145 - Consequências

Assim que fechei a porta do quarto de hóspedes atrás de mim, Renan me olhou surpreso.

Renan: - Qual é a bomba? - perguntou receoso - O que você quis dizer com "parar com tudo" aquela hora no telefone Duda?

Duda: - Eu.. eu... a gente não pode mais Renan! Não pode!

Renan: - Não pode o que? Me explica o que ta acontecendo pelo amor de Deus! Você tá me deixando maluco!

Duda: - Eu quero acabar com a nossa parceria Renan! Não quero mais isso pra mim! Aliás, quero, claro que quero, mas não posso! - passei a mão no cabelo um pouco desnorteada

Renan: - Como acabar Eduarda? Para com isso! Olha, é reveillon, dia de curtir, outro dia com você mais calma falamos nesse assunto, não pira! - falou tentando se aproximar.

Duda: - Eu não tô pirando! - me exaltei o olhando - Eu só quero paz! Agora é tudo diferente Renan... Eu não posso pensar apenas em mim e no Arthur que já está acostumado com tudo. Eu quero fazer certo dessa vez Renan, quero dar um lar saudável pra minha família. Tá tudo tão errado entre mim e o Luan, e eu sei que a culpada de tudo sou eu! Eu sei o quanto ele morre de ciúmes de você e ainda sim...

Renan: - Para com isso! A gente nunca teve nada! Você vai se deixar levar pelas loucuras dele? Puta merda Duda, é o seu sonho! Ele tem que respeitar. E tem que principalmente confiar em você. A gente não tem absolutamente nada além de amizade, estamos com a consciência limpa. Vai destruir toda a sua carreira recém começada por ciúmes dele? Não vale a pena Eduarda! Me ouve! Se for pra vocês serem felizes juntos, vai ser com a profissão louca de vocês dois no meio! Vai ser consolidando confiança. Enquanto isso não interferir no Arthur, vocês vão empurrando com a barriga caramba! Uma hora ele acostuma!

Duda: - As coisas não são simples assim Renan - engoli o choro - Você sabe o quanto a nossa amizade cresceu, vivemos juntos e eu já errei demais deixando ele de lado e dando prioridade pra você. Na hora a gente não via assim, mas agora eu vejo! Eu não iria aceitar se fosse ao contrário Renan. O Luan já tá suportando coisas que eu no lugar dele não aceitaria. Ele tá fazendo a parte dele por nós, é a minha vez agora.

Renan: - Duda, eu dependo de você! Não faz isso pelo amor! Eu te conheci quando vocês terminaram, e não acredito que aquela Duda tão decidida vai ser submissa á homem hoje!

Duda: - Não fala assim! Não é só isso! Você vai arrumar outra pessoa pra trabalhar, vai... - abaixei a cabeça e senti as lágrimas caírem - Aconteceu de novo Renan! Pela segunda vez Deus deu um jeito de me mostrar o que eu devo fazer, que caminho devo seguir. Dessa vez eu não quero que seja igual oito anos atrás.

Renan: - Para de loucura Duda! Me dá um, só um motivo cabível pra tudo isso! Não vai mudar sua vida e seus sonhos por homem, pelo amor de Deus!

Fechei os olhos e respirei fundo pesando na minha atitude. Eu sabia o quanto Renan precisava de mim, seu trabalho era "eu", e desistir de tudo o obrigaria á uma tremenda confusão por um bom tempo. Mas por outro lado havia Luan. Luan, Arthur... e agora, outra criança. Outro fruto do meu amor com Luan, que mesmo tendo descobrindo tão de repente me fez abrir os olhos do tamanho do meu erro. Fechei os olhos e lembrei do par de sapatinhos que havia compro no shopping quando falava com Renan para enfim dar a notícia á Luan de que ele seria pai pela segunda vez. Sei que o certo era Luan saber antes de qualquer outra pessoa. Mas Renan estava ali, querendo um motivo sólido de eu acabar com nossos empregos. E eu sabia, que a minha resposta acabaria com todo o nosso vínculo profissional, podendo assim de uma vez por todas estabelecer a paz que eu Luan precisávamos para criar essa criança que está em meu ventre. Levantei a cabeça, as lágrimas saindo. Era difícil pra mim desistir do meu sonho e levar o emprego do meu amigo juntos. Mas era necessário.

