150 - Encruzilhada

Enganando a mim mesmo com a hipótese de ser Arthur – mesmo no fundo sabendo exatamente do que se tratava sua ligação – eu atendi, fazendo um sinal com as mãos para que me deixassem sozinho no camarim. Sou homem, tenho meus orgulhos e não deixaria que me vissem abalado por um par de chifres. Mas o que realmente me desconcertou, foi o modo que Duda esbravejou assim que falei um “Alô”. Completamente descontrolada e aos prantos, gritando em meus ouvidos ela começou a falar em disparada.

Duda: - VOCÊ QUERIA ERA ISSO NÉ SEU BABACA? ME VER NESSE ESTADO RIDÍCULO POR AQUELA MALDITA MÚSICA! QUER SABER? SUA INDIRETA FOI ATINGIDA COM SUCESSO, E SÓ NÃO ESTOU NUM BAR AGORA BEBENDO TODAS E CHORANDO OUVINDO VOCÊ CANTAR AQUELA MERDA MIL VEZES, POR QUE TENHO UMA CRIANÇA NA BARRIGA! UMA CRIANÇA NOSSA, QUE VOCÊ BABACA COMO É NÃO ASSUME! EU TE ODEIO POR ISSO SABIA? ODEIO! – Duda começou a soluçar, e confesso que estava um pouco preocupado com ela. Nunca á vi tão descontrolada, e se só por telefone já me assustava, não queria nem imaginar pessoalmente

Luan: - Essa criança não é minha Duda, não tenta enganar a você mesma! Agora me diz, o que você quer com esse tanto de ligação? Minha relação contigo é apenas em função do Arthur Duda, e se não for nada com ele eu vou d...

Toda a calma que eu tentava falar não adiantou em nada, em segundos ela me interrompeu como uma louca outra vez.

Duda: - EU ODEIO ESSA SUA CALMA, SEU CINISMO, SUA FALSA SUPERIORIDADE! EU TÔ AQUI, QUASE PIRANDO PRA TENTAR TE FAZER ACREDITAR EM MIM, OU ENTÃO SIMPLESMENTE ACEITAR QUE OUTRA VEZ MEU FILHO NASCERÁ SEM UM PAI E VOCÊ  FICA AI, PARECENDO UM HOMEM DE GELO NA SUA BOLHA INTOCÁVEL! – Duda fungou, e começou a soluçar, um raro silencio de alguns segundos, não tive coragem de desligar, e quando ela voltou a falar, parecia sem forças, sem voz, sem vontade – Eu não sei como seu coração não sente Luan. Eu já amo tanto essa criança que faria qualquer coisa por ela, enquanto você prefere fechar os olhos pro que ta bem diante de si. Não consigo imaginar um cara tão coração como você, não sentir, não amar, não gostar do próprio filho.

A dor com que ela falou aquelas palavras me comoveu e juro que se eu não tivesse tão convencido da verdade, me deixaria levar por suas mentiras. Pilantra! Ela sabia que eu era coração e usava justamente dos sentimentos para poder me atingir.

Luan: - É claro que eu amo meu filho! Amo o Arthur com todas as forças. Ele é o único filho que tenho, o único com quem devo gostar e me preocupar. O resto tanto faz pra mim! – ouvi seu soluço, e antes que minha raiva por ela se transformasse em dó, tratei logo de encerrar aquilo – E pare de me mandar mensagens Duda, e a propósito, a música não foi indireta pra você. Ao contrário de você, minha vida não gira em torno da sua. Boa noite!

Sem esperar sua resposta encerrei a chamada, fechando os olhos e xingando mil nomes em seguida. Ter sido duro com ela foi o melhor, quem sabe assim ela entenda de uma vez por todas que eu á odeie.

