155 - "Trégua"?

Já estava em casa depois de belas horas na piscina com Bruna, quando meu celular tocou. Luan me ligava através do whatsapp, e ansiosa para saber como tudo estava indo, atendi animada.

Arthur: - Mãe! Tudo bem? Como você tá? Nossa mãe, aqui é incrível! 

Duda: - Eu tô bem e você? Me conta tudo, como andam as coisas por ai? Se divertindo muito?

Arthur: - Um pouco. Passamos a metade do dia vendo Harry Potter, meu pai é um saco com essa coisa! E agora ele tá todo caladão e estranho.

Duda: - Por que você enjoou de Harry Potter? - perguntei rindo, era bem a cara do Luan isso

Arthur: - Acho que não. A gente meio que brigou. - falou sem jeito e bem baixo, parecia não querer que o pai ouvisse

Duda: - Meio que brigou? Como que foi isso? O que você aprontou Arthur?!

Arthur: - Eu não aprontei nada! Não é você que me diz que eu tenho que sempre falar a verdade? Eu só fiz isso!

Duda: - O que você disse pra ele Arthur? - perguntei em um suspiro. Arthur andava chateado com o pai desde que eu em partes lhe contei a verdade dos fatos, e eu temia pela relação dos dois

Arthur: - Eu só disse que ele não servia pra ser nem o irmão mais velho do nosso bebê, e que agora entendia o por que dele ta fugindo de ser pai!

Duda: - Arthur! Você não pode falar essas coisas pro seu pai!

Arthur: - Eu só fui sincero! Não briga comigo! Ele já tá todo estranho e pensativo, sei que tá chateado, não faz isso você também!

Respirei fundo e fechei os olhos.

Duda: - Arthur, o seu pai te ama, e isso é problema apenas meu e dele. Você não precisa e nem tem que se preocupar com isso filho! - falei tentando soar o mais calma possível

Arthur: - Mas ele é um cabeça dura! E como o tio Renan falou, só por que ele é o Luan Santana, ninguém tem coragem de danar com ele!

Duda: - Não fala do Renan perto dele amor! - pedi serena

Arthur: - Nossa, você tá igualzinha o meu pai! - ouvi-o suspirar e podia jurar que ele revirava seus olhinhos

Duda; - Por que, ele te disse isso hoje? - perguntei espantada

Arthur: - Disse. E ficou todo estressado por que falei dele! Nossa mãe, você não tem noção, ele tá um chato hoje!

Acabei rindo de Arthur, e logo ele começou a me contar das coisas que viu me arrancando sorrisos. Pelo menos ele estava se divertindo, apesar do seu tédio perceptível pelo modo como o pai estava, o que me deixou um pouco preocupada. Será mesmo que Arthur havia falado somente aquilo?! Desejei para que sim, pois conhecendo meu filho como conheço, sei que ele tomaria todas as minhas dores. Fui obrigada a encerrar a ligação quando um forte enjoo causado pela imagem de comida na TV me fez correr para o banheiro, mal me dando tempo de me despedir de Arthur.

*Luan Narrando

Estava na sacada do nosso quarto de hotel. Olhava aquela infinidade de luzes e formas. Orlando era incrível! Em meu copo, o Whisky quase já acabado me fazia pensar em somente um par de olhos verdes. Suspirei balançando o copo observando o movimentar do gelo quando me assustei com a presença de Arthur que silenciosamente se sentou ao meu lado encarando a paisagem. O olhei a espera de que ele falasse algo. Desde que ele me disse quase um texto em defesa da sua mãe, nosso dialogo  não era dos melhores.

Arthur: - A gente pode ir fazer compras amanhã? - interrompeu o silêncio enquanto balançava as pernas que não alcançavam o chão.

Luan: - Pode. - o encarei - Quer comprar o que?

Arthur: - Um presente. Pra minha mãe e meu irmãozinho. - suspirei e voltei á olhar pra frente assentindo em silêncio - Ela tá passando mal sabia? - voltei á olhá-lo, mas não pronunciei nada - Ela desligou correndo. Com certeza iria vomitar. Não sei como ela consegue. As vezes ela não tem nem o que vomitar e mesmo assim... Ah, você não quer falar dela né? Desculpa! - falou e desviou seu olhar 

Luan: - Não, pode continuar. - murmurei surpreendendo a mim mesmo, em partes estava curioso em saber como foram os últimos dias para ela

Arthur: - Nós achamos que é um menino! Seria incrível não é? Ela disse que vai me deixar escolher o nome se for mesmo. Pensei em Henrique, mas acho que é nome de velho. Pensei em Rafael, mas ela não deixou, ai pensei em Mateus, ela gostou e disse que eu que decido. Ainda vou estudar outros nomes, mas esse me agradou.

