que é lindo? Na hora de você sumir por toda sua folga e só aparecer no dia de viajarmos sem dar uma satisfação, você vem sempre com "faz parte do meu trabalho". Eu se quer me dei a ombridade de perguntar ou de ir atrás porque já sabia que essa era a sua resposta, como sempre! Mas quando os papéis se invertem você fica com toda essa grosseria sua. Para e pensa nas suas atitudes antes de me cobrar algo Luan!

Luan: - Se eu sumi, foi por que Você me deu motivos pra isso! Ou você acha que o tapa que você me deu na cara elevou meu ego masculino? Eu sou homem caralho, e nunca recebi um tapa se quer dos meus pais, e vem você com toda essa marra e mete a mão na minha cara. Queria que eu viesse correndo pra São Paulo depois disso fazer as pazes?

Duda: - Não Luan! Eu só queria que você fosse homem suficiente para encarar as coisas de frente!

Luan: - Sério que eu que tenho que fazer isso? Quem ta fugindo esse tempo todo é você Maria Eduarda!

Duda: - Só eu? Tem certeza? - suspirei fundo, tentando manter  a calma, e por alguns instantes parei de andar pra um lado e para o outro no meu quarto.

Luan: - Olha Duda, a gente tem que conversar sério! Colocar os pingos nos i's! Eu não tô mais aguentando isso. - passei a mão no rosto agoniado. Eu á conhecia bem, e podia ouvir sua respiração tão angustiante quanto a minha

Duda: - Eu sei... - disse em tom baixo - Eu... volto no Reveillon.

Luan: - Onde você tá? - tentei manter  a calma. Eu se quer sabia que ela não estava em São Paulo. Caralho Duda, eu sou seu namorado porra, me avise dos seus compromissos.

Duda: - Um editorial de moda praia - fechei os olhos já pronto para xingá-la - Mas calma! Não só de biquínis. São vestidos, saias longas, essas coisas - falou baixo e senti parte da tensão que me dominava se esvair de mim - Eu volto no dia 31. Bem cedo.

Luan: - Você ta sozinha? - Eu sabia, e com certeza ela sabia que na verdade eu queria perguntar se Renan estava com ela, mas meu faltou coragem em piorar mais ainda as coisas

Duda: - Estou. O Renan... tá com a família dele. - murmurou sabendo que era disso que eu precisava saber. Mas no fundo sua resposta me irritou mais ainda. Então quer dizer que a intimidade deles era tamanha que ela até sabia onde ele estava? Obrigado por piorar meu humor Maria Eduarda.

Luan: - Até o reveillon então? Temos muito o que conversar! - falei firme, queria deixar claro que não queria mais aqueles raios e trovoadas entre nós

Duda: - Até - suspirou alto, tão alto que fui até capaz de ouvir. Nenhum de nós desligamos, e meu coração foi na boca quando ela voltou a falar - Eu te... - esperei ansiosamente pelo "eu te amo" que ha tempos não ouvia dela

Luan: - Você me...? - tentei a incentivar á continuar, mas sem deixar claro minhas expectativas

Duda: - Eu te ligo! - completou rápido - Pra...Pra saber do Arthur. - falou apressada e naquele momento senti em meu peito algo diferente. E não. Não era nada bom.

Luan: - Tudo bem. Se cuida - murmurei nada feliz

Duda: - Você também!

*Duda Narrando

Quando encerramos a ligação, suspirei como se pesasse cem quilos a mais. A pressão, culpa e medo pesaram em meus ombros, e tudo o que eu precisava naquele momento era de um banho frio.

Duda: -  Eu preciso que você passe o reveillon comigo! - pedi em suplica

Renan: - Mas... você não vai passar com o Luan?

Duda: - Vamos! Eu preciso de você Renan, por favor. Eu tô com um pressentimento tão ruim. Sinto que vou precisar de um amigo.

Renan: - Você sabe que eu não te nego nada. Onde?

Expliquei á Renan onde eu, Luan, sua irmã e seus amigos passaríamos o reveillon e contei com a sua presença. Queria mostrar á Luan, que acima de qualquer imaginação maluca dele, o que eu e Renan tínhamos era quase que uma relação de irmão. Talvez a presença dele ali só pioraria a nossa situação, ou talvez, eu conseguisse lhe mostrar claramente que um dos pingos que ele procurava no seu "i", era apenas invenção da sua cabeça.