Duda: - Eu tô grávida Renan!

*Luan Narrando

Não gritei. Não chutei a porta. Não chorei. Não fiz escândalo e muito menos xinguei nenhum dos dois. Estava em choque demais, decepcionado demais para ter qualquer atitude agressiva típica minha. Quando os dois por fim perceberam a minha presença, desisti de ficar ali encarando qualquer um dos dois naquela cena ridícula que me enojava. Apenas dei as costas e sem dizer uma palavra, á passos largos sai dali. Ainda pude ouvir Duda me chamar, ignorei e segui até o meu quarto, desnorteado demais para emitir algum som.

Sentei na beirada da minha cama, e com os cotovelos apoiados no joelho, cobri meu rosto com ambas as mãos.

A minha namorada, a minha Duda, estava grávida! Grávida! E dessa vez... o pai não era eu! O "sortudo". ou premiado da vez não era eu.

Com um nó na garganta gigantesco, finalmente pude sentir o peso de suas palavras. Uma dor no meu coração tão aguda como algum golpe físico tomou conta do meu peito, e engolindo o choro ergui a cabeça quando ouvir a porta do meu quarto bater. Vi ela ali, ainda chorando, um pouco ofegante e...linda! Desci meus olhos por seu corpo e fixei em sua barriga. Senti repulsa, nojo.... tudo o que eu menos imaginei sentir por ela um dia.

Duda: - Luan, você não tá achando que... - senti medo em sua voz, e sem emitir nenhuma reação encarei seus olhos verdes. Burro! Como eu não puis fim á isso antes mesmo de acontecer? É claro que eles iriam ter algo! Eu não sou o único a me encantar perdidamente por esse par de olhos verdes... não fui o único a tocar nesse corpo que por tantas vezes achei ser o mais lindo da terra. Não fui o único a cair nos seus malditos encantos. Mas fui o único a ser feito de trouxa por ela. Por que ele.... ah, ele teve ela mais do que eu. Teve sua atenção, seu amor, seu corpo, seus carinhos... tudo isso mais do que eu.

Luan: - Sai da minha casa Duda! - falei quase sem voz

Duda: - O que? Luan, você pirou? - andou rápida até mim se ajoelhando na minha frente - Pelo amor de Deus, não pense que esse filho pode ser do Renan, por que não é! Eu te conheço, sei exatamente o que tá pensando agora, mas pelo amor de Deus - Duda falava tão rápido que minha cabeça desnorteada demais não conseguia assimilar nenhuma palavra com a outra.

Ela continuava a falar, podia ouvir sua voz distante, mas naquele momento a única coisa que se passava pela minha cabeça era o tamanho do nojo que eu estava sentindo até mesmo da sua voz.

Luan: - Para Duda! - pedi baixo, não querendo mais escutá-la. Em vão, ela continuou falando sem parar, alegando mil mentiras - PARA EDUARDA! - gritei por fim conseguindo a calar, seus mãos trêmulas tentaram tocar meu rosto, mas eu ás segurei impedindo - Não encosta mais em mim. Nunca mais! Eu tô com nojo de você Eduarda! Nojo! Nojo, ódio, repulsa e tudo de ruim que pode existir na face da terra! A única parte de mim que não te odeia nesse momento, é aquela que sente pena! Pena dessa criança que vai ter um pai tão dissimulado e uma mãe tão...tão - fechei os olhos com força, tentando não xingá-la de todos os nomes que se passaram na minha mente

Duda: - Você ta me machucando - falou baixinho, com a voz de choro. Abri meus olhos e vi que ainda segurava seus pulsos, os soltei e vi a marca da minha mão ali - Luan, me esculta, por favor! Eu nunca tive nada, nada além de amizade com o Renan! Eu só tava contando pra ele primeiro por que eu vou desistir Luan...