Arthur parou de falar e me encarou como quem pedia minha opinião, mas eu não tinha o que falar, suas palavras eram como mexer em uma ferida aberta. Apenas assenti para que ele prosseguisse e coloquei mais bebida em meu copo.

Arthur: - Ela disse que vai demorar pro neném saber, e que na próxima consulta já vamos ter a certeza de que é um menino. Ela me deixou escolher a decoração do quarto dele. Vamos começar a montar assim que eu voltar! Mas antes vamos pra Campo Grande, ela disse que tá sentindo muita falta da vida dela lá. Meu irmãozinho vai gostar de lá. acho até que se ele nascesse lá...

Luan: - Não! - protestei de imediato, outra vez me assustei com a palavra que de forma automática saiu da minha boca

Arthur: -Por que não? Lá é uma boa cidade, e tem meu vô e minha vô pra cuidar da mamãe e do bebê. Tem a madrinha Laís também. Daqui uns dias não vou aguentar sozinho toda essa loucura da minha mãe. Nas mesma hora que ela fica brava comigo ela começa a chorar e pedir desculpas. Da vontade de rir, mas as vezes me estressa! É muita coisa pra alguém do meu tamanho não acha? E quando ela parar com os enjoos, vai comer feito um animal, o Douglas me disse isso, e sinceramente? Dizem que grávidas fazem misturas nojentas, e quem não vai ter estômago para aguentar tudo isso sou eu...

Ouvi meu filho falar por incontáveis minutos e me permiti rir de algumas das suas perspectivas. Suas ansiedades, alegrias e futuro giravam inteiramente em torno da gravidez de Duda, e em partes me senti culpado por mesmo que de forma tão simples e bonita, ele estar querendo lidar com toda essa responsabilidade que ultrapassava até mesmo o seu pequeno tamanho.

Arthur: - Você tem que parar de beber! Tá com o olho de lágrima, não vai começar a chorar igual uma grávida louca né?!

Luan: - Eu só tô com sono Arthur, não é lágrima! - ri de leve, quando na verdade minha mente vagava apenas em Duda e em tudo o que Arthur me disse

FlashBack On:

"Duda: - Pelo amor de Deus Luan! Larga de paranóia! O cara só me cumprimentou! Eu estava ao seu lado ali, queria que ele me ignorasse?!  - perguntou tirando os saltos com raiva e jogando em qualquer canto do quarto de hotel

Luan: - Ele tava olhando pros seus peitos Duda! Não é possível que você não perceba! Pelo amor de Deus, você também se faz de boba! - passei a mão no meu cabelo sentindo a minha raiva e ciúmes só crescerem 

Duda: - Realmente eu devo ser muito boba mesmo, pra viajar tantos quilômetros e sempre ser a mesma coisa: chegar aqui e a gente só brigar e brigar! Não sei como eu ainda insisto em te acompanhar!

Luan: - Olha, se tá difícil pra você me acompanhar, fica a vontade pra deixar de fazer isso. Só não espere de mim...

Duda: - Esperar? A única coisas que eu espero da gente ultimamente é a certeza de que vamos brigar Luan! - me interrompeu passando a mão no rosto - Quer saber? Eu vou voltar pra casa, até você acabar os shows da semana você já se acalmou e quem sabe por um milagre divino a gente não brigue nesse dia! - falou pegando a sua mala e a abrindo sobre a cama. Quando vi ela pegar uma calça jeans e uma blusa de frio para se trocar é que cai a ficha do que estava acontecendo

Luan: -  Não Duda, não faz isso! - pedi indo até ela - Ah, me desculpa cara, você sabe como sou louco de ciúmes por você! Não faz isso, olha aqui pra mim! - pedi atrás dela, coma  voz um pouco agoniada pela hipótese dela realmente ir

Á vi inspirar fundo e se virar ficando de frente pra mim.

Luan: - Desculpa vai. Eu errei e...