Perto da noite, depois de um dia exaustivo de fotos, e um bom banho de banheira, me sentei na cama confortável do hotel e fui divagar por alguns textos melancólicos que combinava com o meu humor naquele inicio de noite. Entre tantas linhas lidas, algumas me chamaram a atenção. Suspirei. Meu namorado até podia ser o Luan Santana hoje, mas se bem me lembro do Luan Rafael de oito anos atrás, ele também tinha suas inseguranças. Quando fui ver já estava eu em minha galeria procurando entre tantas fotos nossas, alguma mais recente, e que não fosse tão linda a ponto de eu querer guardá-la só para mim. A encontrei, e usando um dos textos que havia lido postei com aquelas linhas tão lindas como legenda.

"Se você me prometer que nunca vai largar a minha mão, que aconteça o que for, independente de qualquer coisa, você nunca irá abrir mão de  mim, eu irei até o fim, pois nunca vou deixar partir quem me faz sorrir, quem me faz feliz, quem me fez ver o mundo de outra maneira, quem trouxe luz ao meu mundo, quem me mostrou que posso ser feliz de novo, quem me salvou. Te juro que nada vai me convencer que não fomos feitos um pro outro - apesar das nossas inúmeras diferenças -. Então vem? Vem me fazer feliz amor?!" 

*Luan Narrando

30 de Dezembro - Quarta

Há apenas um dia do fim do ano, por fim consegui me dar por vencido que talvez as coisas entre eu e Duda poderiam se estabilizar no dia de amanhã. Foi uma semana de altos e baixos, brigas e suspeitas, fraquezas e arrepios. Mesmo longe, sabia bem que compartilhamos desse mesmo sentimentos "juntos".

Arthur: - Ô pai, a mãe chega amanhã? - perguntou manhoso, se aninhando em mim sem se quer ir brincar com os novos legos que havia me pedido 

Luan: - Chega campeão! Está com saudades?

Arthur: - Estou! Você não esta?  - seus olhos da cor dos meus, seu semblante tão parecido com o meu me remeteu á minha infância, e com um sorriso angustiante admiti:

Luan: - Morrendo! Mas o que acha de uma volta ao condomínio de carro comigo?

Arthur: - Na ferrari? Você vai correr como me prometeu daquela vez? - seus olhos brilharam e eu ri

Luan: - Bom, talvez! Se você terminar de comer toda aquela batata doce e peito do frango do prato e dizer para a sua avó e para o Heman que fui eu quem comi, até posso pisar mais um pouco no acelerador - pisquei para ele negociando inteligentemente com meu filho, que sem pensar duas vezes, guloso como era devorou o prato que eu estava enrolando a minutos para comer.

[...]

Quando voltamos para a casa, depois de termos passado em uma das lanchonetes mais gordurosas de São Paulo, prometendo segredo um ao outro, já era por volta das duas da tarde. Apenas Bruna estava em casa, sentado ao sofá enquanto lia algo no celular.

Bruna: - Nossa, esse pessoal parece que tem a idade da pedra. - bufou negando

Luan: - Que foi bubuzinha? - sentei-me ao lado dela enquanto Arthur corria pro lado de Puff

Bruna: - A Duda postou uma foto com o médico, sobre preventivo e essas coisas de mulher. Tão comentando como se isso fosse a coisa mais absurda do mundo. Qual é, ela é mulher, tem um filho, não é mais nenhuma menininha! - bufou

Luan: - Deixa eu ver isso aqui - tomei o celular da mão dela, saí dos comentários e voltei á foto de Duda postada á três minutos atrás.

"Meninas, hoje estou aqui, na clínica do doutor Rogério para me cuidar e aproveitar para falar com vocês sobre um assunto muito importante: o exame preventivo do câncer de colo de útero, popularmente conhecido como papanicolau. Esse exame - de extrema importância para nós, mulheres - é realizado a fim de detectar alterações nas células do colo do útero, além de ser fundamental para detectar lesões precocemente e fazer o diagnóstico da doença bem no início, antes que começemos a ter algum tipo de sintoma. Se quiserem mais algum detalhe a respeito do procedimento, é só colocar as palavras chaves do início da legenda que vem tudo explicadinho pra vocês. Eu ainda não fiz, e confesso que dá um receiozinho, mas o Dr. Rogério já me explicou tudo e me garantiu que antes de qualquer coisa devemos levar em conta a importância desse exame não é mesmo?! Eu estou pronta para fazê-lo nesse momento, e vocês? Me contem mais sobre as experiências de vocês com esses assuntinhos tão complicado que nós, mulheres, temos que lidar."