Luan: - Você ta maluca? - á interrompi á olhando com mais ódio ainda - Quem errou abrindo as pernas pra ele foi você! Você não é nenhuma maluca em desistir dessa gravidez! Eu denuncio você Eduarda! - ameacei sentindo mais ódio dela ainda. Com certeza, a mulher que estava ali na minha frente não era a Duda que eu conhecia

Duda: - Eu não tô falando disso! - soluçou - Eu ia desistir de ser modelo Luan! Ia desistir de tudo que não te agradasse. Ia não, vou! A gente vai ser feliz, vamos criar...

Luan: - PARA DE TEATRO PORRA! - gritei a interrompendo outra vez - Não existe mais " a gente" porra nenhuma! A única coisa que eu quero de você e dessa criança é distância. Vai criar você e o Renan o filho de vocês. Não foi sempre assim? Vocês dois juntos?! - virei o rosto, segurando ao máximo as lágrimas

Duda: - Você tá de cabeça quente! Para de falar assim! Eu te amo caramba! Eu nunca iria te trair!

Luan: - Eu também fui ingênuo em achar isso Eduarda. - voltei á olhá-la tão magoado que com certeza ela notou - Agora me fala a verdade - abaixei a cabeça e meu tom de voz. Meu peito se apertando cada vez mais. - Foi pela fama não foi? Foi pela minha maldita fama que ajudou na sua que você tava comigo não é?

Duda: - Você ta me ofendendo Luan! Seu ciúmes ta te cegando! Eu tô aqui, com nosso filho na barriga e tudo que você consegue enxergar são as loucuras criadas na sua cabeça. Me enxerga aqui caramba! Sou eu! A sua Duda, a mãe dos seus dois filhos! - soluçou

Luan: - Você é mais fingida do que imaginei! - ri negando amargurado e me levantei, passei por ela que estava ainda no chão como se ela não significasse nada pra mim e abri a porta do meu quarto - Vai embora daqui Duda!

Duda: - Não! A gente tem muito o que...

Luan: - VAI EMBORA DUDA! - gritei

Duda: - EU NÃO VOU! - se levantou chorando e veio até mim, dessa vez suas duas mãos conseguiram segurar meu rosto antes que eu impedisse. Eu não tinha forças para isso. Nem forças, e nem vontade - Não faz isso! - sussurrou em prantos - Eu te amo, esse filho é nosso Luan! Nosso e de mais ninguém! Acredita em mim, por favor - sussurrando quase sem voz, vi Duda perder as forças, seu tronco colocou ao meu e fechei os olhos unindo forças para não empurrá-la. Sua testa se firmou em meu queixo enquanto suas lágrimas me molhavam e ela repetia diversas vezes "acredita em mim, por favor"

Minhas lágrimas agora caíram. Sem pudor. Eu amava essa mulher.... até poucos minutos atrás a amava. E ela destruiu tudo. Meus sonhos, meus planos e até o nosso amor, nosso respeito. A cada lágrima que caia do meu rosto, sentia uma dor diferente em meu peito, e quando ela me abraçou a minha raiva falou mais alto.

Luan: - Vai embora da minha casa Duda! Da minha casa, da minha vida e de tudo que a gente tem junto!- falei tentando soar firme, mas minha voz me traiu demonstrando o quão machucado eu estava

Duda: - Luan, não....

Luan: - Vai Duda! Eu não suporto mais olhar pra você sem sentir nojo ou raiva! - tirei suas mãos que envolviam meu corpo de mim desfazendo o abraço

Olhei pela última vez aquele par de olhos verdes que tanto me enganaram, e tentando não ser bruto fui á tirando do meu quarto, fechando a porta em sua cara em seguida.

