148 - Seguindo Em Frente

3 de Janeiro - São Paulo

Antes de romper de vez a minha carreira como modelo, ainda havia alguns compromissos á cumprir, e isso começou assim que o sol raiou. Com uma sessão de fotos comecei meu dia, e alguns fotógrafos e maquiadores já conhecidos por mim, ao Renan se lamentar por aquela ser a nossa última sessão juntos, me fizeram prometer um jantar de despedida para hoje.

A manhã foi corrida, mas toda aquela correria me fez esquecer por horas a loucura que minha vida pessoal estava. Mesmo que estivesse decidida á parar de modelar, me batia uma tristeza ao perceber o quanto eu gostava do meu trabalho.

Na hora do almoço, onde eu e Renan riamos ao comer um X-tudo no carro antes de partimos pro shopping onde eu faria presença, uma ligação me deixou tensa.

Renan: - Não vai atender?

Duda: - É o pai do Luan - suspirei - E se ele concordar com o Luan e me falar coisas desnecessárias?

Renan: - Você desliga na cara dele! Atende, pode ser importante já que o Arthur tá com a Bruna.

Com um suspiro tomei coragem e atendi. Sua voz grave e nada afetuosa do outro lado da linha provava que as coisas não estavam boas pro meu lado.

Amarildo: - Você tem um tempinho pra gente conversar hoje?

Duda: - Sinceramente não seu Amarildo. As coisas estão bem apertadas hoje. - confessei receosa e o ouvi suspirar

Amarildo: - O que eu tenho pra falar não pode esperar Duda... - disse agora mais brando

Duda: - Não pode ser por telefone? - sugeri em voz baixa

Amarildo: - Você está com medo de mim?

Duda: - Não, não é iss...

Amarildo: - Eu não vou surtar como o Luan Duda - adiantou-se me interrompendo - Eu não tenho nada a ver com a relação de vocês, apenas torço para que tudo termine bem, seja vocês juntos ou separados. Não tenho que dar a minha opinião nessa história toda, até por que ainda nem digeri todas as desculpas de ambos os lados. E é por isso que queria falar pessoalmente com você, mas já que não vai ser possível hoje, eu digo por telefone mesmo: vamos querer o DNA Duda. - falou tentando soar o mais gentil possível. Suspirei. Eu já esperava por isso, sabia que todos duvidariam da minha palavra

Duda: - Você vai querer ou o Luan vai querer? - enfatizei o nome do meu ex e o ouvi suspirar

Amarildo; - Não importa Duda, só quero colocar essa história á limpo logo e...

Duda: - Ótimo! - fui firme pela primeira vez na conversa. Se era para lidar com isso, que eu fizesse de forma dura - É tudo o que eu mais quero também. Sei que o Luan não tem interesse nenhum nessa criança, e nem se deu o trabalho de pedir o DNA. Mas eu quero muito fazer e provar pra ele o quão errado ele foi.

Amarildo: - Tudo bem - murmurou

Duda: - Pra que não haja dúvidas se o DNA é verdadeiro ou não, escolhe você a clínica a ser feita e resolve tudo. Só me passa o dia e o horário. Se possível, o mais breve, tenho uma viagem daqui duas semanas e não sei quando volto

Vi que Amarildo ficou sem palavras do outro lado da linha. Com certeza não esperava que eu agisse dessa forma diante da situação. Com certeza esperava uma mulher descontrolada ou chorosa ao tocar no assunto, se não, veemente contra o exame.

Amarildo: - Certo... - murmurou sem jeito - Tem certeza que não quer procurar o profissional você mesmo. Confiamos em vo...

Duda: - Não confiam Amarildo! - suspirei lhe tacando uma verdade - Fica a vontade pra resolver. Só me avisa antes a data para eu me organizar. Agora eu preciso desligar, boa tarde.

Amarildo: - Boa tarde. - disse ainda com a surpresa na voz

*Luan Narrando

Estava chegando da sorveteria com Arthur e Bruna e ao abrir a porta nos deparamos com meu pai um pouco tenso no sofá olhando o nada.

Bruna: - Ta tudo bem pai?

Arthur: - Meu pai trouxe sorvete pra você. - correu se sentando ao lado do avô - Você divide comigo? - falou me impressionando já que ele havia consumido metade da sorveteria.

Meu pai riu de leve e bagunçou os cabelos lisos dele, depois me encarou.

Amarildo: - Vou te esperar no escritório.