Terminei de ler sua legenda um pouco surpreso, ela nunca havia abordado assuntos do tipo, e com certeza ela, com o grande número de seguidores que tem, conseguiria um bom objetivo com essa talvez campanha. Gostei da atitude dela, e gostei mais ainda de como ela estava linda e natural na foto, apenas não gostei quando por fim minha mente foi raciocinar do que deveria ser esse exame.

Luan: - Como faz essa porra Bruna? - franzi o cenho pra ela lhe devolvendo o celular

Bruna: - O exame?

Luan: - É.

Bruna: - Ah - riu um pouco sem graça, mas logo me encarou nos olhos - Eu não fiz ainda, mas minha mãe já comentou e não é nada legal - fez careta

Luan: - Como é isso ai? - perguntei realmente curioso 

Bruna: - Ah Pi, não vou falar disso pra você. Procura ai na internet - me jogou o seu celular indo atrás de Arthur e Puff

Mais curioso do que antes, peguei o celular da minha irma e abri o navegador procurando sobre o que queria saber. Fiquei assustado quando comecei a ler:

" *Para a coleta do material, é introduzido um instrumento chamado espéculo na vagina (conhecido popularmente por "bico de pato", devido ao seu formato)

*O médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero

* A seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha"

Mal terminei de ler e já estava traumatizado. Que porra de exame é esse? Primeiro um cara vai analisar a vagina da minha namorada, e depois introduzir coisas? Que porra é essa?! Quem pode introduzir ou ver alguma coisa na porra da vagina da Duda sou eu! Isso é o fim do mundo. Estou puto. Puto e com uma puta inveja desse doutor por ele estar vendo e introduzindo algo em Duda, coisa que eu nem me lembro mais quando foi a última vez que lhe introduzi se quer um dedo. Ai meu Deus, é melhor eu desviar meus pensamentos, meu filho de apenas oito anos vem ai, e não é nada legal para uma criança dessa idade ver seu pai de pau duro sentado no sofá ao pensar em uma porra de exame preventivo. Meu Deus, acho que vou subir pelas paredes até amanhã! Como Duda aguenta com tanta facilidade? Talvez ela nã... Não Luan, esses pensamentos loucos de novo, não!

Pela noite tentei falar com Duda. Liguei em seu celular diversas vezes e só dava caixa postal. Sua última visualização no whatsapp era no mesmo horário que postou aquela foto, e eu já começava a me preocupar. Que diabos havia acontecido, ou que diabos aquele doutor havia introduzido nela?!

31 de Dezembro; 13:35pm

Minha casa estava uma loucura. Buffet, decoradora e tudo que Bruna teve na mente para fazer nosso reveillon e de nossos amigos aqui. Aproveitamos a viagem dos nossos pais, para dessa vez fazer uma virada de ano bem jovial, diferente de todas as festas e churrascos que já haviamos feito aqui. Mas diferente de Bruna eu não estava pirando. Aliás, estava pouco me fodendo para tudo aquilo, e minha única preocupação era com Arthur que já estava quase criando escamas de tanto estar na piscina. Eu havia pago um absurdo para tudo sair como o planejado, e pelo preço que paguei, não deveria me importar com nada mais além de sentar e ver todos trabalhando. É, as vezes é ótimo ser o Luan Santana. 

Bruna: - Você vai ficar sentado ai na borda da piscina, tomando água de coco e mexendo no celular enquanto eu surto com essa festa?

Luan: - Relaxa Bubuzinha! Eles foram pagos pra arrumar tudo, senta aqui - bati na ponta da minha espreguiçadeira

Bruna: - Não sei como consegue ser tão calmo - murmurou sentando-se comigo

Luan: - Você tem que relaxar.. É explosiva demais, credo!

Bruna: - Igual sua namorada! Por falar nela, sumiu do mapa! Tô tentando falar com ela pra perguntar o nome completo do Renan pra por na lista, mas só da desligado.

Luan: - Renan? - franzi o cenho

Bruna: - É. Ela pediu que eu o colocasse como convidado dela. - deu de ombros voltando até onde o pessoal trabalhava. Ainda bem que não era eu que estava ouvindo todas as exigências minimalistas da minha irma. Quando ela queria ser insuportável, acredite, ela conseguia!

Mas nesse momento, a insuportável idéia que me tirou do sério não foi a histeria da minha irmã, e sim o abuso de Duda em trazer esse cara pra dentro da minha casa, na Minha festa de fim de ano. Isso eu não toleraria, não com todas as maluquices, ou nem tão maluquices que vem passando em minha mente. Por mim, pela segurança dos dois e em respeito ao meu filho, hoje esse cara não pisaria aqui sem ser diretamente afrontado por mim. Se ele quer me fazer de trouxa, que faça, mas não serei trouxa, para não dizer outra coisa, manso. Meu ego, meus limites e o respeito por mim próprio são maiores que sua autoestima super elevada  dele por sair por ai exibindo a Minha mulher. Hoje teriamos uma conversa (ou não tão conversa) de homem para homem!