Duda: - Esse teu ciúmes vai acabar com a gente Luan! - falou sincera me olhando nos olhos

Luan: - Não vai! Eu não vou deixar ta legal? - envolvi meus braços em seus quadris e á puxei para mim, á colando em meu corpo sem deixar que nossos olhos se desgrudassem

Duda: - Então para! Para e confia mais em mim caramba! Eu te amo! - pediu baixinho me olhando diretamente. Suas mãos me abraçaram pelo pescoço e começaram a acarinhar minha nuca

Luan: - Eu vou tentar... Mas enquanto isso... Vai me perdoando? Você sabe como eu sou um cabeça duro ciumento e...

Duda: - Eu sempre te perdoo Luan. Fazer o que seu meu amor é maior? - sorriu de canto passando seu dedo por minha barba - Só confia mais em mim. Por favor! Eu nunca faria nada pra acabar com a gente. Traição não é a minha praia Luan, e dar moral pra outro cara só pra enciumar muito menos! Confia mais em mim vai? Por favor?!

Sua testa colou na minha e seus olhos se fecharam, como quem pedia uma súplica, e naquele momento, em pensamento e emoções, eu prometi á mim mesmo confiar mais nela e no nosso amor."

FlashBack Off:

Arthur: - Pai! Pai! Ô pai, acorda! Vai dormir na cama! - ouvia sua voz ao longe me chacoalhando, abri meus olhos meio perdido e vi que em meio ás lembranças acabei caindo no sono na varanda mesmo - Minha nossa! Que olho vermelho é esse? Você andou chorando? Eu te deixei menos de dez minutos sozinho pra ir no banheiro ver se conseguia eliminar as milhares de calorias que você me fez comer hoje e nesse tempinho só, você chora e dorme feito uma mulherzinha grávida? Ah pai, eu esperava mais de você!

Arthur me deu as costas e voltou pro quarto. Foi inevitável não sorrir do jeito esperto dele. Olhei meu copo e vi que ainda havia um restinho ali. O virei e fui pra dentro ainda com a mente nas lembranças com Duda.

Apesar do quarto ter duas camas, Arthur disse que não abriria mão da de casal extremamente confortável para dormir na de solteiro, não me importei e acabamos dividindo aquele enorme paraíso que meu corpo tanto ansiava. 

Arthur: - Boa noite pai. Pensa direitinho em como minha mãe deve estar lá sozinha com meu irmão na barriga e tenha bons sonhos. - falou de um jeito um pouco perturbador pra mim. O olhei incrédulo. O que diabos esse garoto estava tentando fazer? Afinal, ele iria cooperar comigo nessa maldita viajem ou não?!

Bufei quando ele apagou o abajur ao seu lado e se virou de costas. Em outros tempos ele não pararia de falar empolgadíssimo com a ideia de estarmos em uma viajem internacional sozinhos. Mas agora, pelo jeito chateado comigo, tudo o que tentava fazer era ferrar com o meu emocional.

Fechei os olhos e me lembrei da cena que quase que revivi em meu sonho. Me lembrava perfeitamente daquele dia. Ela estava linda em um vestido vermelho colado, e no camarim, quando o contratante veio me ver, jurei o pegar babando em seu decote. Duda toda delicada e educada nem percebeu,  mas eu percebi bem e acabamos discutindo, afinal, era a única coisa que sabíamos fazer nos últimos meses. Mas daquela vez o desfecho foi diferente, e sua súplica para eu confiar mais nela ecoou tanto na minha mente que voltou á tona logo agora, nessa situação que o que mais envolvia era justamente a minha falta de confiança nela. Lembrei-me das palavras de Arthur e ri negando. Se ele soubesse também teria jogado na minha cara que prometi confiar mais nela naquele dia e que errei, ao não cumprir. Suspirei. Que saudade de quando tudo era mais simples. Eu sentia ciúmes, a gente discutia, eu pedia desculpas, ela me perdoava e sempre acabávamos na cama. Como tudo podia ser simples assim outra vez.

 Sem sono fui mexer no celular, mas apesar disso não queria falar com ninguém. Vi uma foto que me fez rir. Laís e Rober. Ele finalmente assumiu e postou uma foto dos dois com uma legenda pra lá de romântica. Não resisti á zoar um pouco e fiz um comentário na foto de que finalmente os dois desencalharam. Minhas fãs ao verem isso fizeram a maior algazarra, e como sempre conseguiram travar o meu celular ao saberem que eu estava "online".