Sem dizer uma palavra meu pai se levantou, beijou a testa de Bruna e seguiu para o escritório, nos olhamos e balancei os ombros.

Luan: - Vou lá.

Bruna: - Me conta tudo depois. - sussurrou - Arthur, que tal um banho de piscina?

Deixei os dois na sala e fui para onde meu pai esperava, com o olhar ainda distante. Me sentei frente á ele e tirei meu boné.

Amarildo: - Eu falei com a Duda

Ouvir seu nome me fez bufar, apesar do coração doer, a raiva era maior.

Luan: - E dai? - falei de forma educada

Amarildo: - Ela não se apôs ao teste de DNA - contou me surpreendendo um pouco - Pelo contrário. Foi firme ao dizer que queria isso tanto quanto nós.

Luan: - Quanto nós não. Eu não quero isso. Quem me garante que ela não vai molhar a mão de ninguém pra forjar um resultado? Isso não é só coisa de novela pai! Acontece de verdade. E eu tô ciente de que esse filho não é meu. Faz tempo que não transamos.

Amarildo: - Ela sabia que ia surgir essa dúvida. E fez questão que eu escolhesse tudo de nossa confiança. A única coisa que pediu foi pra avisar ela do dia e da hora pra se organizar. Ela quer fazer o teste o mais rápido possível Luan. Não acha que ela não ter medo nenhum de realizar esse teste já não é prova de que...

Luan: - Não começa pai. - o interrompi - Ninguém viu ou passou pelo o que passei. Tenho motivos e provas o suficiente pra acreditar na traição. E ela é esperta, com certeza já aceitou tudo tão fácil para que pensássemos o mesmo que você!

Amarildo: - É, pode ser - suspirou pensativo - Eu liguei numa clínica de confiança, o teste ainda na gestação pode ser feito a partir da décima segunda semana por um método ou a partir da décima sexta por outro.

Luan: - Marca pra agora. O mais breve pra ele não fugir ou ter tempo de molhar a mão de ninguém pra ajudar...

Amarildo: - Para de pensar assim! - me repreendeu - Até parece que você tá lidando com uma desconhecida qualquer que só quer te usar. É a mãe do seu filho Luan, a menina com quem você namorou lá em Campo Grande, e assumiu uma gravidez sozinha só para te ver realizar seu sonho. Não seja egoísta. Você tá lidando com uma mulher que você conhece bem, que tem sentimentos e é mãe do Arthur e mãe do seu suposto segundo filho. Não aja como se ela fosse uma qualquer que só pensa no seu dinheiro. - repreendeu-me sério

Respirei fundo, em algumas coisas ele até podia ter razão, mas não em todas!

Luan: - Você marcou pra quando esse exame? - perguntei ignorando todo o seu sermão - Não acredito que além de ser chifrudo ainda vou me submeter á toda essa palhaçada.

Meu pai suspirou e com apenas o olhar me repreendeu outra vez.

Amarildo: - Eu conversei com o médico por telefone e ele aconselhou esperar pela décima sexta semana de gestação pra realizar o teste pelo segundo procedimento. O procedimento das primeiras semanas é mais complexo, a Duda já perdeu uma criança, e mesmo que possa não interferir, é preferível fazer do modo mais aconselhável.

Bufei em resposta, teria que esperar esse tempo todo para que todos acreditassem na minha verdade? Que esse filho não é meu? Se bem que ter que esperar ela completar o quarto mês de gestação também pode ser formidável. Demoraria mais que o esperado para completar e não bateria com nossa última transa, o que provava que o filho não tinha possibilidades de ser meu, mesmo que no fundo, bem no fundo, uma esperança amarga se perdia em mim, me lembrando o quão trouxa eu era.

Sai do escritório quando meu pai ligaria para Duda explicando tudo e perguntando quando ela entraria na sua décima sexta semana, nem esperei pela resposta e fui até os fundos da casa onde encontrei Arthur e Bruna na piscina. Eles me chamaram, mas eu neguei, com pensamentos pesados demais para pensar em me divertir.

Peguei meu celular e como se me atormentasse a primeira foto que apareceu em meu feed era dela. Na verdade o repost de uma postagen

#Repost @analu12_ with @repostapp

. . .