Tentando me acalmar e esquecer um pouco o ódio quase palpável e crescente que estava daquele infeliz, fiquei com um olho no meu celular e outro na água, mas precisamente em Arthur, fui até as fotos que Duda havia sido marcadas, e por fim consegui alguma noticia daquela louca: Uma foto á pouco no aeroporto. 

"Encontrei essa linda no aeroporto hoje! Apesar de cansada e meio abalada, foi um amor! @luansantana é um cara de sorte! @dudacampos linda, linda e linda!"

Meio abalada? Confuso li e reli aquela legenda. Sem encontrar soluções, ignorei tudo aquilo e voltei minha atenção toda a Arthur, ignorando totalmente o caôs do resto do mundo.

*Duda Narrando

Desde ontem, estava em choque. Não conseguia assimilar qualquer coisa na minha cabeça tão assustada com tudo ainda. Dr. Rogério conseguiu ir muito além do que desejei fazer em seu consultório, e a noticia completamente inesperada me deixou fora de órbita por quase o dia todo. Foi como na primeira vez, á anos atrás, a diferença era que agora minhas prioridades eram outras, meus sonhos e planos eram outros, e mais uma vez consegui deixar tudo outra vez "ir pelo ralo". Ou quase lá. A única coisa que eu queria naquele momento era minha mãe. Tacar-me em seus braços e chorando lhe contar o que está havendo, jurando estar terrivelmente arrependida como á oito anos atrás. Estava confusa, com medo, 'sozinha' e culpada. Mas no fundo, algo bem bonito sussurrava sutilmente mais alto, e eu sabia que aquilo já era amor! Mesmo com medos, inseguranças, receio... já era amor, acima de tudo, e isso só me deixava mais confusa ainda. Quanto a Luan, meu namorado, quanto á Renan, meu assessor... ou talvez, depois disso em tudo, não mais apenas assessor. E isso me amedrontava. Amedrontava de uma forma tão intensa que cheguei a ter pesadelos durante o voo, e só acordei em um sobressalto, com o barulho do avião pousando finalmente em São Paulo.

[...]

Duda: - Eu preciso falar com você. - choraminguei, ainda no shopping depois de uma ideia louca de fazer uma surpresa par a notícia que também seria surpresa para todos.

Renan: - Você ta chorando? Já chegou em São Paulo? Olha, tá cedo ainda, mas se quiser eu já vou pra casa onde vai ser a festa, você nunca chorou pra mim Duda, o que ta havendo?

Duda: - Eu acho que... vamos ter que parar com tudo! - solucei

Renan: - Tudo o que? - percebi o desespero em sua voz

[...]

Um pouco recomposta, com a maquiagem que me permitia esconder minha feição de quem havia chorado, cheguei a residência de Luan, mas que me recebeu foi Bruna, com um abraço forte por sinal.

Bruna: - Você chegou na hora certa! Vamos nos arrumar juntas? A AB só poderá vir depois da meia noite - fez um bico e eu sorri de canto

Duda: - Tudo bem, só tenho que pegar minha roupa em casa. Está lindo isso aqui - olhei a decoração - Cade Luan e Arthur? 

Bruna: - Saíram com o Marquinhos. Sabe-se lá o que iriam fazer. Você chegou que horas? O Luan tentava disfarçar, mas os dedos todos sangrando por ter comido a cuticula demonstram o quão ansioso ele estava. - riu

Duda: - Você não contou do Renan, contou? - ergui a sobrancelha e ela mordeu o labio me olhando

Bruna: - Por que? Não deveria?

Duda: - Seu irmão é ciumento, só isso. - sorri amarelo - Vou ao banheiro, espera rapidinho. 

Com uma desculpa esfarrapadas, entrei no banheiro absolta. Droga! Eu não vou suportar os dois no mesmo lugar! Não agora! - fechei os olhos ligando para Renan, que para o meu azar não me atendeu, apenas digitei uma mensagem rápida dizendo que achava melhor conversarmos a respeito do que eu queria lhe contar mais cedo outra hora, em outra ocasião, e sai do banheiro, indo de imediato para a minha casa na companhia de Bruna que me ajudou a escolher dentre tantos looks brancos que eu havia ganho, um especial para o reveillon.