Ainda pude ouvir suas batidas incessantes na porta enquanto chamava por meu nome. Ignorei tudo e me joguei em minha cama, com o travesseiro sobre meu rosto abafei meu grito. Meu coração doía tanto que comecei até a sentir medo de por quanto tempo duraria aquilo. Na minha mente agora tudo fazia sentido. Lembro-me como se fosse ontem dela me atiçando tantas e tantas vezes, dizendo estar louca de vontade de mim, e de repente, em um dia próximo vi aquela foto dela deitada com ele, na casa dele. E como em um passe de mágica, ou um passe de chifre, toda sua vontade por mim cessa e desde então não temos mais nada. Como fui trouxa, como me deixei enganar tão facilmente com todas essas pistas na minha cara. Como não percebi que ela só queria a minha fama pra fazer a dela? Como não percebi desde quando soube que ela havia me escondido o Arthur, que Duda não era nada do que imaginei? Como ainda perdoei ela? Como confiei cegamente nela depois dela ter me escondido o meu filho...? Isso já não era prova o suficiente do seu mal caráter?! Por que o amor é cego meu Deus? Por que ela fez isso comigo, logo comigo que á amou tanto, que fez tanto por nós?! Antes eu tinha a certeza de que éramos feitos um para o outro, por que Deus não me permitiria amar  tanto se não fosse por isso, e agora, a única certeza que tenho, é de que não nascemos para ficar juntos. Talvez, á oito anos atrás, quando Duda ainda era alguém digna. Mas agora, tão mudada, e para pior, eu só consigo sentir crescer a parte mais escura do meu ser por ela.

Ela não tinha esse direito! Não podia ter feito isso comigo, com Arthur... E eu, que sempre sonhei em ter uma família tão linda e sólida como a dos meus pais, vi tudo indo por água a baixo. Arthur não teria um lar como eu tive, não teria a sorte e felicidade de uma família de verdade como eu tive. Tudo isso por que escolhi a pior das mulheres para amar. A pior por que me fez acreditar em suas mentiras. Como nenhum outra ela conseguia mentir que me amava me olhando nos olhos. Me fazia acreditar nas nossas juras de amor até mesmo na cama, quando ficávamos quase irracionais. A pior de todas por que me fez construir e acreditar que tudo que vivemos era verdade. E até podia ser, mas só da minha parte. Duda não passou de uma aproveitadora que na primeira oportunidade me apunhalou pelas costas depois de conseguir o que queria. E agora eu entendia o por que a sua vontade de ser modelo só veio depois de estarmos juntos. Ela era esperta demais, e sabia que sozinha seria mais difícil, e que, namorando comigo tudo estaria ao seu alcance. Era isso.... desde o primeiro momento em que nos revemos era apenas isso que ela viu em mim: um ponto de apoio para a sua maldita carreira. E não venha dizer-me que não, por que se fosse tudo diferente, ao menos sobre Arthur ela teria tido a ombridade de me contar. Mas não, até mesmo isso eu tive que descobrir. Nem pra isso Duda foi mulher o suficiente.

E uma pergunta que não queria calar me atormentava: o que faltou pra ela? O que ele deu que eu não dei? O que ele tinha que eu não tinha? Por que mesmo com todo meu amor por ela, não consegui á fazer me amar nem que seja um pouco?! Caramba Duda, você estragou tudo! Eu me contentava em amar por dois se você fosse só minha. Eu me contentava com os seus "eu te amo" de mentira. Eu me contentava com as sua ira, sua tpm, seus defeitos, e seus olhos verdes brilhando tão falsamente quando estava comigo... eu me contentava com tudo isso, fingia acreditar nas suas mentiras se você jurasse ser só minha... Mas você estragou tudo, e agora, nesse exato momento, está carregando no seu ventre o filho do cara que eu mais odeio no mundo!Como eu queria que não fosse assim.... eu juro que me contentava!

*Duda Narrando

Perdi a conta de quantos minutos fiquei na porta do quarto de Luan tentando o fazer me ouvir, só me dei conta de toda a confusão que me rodeava quando Bruna me sacudiu. Á olhei inerte á tudo.

Bruna: - O que aconteceu? Eu tô te chamando á tempos! Que susto Duda! O que houve que você ta aqui sentada na porta do Luan chorando desse jeito? Meu Deus, você tá gelada Duda, ta me assustando.

Duda: - Eu...seu irmão... acabou tudo Bruna!

Falei em prantos a única coisa que consegui emitir. Vi o olhar de Bruna se arregalar e instantes depois ela me ajudar a levantar. Eu estava sem forças. Ele não acreditava em mim. Era dele, eu juro que era dele.

Bruna: - Fica calma, fica quietinha aqui que eu só vou pegar um calmante pra você okay? - falou me ajudando a sentar em sua cama

Não á respondi, se quer raciocinei quando ela saiu. Só senti uma dor agonizante em meu coração. Sei que errei no meu relacionamento com o Luan, errei e errei muito. Mas jamais traí ele! Jamais olhei outro alguém com segundas intenções se não ele. Com o coração na mão e o choro caindo com cada vez mais força, nem me dei conta de quando Bruna voltou, só percebi sua presença quando senti seu abraço preocupado.