*Duda Narrando

Suas palavras foram como um tapa na cara pra mim. Tive vontade de o mandar uma mensagem gigante, cheia de ofensas, mas decidi que não valia a pena. Eu estava a um grau de surtar, e aquela casa onde tudo me lembrava ele estava me deixando louca. Olhei Arthur que dormia profundamente na minha cama e surtei. Eu precisava sair ou piraria, se não estivesse grávida, boas doses de álcool me serviriam de bom grado agora. Eu precisava sair, dançar, me divertir, espairecer... e cheguei a triste conclusão que aqui em São Paulo, eu não tinha ninguém que me agradasse para me acompanhar agora. Surtei mais ainda e quando vi eu já ligava para Renan e o pedia para passar a noite na minha casa, tomando conta de Arthur pra mim.  Apesar de preocupado com meu surto, Renan aceitou e mesmo sonolento disse que estava a caminho da minha casa. Quando ele chegou eu já estava pronta, e cheia de raiva.

Renan: - Em que lugar você acha que vai assim ás duas da manhã?

Duda: - Uma balada! A balada é melhor ainda de agora em diante!

Renan: - Você é louca! Vai com quem?

Duda: - Com... comigo mesma! – falei decidida e ele me olhou pasmo

Renan: - Você não vai á uma balada sozinha, ainda mais cheia de marra e grávida! Eu vou ligar pra Carol, vai ser uma ótima oportunidade de se conhecerem!

Duda: - O que? Você não vai acordar sua ficante, namorada ou sei lá o que á esse horário pra ela ir á uma balada comigo surtada assim, eu quero...!

Renan: - Ela é mais louca que você! E acredite, na raiva que ela está de mim hoje ela vi ser uma ótima companhia pra você!

Renan não me deixou responder e foi logo discando. Que ótimo, conheceria a mulher dos sonhos de Renan na minha pior fase, quando tudo o que eu queria era planejar um assassinato para o pai dos meus filhos.

Para a minha surpresa, provando que era tão louca quanto eu, segundo Renan, Carol topou nossa loucura. Uma balada na semana bruta e no meio da madrugada. E enquanto dava um tempo dela se arrumar após Renan ter combinado até mesmo que eu á pegaria, fiquei sentada no sofá xingando Luan em pensamentos. Renan me olhava como se eu fosse um ET, e suas palavras ditas do nada me fizerem parar com qualquer pensamento psicopata que me tomasse.

Renan: - Falei com o Luan... mas ele foi irredutível. É um perturbado! Mas eu não vou desistir, vou provar pra ele que...

Duda: - Não precisa! – falei decidida

Renan: - Como?

Duda: - Vou fazer aquele exame de DNA e vou enfiar em todos os orifícios dele! E depois, vou sumir com meu filho e deixar ele louco de remorso!

Renan: - Sei que não vai fazer tudo isso, mas... sobre a parte do DNA, é quando?

Duda:  - Daqui três semanas! Por isso adiantei minha viagem á Campo Grande.

Renan: - Que dê tudo certo Dudinha, que dê tudo certo! – suspirou e eu assenti


Antes de sair de casa depois de mil recomendações para Renan cuidar bem de Arthur, não resisti á postar a minha foto de sempre. Mas dessa vez com um objetivo: esfregar na cara de Luan que suas palavras apesar de machucarem, não me mataram!

“2 e 27AM e a noite está só começando. Look total Black divo. Aprovado?”

Com o endereço de Carol  no GPS e cede de vingança, saí pelas ruas de São Paulo, e me dando bem á primeira vista com minha nova amiga comecei a curtir o resto da madrugada tentando me livrar dos problemas que me rodeavam pelo menos por uma noite.

Dentre as pessoas ali presentes, Carol levou o maior susto ao encontrar o próprio irmão, que estava acompanhado de alguns amigos. Me apresentou á eles e logo curtimos a noite todos juntos. Juliano, irmão de Carol era um amor de pessoa, e apesar de ter vindo com seus amigos, não tirou sua atenção de mim e da irmã um só minuto.

Carol: - Vai curtir! A gente não vai sumir. - falou o empurrando pelo ombro - Seus amigos vão se chatear!