Nos arrumamos juntas, como duas amigas, o que era novidade pra gente. Bruna percebeu minha tensão, e por vezes me perguntou o que era. Mesmo louca de vontade de desabafar com alguém, ainda tinha receio se ela seria a melhor pessoa para isso. E sendo sincera á respondi que depois que esclarecesse tudo com Luan, lhe contaria cada detalhe do motivo do meu bumor tão bipolar daquele dia.

Um pouco mais tarde, quando já estavamos quase prontas Luan ligou para a irmã. Disse que estavam em uma espécie de barbearia, que havia feito um novo corte de cabelo nele e em Arthur, e que esperava confiando em Marquinhos as roupas novas que ambos pediram. Se arrumariam por lá mesmo, e isso me surpreendeu.

Bruna: - Minha nossa, quero nem imaginar que cagada o Luan fez no cabelo em uma barbearia e sem a Vana!

Duda: - Meu filho vai vir de moicano! Nossa, eu vou matar o Luan! - falei já imaginando a cena

Estavamos ja impecavelmente prontas quando algumas pessoas começaram a chegar. Poucas, já que ainda faltavam alguns minutos pela hora marcada com a extensa lista de convidados de Bruna e Luan. Renan foi um dos primeiros a chegar, e quando o vi pensei logo em resolver a minha situação. Se uma coisa levava a outra, que eu fizesse a loucura de vez, me resolvendo antes de criar falsas expectativas a alguém.

Aproveitei que Luan ainda não havia chegado, e de maneira silenciosa e discreta arrastei Renan para o quarto de hospedes.

*Luan Narrando

Cheguei cheio de coisas na cabeça. Sem nem um clima para festa de ano. Minha longa conversa com Marquinhos me rendeu boas coisas á que pensar, e tudo que falamos não saia da minha mente.

"Abre o olho boi! Mulher é esperta, ainda mais com você cheio de grana como é. A Duda pode muito bem ter mudado e não ser mais aquela Duda de anos atrás! Por tudo que você ta me contando com esse tal de Renan, eu já teria dado um basta há tempos!"

Respirei fundo, cumprimentei as poucas pessoas que ali estavam e pedi que Arthur fosse até a sua tia para que eu pudesse xingar sem ter que o dar uma nota á cada palavrão dito por mim. Coloquei um pouco de whisky em um copo e o virei de uma só vez. Outra vez a voz de Marquinhos me veio em mente.

"Cê sabe como torço por vocês. Mas sou seu parceiro acima de tudo. Não ia te dar idéia furada. Investiga isso cara, mulher fogosa quando se aquieta e não procura mais é problema!"

Bufei colocando apenas mais um pouco de bebida no copo e o virando. Necessitava esclarecer tudo com a Duda e não queria estar bêbado para isso.

Bruna: - Oi! Viu como a Duda ta linda? Eu que maquiei! Agora somos amiguinhas - ironizou - Feliz? - riu antes de bater em minha bunda - Sorte a sua que ela é legal!

Luan: - Cade ela? - respondi em tom áspero sem corresponder á suas brincadeirinhas. Bruna se assutou

Bruna: - Ela passou... pra cima - falou receosa

Assenti e não disse nada, apenas passei por ela pisando fundo. Ela acha que é solteira? Que chega, sai e viaja sem me dar satisfações? Quer saber?! Vá tomar no seu orifício Duda! Estou puto com você! Nunca senti tanto ciúmes, raiva e... não, não vou assumir isso. Respirei fundo e sai abrindo os quartos do andar de cima a procura dela enquanto contava até mil.

Na terceira porta, do quarto de hóspedes pude ouvir vozes. Reconheci. Era dela e de... Renan? Puta Merda! Era agora ou nunca. Tentando fazer o minimo de barulho possível, sabendo como aquelas paredes eram silenciosas, abri  a na tentativa de surpreendê-los. Mas quem realmente foi surpreendido foi eu, ao ver minha Duda, olhando em prantos para Renan, enquanto balbuciava as palavras mais pesadas da minha vida.

Duda: - Eu tô grávida Renan!

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EXPLODIIIIIUUU! Duda grávida, confusões na mente dela e na de vocês.... Quem é o pai? O que tudo que Duda disse quer dizer? Qual o sentido de tudo? Seria essa gravidez o começo da paz ou o fim dela? O que vem por ai? Algum chute, alguma adivinhação, algum palpite ou idéia? Espero que uma de vocês consigam se entender nesse confusão da mente da Duda e decifrar esse capítulo ;) Beijossss <3