Bruna: - Ei, se acalma. Quer me contar o que aconteceu?

Duda: - E...Ele não acredita em mim Bruna! - falei em meio aos soluços

Bruna: - Não acredita em que? - perguntou carinhosa, passando as mãos em meus cabelos

Duda: - Eu tô grávida Bruna! - á olhei nos olhos e vi a sua surpresa - E seu irmão não acredita que o filho é dele! - cai no choro outra vez - Ele insiste em dizer que é do Renan! Eu juro por tudo que é mais sagrado no mundo que não é Bruna! Juro por mim, pelo Arthur, por essa criança que tô carregando. - solucei - Eu nunca tive nada com o Renan, eu juro! Eu posso ter ficado sim próxima demais dele, mas nunca tivemos nada além de amizade. Acredita em mim Bruna, pelo menos você! - pedi em suplica

Bruna: - Minha nossa! - me abraçou mais forte - Se acalma, você está... meu Deus, você tá grávida! - falou ainda incrédula

Duda: -  Ele viu eu contanto pro Renan e entendeu tudo errado! - a olhei desesperada - Eu contei por que queria por fim a minha carreira, á tudo. Queria só ele e meus filhos Bruna - solucei

Bruna: - Eu... eu sei, eu vi o Renan sair daqui meio transtornado, e quando perguntei o motivo ele disse que estava desempregado - sussurrou

Duda: - Seu irmão achou que eu tivesse contando pra ele, por que ele era o pai! Não é Bruna, eu juro que não! Eu... eu até tinha comprado um par de sapatinhos pra dar a notícia ao Luan. Ele ia ser o primeiro a saber, mas decidi me resolver com o Renan pra dar logo as duas notícias de uma só vez. O Luan nunca gostou do Renan e eu tava disposta a abrir mão de tudo pra gente ficar em paz... E agora ele simplesmente não acredita em mim! - solucei outra vez - Eu sei que errei Bruna, mas nunca dei motivos tão fortes pra ele desacreditar assim de mim. Eu não sou qualquer uma pra ele achar que fiquei com ele por puro interesse...

Bruna: - Ei... se acalma! - me fez deitar a cabeça em seu ombro - Vocês dois estão exaltados, o Luan é cheio de ciúmes e cabeça dura. Deixa a poeira abaixar e tudo vai se resolver Duda... Eu conheço meu irmão, no fundo ele sabe que esse neném que você ta esperando é dele. No fundo ele sabe que o amor de você por ele não ia permitir uma traição. Ele só se assustou, se acalma! - dizia com a voz tão suave, uma calma tão grande que quase transpassou para mim, até eu me lembrar de toda a personalidade do Luan, e o seu jeito turrão de não mudar facilmente de opinião.

Duda: - Quando ele coloca uma coisa na cabeça ele...

Bruna; - Esquece ele! - me interrompeu - Eu tô aqui com você, fica calma. Você ta com um bebê na barriga, pensa nele, respira fundo vai...

Duda: - Por que você ta sendo tão gentil comigo? - a encarei perdida

Bruna: - Apesar do nosso desentendimento no início, eu sei que você não quer pra outro filho o que aconteceu com o Arthur... um filho sem pai. E sei que você ama o meu irmão o bastante pra não cometer nenhuma loucura. Eu tô vendo o seu desespero Duda, e tô sentindo ele inflar meu peito. Minha mãe sempre diz que eu sou muito intuitiva, e eu sei que você ta falando a verdade! Eu sinto isso! Agora se acalma, por favor.

Duda: - Eu vou pra casa Bruna - falei abaixando a cabeça - Amanhã é um novo dia, o Luan vai estar de cabeça fria e as coisas vão se encaixar - falei mais pra mim do que pra ela que me olhou piedosa

Bruna: - É o reveillon Duda. Fica! Não vai passar sozinha em casa, eu te faço companhia nessa festa. Sei que não tá no clima mas...