Juliano: - Acha mesmo? - perguntou rindo ao ver dois deles já acompanhados - Agora me fala, em plena terça-feira, você na balada não é normal! O que aconteceu?

Deixei os dois irmãos conversando e fui até o bar e pedi um refrigerante. Por incrível que pareça, as vezes não caia a ficha de que eu estava grávida, e ao ter esse pensamento acabei sorrindo e colocando a mão sobre a minha barriga. Mesmo com toda essa confusão, esse bebê era meu maior presente, e mesmo que não tenha vindo no melhor momento, eu o amaria por mim e por quem mais precisasse.

Voltei pra onde minha nova amiga se encontrava e ela ainda conversava animada com o irmão. Decidi não atrapalhar, e fazer o que realmente eu tinha vindo fazer aqui: dançar até não aguentar meus próprios pés e esquecer de todo o turbilhão que estava a minha vida. E por incrível que pareça, durante as horas que ali fiquei, consegui cumprir exatamente o meu objetivo, e de brinde, ainda ganhei amizades novas.

*Luan Narrando

Eu mal acreditava que Duda descontrolada como tava no celular comigo á horas atrás, e grávida ainda por cima, iria para uma balada. Cadê a responsabilidade dela com essa maldita criança que carrega? Cadê a responsabilidade dela com Arthur, que provavelmente está com alguém que não é a mãe nesse momento?

Um incomodo me tomou durante horas, me tirando o sono, e mesmo que eu não quisesse, era inevitável ir em suas fotos marcadas de tempos em tempos, incapaz de acreditar que ela realmente tenha ido para uma balada em plena terça feira duas da manhã. E o pior de tudo era imaginar que ela estaria com certeza com Renan nessa merda de balada, e se não com ele, sozinha, vulnerável á qualquer um, ainda mais depois de perceber seu estado no telefone, era óbvio que ela não estava em condições de se cuidar sozinha, ainda mais grávida!

Mas porra, por que estou me preocupando tanto com essa bandida? Eu não tenho mais nada a ver coma  vida dela, e foda-se sua vulnerabilidade, seu estado descontrolado ou a merda da criança filha do Renan que ela carregava. Eu não me importava.

Minto! Me importava. Importava e muito, e isso ficou mais do que claro, quado em minhas incontáveis visitas as fotos que foi marcada, algo me tirou dos eixos.

"Carolzinha e seu dom de só ter amigas lindas! Foi um prazer @dudacampos. Temos que repetir novamente ein?!"

Xinguei mil vezes ao ver aquela foto. Maldita, filha da mãe! Então aquela vaca foi mesmo pra balada? E ainda com um cara desconhecido? É Duda, você me decepciona á cada vez mais. 

Me decepciona pois achei que nosso término iria no mínimo levar a você metade da tristeza que me gera. Me decepciona saber que enquanto eu ainda não consigo engolir tudo, você está seguindo a sua vida como se fossemos realmente uma página virada da sua história. E quer saber? Vou fazer o mesmo! Não, não vou me rebaixar ao seu nível de fingir que nada que vivemos foi forte o suficiente para gerar efeitos colaterais com o seu fim. Mas a parte de viver a minha vida, e deixá-la naquela página do passado... Ah, isso sim eu vou fazer, e vou fazer com muito orgulho. Essa maldita loira linda dos olhos verdes, não tem mais uma lágrima ou lamento meu! Nem que pra isso eu precise mudar de nome e sobrenome!

06 de Janeiro - Curitiba-PR

15:43, estou á caminho da rádio, minha péssima noite quase em claro surtiu efeito em meu humor quase insuportável, confesso, ando um saco de pessoa nos últimos dias. Sinto meu celular vibrar no bolso da calça. Olho quem é. Já virou rotina suas insistentes mensagens, e depois da sua noitada de ontem, tenho que admitir estar curioso pra ler o que ela me enviou dessa vez.:

"E ontem, no fim da noite, quando eu decidi que estava ótima, afinal, tenho uma vida incrível e nem amava mesmo você, eu me lembro de coisas que nós dois vivemos e começo a amar você de um jeito que, infelizmente, não se parece nada com pouco amor! E também não se parece nada com algo prestes á se acabar de uma vez por todas... Ainda te amo!"