Atualizei o feed e a maioria do que aparecia eram prints do meu comentário, mas dentre as fotos publicadas á poucos segundos, uma me fez suspirar e sentir meu corpo todo em chamas:

" @brusantanareal  ✌"

Pisquei várias vezes revendo aquela foto. Maldita loira linda! Em um gesto instintivo passei meu dedo na tela pelo seu corpo. Ah seu corpo... como eu sentia saudades. Meus olhos vagaram por sua barriga. Realmente se eu não tivesse a certeza, juro que não acreditaria que ela estivesse realmente grávida. Lembrei então de Arthur contar que ela mal come nos últimos dias já que sempre vomita após uma refeição. No fundo do meu peito, um certo sentimento ruim de talvez uma quase culpa me dominou. Fechei os olhos e quase que em letreiros gritantes parte da minha consciência tola e chifruda gritavam que eu deveria cuidar dela.

Mas a minha parte sensata foi maior. Era dever de Renan fazer isso, e se ele não estava fazendo, eu que não deveria me meter.

Travei a tela do meu celular e o escuro dominou o quarto. Respirei fundo. Meus sentimentos pareceram se acalmar a penumbra e ao silêncio, e quase pude escutar no fundo da minha alma um pedido de socorro. Eu estava em um constante conflito com meus pensamentos, ações e lembranças, e tudo o que ouvi de Arthur hoje só contribuíram mais para tudo isso.

Fechei meus olhos e então eu senti saudades. Senti muitas saudades. Do sue toque, seu jeito, seu sorriso, sua forma de me fazer carinho e até mesmo da maneira que se aninhava a mim para dormir. 

Sim. Eu morri de saudades. Apesar de não acreditar na sua versão dos fatos, eu mesmo não admitindo a amava. Por uns segundos esqueci a gravidez, a traição, e como em uma das suas mensagens de dias atrás, lembrei-me que antes de tudo isso, fomos felizes. Ela me fez sim muito feliz, e ao analisar tudo, percebi que talvez eu pude ter sido rude demais com ela em algumas palavras.

Não pediria desculpas, não me arrependia, não via outra solução. As coisas assumiram o rumo que tiveram de assumir em consequência dos atos dela... Mas devo admitir e agradecer: ela me fez feliz enquanto pode!

E como forma de agradecer pelos meses em que estive ao seu lado, e por de vez um ponto final em todas as minhas discussões internas e talvez, saciar um pouco a sua mágoa, decidi de um jeito um pouco polêmico lhe mostrar que eu sabia que ela também me fez muito bem. Mas que agora, apesar disso, estava tudo acabado.

"Saudade é o preço que se paga por viver momentos inesquecíveis."

Tive vontade de colocar um "seja feliz" no final. Mas acabaria completamente com o clima de paz que eu queria estabelecer entre nós. Publiquei aquela foto que eu tanto amava sem pensar, e antes de ver as consequências dela, desliguei meu celular. Só espero que ela entenda o real significado da foto: que tudo pra mim acabou. Mas foi bom enquanto durou, e que apesar do que me fez, eu queria a paz entre nós, e quem sabe, futuramente, nada de mágoa na nossa relação, afinal, tinha uma criança nossa no meio daquilo tudo. Uma. Apenas Uma criança nossa.

Fechei os olhos e dessa vez consegui dormir, sem nem sonhar que metade do mundo cairia sob minha cabeça após essa declaração, e principalmente, sem nem imaginar que a reação de Duda quando á isso surpreenderia tanto a mim.

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Está perto do exame de DNA estar em mãos de Luan, e parece que tem alguém querendo dar uma "trégua" na má relação.... Será que isso é bom sinal? Eu só um pequeno momento de fraqueza?

Só tenho uma coisa a dizer: Forninhos irão despencar quando Duda ver isso, e dessa vez, ela não vai agir se quer perto do que vem fazendo nos últimos dias...

Será que alguém acerta o que nossa Duda vulgo maluca cheia de hormônios irá aprontar?

Só garanto que dessa vez quem vai ter que "segurar essa barra que e gostar de você" não vai ser nem de perto ela! Uma possível reviravolta tá por vir, e quero só ver o que vocês esperam disso..

PS: Vale lembrar que apesar da "trégua", Luan ainda acredita cegamente que o filho não é dele. Essa contradição de loucura dela e insistência dele vai dar certo? Ou Arthur vai conseguir mudar o pai nessa viagem, começando pelo pedido de comprar pra Duda e bebê amanha? Vai dar coisa boa esse passeio?? Hm.... Quero só ver o que vocês tem a me dizer sobre essas questões hahaha

Espero que gostem do capítulo e mil vezes obrigada pelos comentários anteriores ♥