Duda: - Não Bruna. - neguei de cabeça baixa - Não quero estragar a virada de ano do seu irmão, e não suportaria o olhar de nojo e raiva que ele ta tendo por mim. Eu vou pra casa me preparar... amanhã vai ser um longo dia e...

Bruna: - E ele vai acreditar em você! - me interrompeu convicta e me surpreendeu com um abraço inesperado - Eu tô aqui pro que precisar ta bom? Você se lembra de quando eu era mais nova, lá em Campo Grande ainda e que a atenção de todo mundo era pro Luan? - assenti olhando seus olhos marejados - Você se lembra do que me falou? - neguei com a cabeça - "Mesmo que todo mundo vire as costas pra você, eu vou tá aqui, contigo!" E agora é a minha vez de falar isso!

Duda: - Bruna... - não tive palavras e apenas a abracei forte. Se a sete meses atrás me dissessem que ela me ajudaria no meu pior momento, com toda certeza eu não acreditaria. E agora aqui está ela, a menina com quem mais já briguei na vida a meses atrás, me reconfortando de uma dor quase ultrajante

Bruna: - Quando você e o Luan namoravam naquela época, você era a irmã que eu não tive Duda. E me desculpa se fui grossa com você quando voltou. Você sabe que eu quero proteger o Luan de tudo e de todos, e que mais do que ninguém eu me doo pelas dores dele.. Mas agora, eu tô amadurecendo, tô vendo meus erros, tô mudando... e eu quero que você faça parte de tudo isso. Você e meu sobrinho ou sobrinha! - colocou a mão sobre minha barriga me fazendo sorrir e abraçá-la, dessa vez com resquícios de uma felicidade em meu peito causada por ela


Não queria mais estragar a festa de ninguém, muito menos pesar o clima ali, então, sem me despedir de ninguém além de Bruna eu fui pra casa. Não falei se quer com o Arthur. Ele com certeza questionaria a minha cara de choro, e o que eu menos queria no momento era levar alguma tristeza ao meu filho. Ao chegar em casa me permiti chorar como nunca antes.

No fundo eu sabia que havia o perdido. Conhecia o Luan o bastante para saber que ele não volta atrás em uma decisão, e pensar que eu poderia ter evitado tudo isso fazia tudo se tornar mais doloroso ainda. Eu o amava. Muito. Mas também me amava, e estava me sentindo um lixo por ele acreditar que eu fosse capaz de traí-lo, e pior, que eu estava com ele apenas por puro interesse. Eu apenas queria paz, e talvez, se tivesse conversado com Renan um pouco antes, nesse momento eu estaria curtindo a paz de ter um Luan radiante por ser pai ao meu lado.

Será que Deus nunca me permitiria uma gravidez normal? Com o pai do meu filho ao lado? Me apoiando, me ajudando, me tranquilizando... Talvez tudo isso fosse castigo. Na primeira vez eu o privei disso, e agora é ele quem está me privando.

Encolhida sobre minha cama, chorando como nunca levei minhas mão ao meu ventre ainda sem formato algum. Estava tudo acabado... Fechei os olhos sentindo o peso daquelas palavras, e quando os abri vi meu celular tocar insanamente á minha frente. Era Luan. Uma chama se acendeu em meu peito. Talvez nem tudo esteja acabado.

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Oi genteee! Tudo bom com vocês? Ainda to apaixonada pela quantidade de comentários passados, e aos que estão receosos só peço uma coisa: CONFIEM! Sei exatamente o que estou fazendo e onde isso levará. Clichê é sempre bom, mas as vezes temos que sair da nossa zona de conforto e tentar ão surpreender... mas para isso preciso da confiança de vocês. Não peço que gostem do que estão lendo (até pq isso é pessoal e individual) só peço que continuem a ler e que no desenrolar de tudo prometo agradar vocês. Enfim é isso <3

MAAAS, VOLTANDO AO CAP: será que tem alguém arrependido na área? Os dois estão sofrendo, os dois teem suas opiniões fortes e no fundo, os dois são exatamente iguais... Será que alguém sabe o que tanta semelhança agregará á eles?

Essa ligação será o início do fim do nosso casal, ou o início da paz entre eles??

Espero que estejam gostando.

Bjooos