E quem disse que ainda não tem amor? Perguntei

sobre ela e o cantor e foi só tocar um pouquinho

no assunto pra ela ficar assim. Chorei mesmooo! @dudacampos

Filha da mãe! Falsa! E linda até depois de chorar. Suspirei e como um bobo acariciei seu rosto pela tela do celular. Por que você fez isso com a gente loira? Eu te amava tanto, tanto! Reli aquela legenda... por um instante me iludi que ela chorou por saudades minha, e não por ter perdido o seu apoio para a fama e sua maldita gravidez do Renan. Mentirosa. Disse que largaria o emprego por mim e se quer esperou nosso término esfriar para já estar trabalhando com seu amante de novo. Curioso, não resisti á olhar sua rede social. Será que ela tinha postado alguma foto com seu amorzinho? Eu teriam sido marcados em alguma juntos nesses dois dias? Procurei por seu user e para certo alívio meu - que não estava preparado para ver os dois juntos assumidamente e com um filho na barriga - havia apenas uma foto depois da que ela esclareceu nosso término. Não me conti em clicar e vê-la.

"Desejo que você tenha há quem amar... E quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar... #GoodMorning #EsseJeM..."

Suspirei. Lembrei-me daquela foto. Eu que havia tirado. E foi covardia ela postar aquela foto que eu tirei, falando de amor e ainda com a minha touca. Maldita! Como conseguia me atingir tão facilmente? "Por que você é trouxa Luan, só por isso" Respondia em automático meu subconsciente.

Perto das seis da tarde, Duda veio buscar Arthur. Mas eu se quer vi ela, ela apenas buzinou e Arthur me deu um beijo rápido no rosto antes de correr porta á fora. Era inegável, ele era apaixonado pela mãe e ainda estava magoado comigo pelas coisas que falei á respeito dela bêbado, no reveillon.

Chamei Bruna para jantar em restaurante mexicano comigo, e ela aceitou prontamente. Era um restaurante reservado, poucas pessoas e bastante agradável. Apesar de ter ido ali poucas vezes, o lugar me agradava.

Bruna: - Posso ser sincera com você? - perguntou depois de fazermos nossos pedidos, bebíamos o melhor vinho do local e minha irmã parecia querer muito despejar suas conversas inacabáveis sobre mim

Luan: - Pode.

Bruna: - Eu não acredito que o filho seja do Renan!

Luan: - Bruna...

Bruna: - Luan, se você visse o estado que ela estava quando eu encontrei ela na porta do seu quarto... tudo que ela queria era uma gravidez saudável, ao seu lado. Ela errou? Claro que sim! E muito! E se as coisa chegaram ao ponto que chegou, a culpa é toda dela, mas... - senti meu celular vibrar e fiquei tentado a ver o que era, mas Bruna falava sem parar á minha frente - Ela te ama! Ela é mãe e mães sempre colocam os filhos acima de tudo. Não seria diferente com essa criança, e como qualquer outra mãe, o que ela mais quer no mundo é um lar estável pro filho - meu celular vibrou outra vez, repetidas vezes no bolso, prova de que alguém me mandava mensagens sequenciais - Acredita no amor de vocês poxa...

Luan: - Ela não me ama Bruna! Quem ama não trai!

Bruna: - E você ama ela?

Luan: - Amava - falei indiferente

Bruna: - Quem ama confia Luan - suspirou. Meu celular vibrou outra vez e não me conti em curiosidade

Luan: - Espera um pouco - murmurei o tirando do bolso, e ao desbloquear senti um misto de sensações me invadir. Era Duda quem me mandava mensagens insistentemente no whats, e mesmo louco de curiosidade, boa parte de mim não queriam ler do que se tratava

Bruna: - O que foi? Ta com uma cara assustada!_

Suspirei em resposta, e então me lembrei que poderia ser algo relacionado á Arthur e acabei abrindo a conversa, torcendo para não me magoar mais.

Terminei de ler a conversa com um suspiro audível, e algo me dizia que ela não blefava quando dizia que não desistiria de nós, só não sabia distinguir se isso era bom ou ruim.

______________________________________________________

Oi meninas, tudo bom?

E ai, será que Dudinha vai ter mesmo sangue frio de correr atrás do Luan depois de tudo que ouviu?

O que vocês acham? Isso vai dar certo ou não? Até quando essa vontade dela vai falar mais alto que o orgulho? Será que ela vai conseguir reconquistar o cantor desse jeito ou essa atitude só vai afastar mais ainda os dois?

Vamos ver no que dá né?

Ps: não esqueci a maratona, vai ter siiim! Estou indo viajar de última hora agora, mas já tenho metade dela pronta e se conseguir posto mesmo assim!

Bjooos