Suspirei relendo sua mensagem, e como todas as outras, á apaguei. Mas dessa vez não visualizei e não respondi. Respondi com clareza um "Já acabou!" e antes de dá-la tempo de iniciar uma conversa, bloqueei meu celular me concentrando no meu trabalho. 

Na rádio, cantei, conheci fãs participantes de promoções, e na hora da entrevista minha equipe deixou claro que perguntas pessoas estavam proibidas. Por tempos, consegui me distrair. Eu jamais conseguiria explicar o poder que a música, que meu trabalho de fazer as pessoas sorrirem, tinham sobre mim. Levava todo o pesar e pensamentos ruins, e por ora, deixava-me leve e despreocupado de como recolocar meu coração em pedaços no lugar.

Pela noite, um pouco antes do show, recebi a ligação do meu pai. Arthur estava por ali, e fez questão de me cobrar algo que nem se passava em minha mente nos últimos dias: sua viajem de aniversário á Disney.

Fingi que estava tudo certo, e que em breve iriamos, e sua pergunta me pegou desprevenido.

Arthur: - Eu sei que você a mamãe não estão mais juntos, mas vamos nós três né? Eu não quero ir só com um de vocês!

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Não tinha se quer pensado nisso quando Arthur me relembrou sua viajem, e por ora, a minha mágoa de Duda era tão grande, que eu não mediria consequências para ficar longe dela. Mas por outro lado, havia meu filho, e seu tão esperado presente de aniversário que eu lhe prometi. Estava em uma encruzilhada, e mais da metade de mim, já tinha a resposta a sua pergunta, que resposta uma ou outra, um de nós sairia machucado, querendo eu ou não.

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2/5
E agoraa... Vai os três ou não????
PS.: Amanhã todos os comentários da maratona serão respondidos ;) ♥



Comentários

  1. Olha.. sinto muito se ficou chateada pelo que eu falei, mas pensa comigo nem todo mundo tem seu número ou te acompanha por todas as rede sociais eu por exemplo não te acompanho, e outra não fiquei chateada por você não ter postado fiquei triste por não ter tido nenhuma justificativa, enfim se leu meu desabafo vai entender. Adoro sua fanfic ja comentei várias vezes que gosto dela espero que me entenda.. assim como compreendi você apesar de ter desabafado

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    1. Oi linda! Entendo super o seu lado e até gostaria de me desculpar também. Eu sempre me justifico pelos grupos e nunca por aqui, não gosto de encher o Blogger com outra coisa que não seja a Fic... Enfim, desculpa por esse mal entendido todo, e assim como vc me entendeu eu tbm te entendo! Obrigado pela sinceridade e por mesmo assim ainda ler. Enfim, obrigado mesmo, um beijo, espero que goste dos capítulos :)

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  2. Luanzinho ta chato pra caralho hein,grosseria do caramba...
    Quero só ver ele com remosso depois ...vai ter que sofrer

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    1. Hahahahahahaha concordo supeeeeer! Vai ter gente chorando horrores o "leite derramado"

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  3. A cada capítulo que leio me apaixonou mais por essa fic,continua ♡

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  4. Vai acabar a maratona hoje ainda?
    Ansiosa pelo próximo... Já tava com saudade dessa fic maravilhosa...cnt

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    1. Demorei alguns minutos mas acabei ela! :) e eu tbm estava morrendooooo de saudades de vcs!!!! Bjooos ❤❤

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  5. Cara, eu só quero saber é da volta do casal e do anal que a gente tá esperando a um tempão kkk

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    1. Meu Deus hahahahahahaha vcs não perdem uma!!!! Eita mente de elefante hahahahahahaha beijoos

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