158 - Certezas

Senti um certo alivio quando a ligação foi atendida. Mas tudo acabou quando quem disse o "Alo" foi Laís e não Duda.

Luan: - Laís, sou eu, Luan

Laís: - Achei que fosse o Arthur - suspirou - Se eu soubesse que era você eu não teria nem atendido. O que você quer cara?

Luan: - Quero falar com a Duda!

Laís: - Pra que? Pra deixar ela mais mal ainda? Você não percebe que é só isso que você faz desde que voltou pra vida dela?! Caramba, deixa minha amiga em paz, ela já superou o fato de você ser moleque demais para assumir o filho de vocês, não precisa ligar no meio da tarde e fazer o coração dela acreditar inutilmente que você é homem o suficiente pra ela, por que você não é! Não sei se ela já te pediu, mas eu em nome do pai dela que está te odiando, e em nome de todo mundo que realmente ama ela te pedimos: Deixa ela em paz!

Luan: - Eu tenho um filho com ela Laís. Não dá pra ignorar isso e nunca mais falar com ela. Ta entendo isso? Ela é a mãe do meu filho, e não é por que você, o seu Pedro e o diabo a quatro ta me pedindo que vou deixar ela quieta. Eu me preocupo, sempre me preocupei. Dá pra passar pra ela agora? Eu liguei pra falar com ela, se quisesse falar contigo ligaria no teu telefone!

Laís: - Você é mesmo um moleque, um grosso, machista! Caramba, não sei o que a Duda vê em você. Sorte dela e dessa criança você ser imbecil de mais em não assumir os dois. Quem tá saindo perdendo é só você, eles só ganham em não ter alguém tão egoísta quanto você na vida!

Luan: - Laís, caralho, você não ta me entendendo! Não liguei pra falar contigo, vai passar pra Duda ou não? Eu preciso falar com ela, e se você se lembrasse do seu afilhado pelo menos por um instante, que ele esta sozinho comigo em outro país, já teria calado a boca e me deixado falar com a mãe dele!

Á ouvi me xingar antes do que pareceu ser batidas em uma porta, em alguns instantes ouvi a voz aparentemente sonolenta de Duda.

Duda: - Luan? O que aconteceu?

Luan: - O que aconteceu? Eu que te pergunto o que aconteceu! - falei um pouco nervoso. Já estava atordoado com as possibilidades e a conversa com Laís só me irritou ainda mais

Duda: - Você quem me liga e eu que tenho que te falar o que ta havendo? Você pirou Luan? Cadê o Arthur? Ta tudo bem com ele?

Sua voz era mole e fraca, parecia até que tinha tomado boas doses de remédio e aquilo só me preocupou mais.

Luan: - Como tá o bebê Duda? - falei agoniado enquanto andava de um lado para o outro na porta do estabelecimento

Duda: - E desde quando você se preocupa Luan? - suspirou aparentemente entediada

Luan: - Você não diz que eu sou o pai? Então! Eu quero saber! Como vocês estão? Me diz que foi só um susto aquela foto no hospital - pedi de olhos fechados. Duda me conhecia e sabia exatamente quando eu expunha minhas fraquezas como agora

Um silêncio ensurdecedor tomou a linha, e rezei para que fosse apenas um susto da parte dela por eu ter mencionado o bebê. Mas ela nada falou e aquilo me desesperou mais ainda. Eu ouvia sua respiração e ao que tudo indica ela estava tão fragilizada quanto eu,

Luan: - Duda, pelo amor de Deus, me diz que vocês estão bem e que não aconteceu o mesmo de meses atrás. Só... só me diz que esse bebê ainda esta ai com você! - pedi, dessa vez surpreendendo até a mim mesmo com a urgência da minha voz. Só agora admiti a mim mesmo. Mesmo que meu cérebro dissesse ao contrário, meu coração ainda sim, depois de tanto sofrer, acreditava na verdade das palavras dela. E a briga entre razão e emoção me deixaram louco. A emoção estava ganhando. O medo da perca me desesperou, e só percebi o tamanho incontável disso ao ver o meu desespero e angústia ao falar agora com Duda de olhos marejados

Duda: - Ta... Ta tudo bem Luan. - falou em um sussurro. Á conhecia o suficiente para saber quando ela prendia o choro. Mesmo com isso, o alivio que me tomou foi libertador. Uma sensação única e indescritível que pareceu retirar mil quilos das minhas costas. - Foi só um susto. Tive desejo, comi e comecei a passar muito mal... Ta acontecendo sempre quando como mas dessa vez... - Duda parou de falar por segundos, queria a sua continuação do fato, mas suas palavras seguintes não foram isso - Ah, pra que eu estou te dizendo isso? Você nem liga!

Luan: - Eu me preocupo Eduarda. Você sabe que sim!

Duda: - Preocupa? - riu - Luan, se não for pra você fazer o seu papel de pai, não me liga me iludindo que você possa ter mudado! Não faz isso comigo, você já me machucou demais, não é o suficiente pra você? - sua voz era embargada e aquilo me doeu. Desde que terminamos era a primeira vez que conversávamos daquela forma.

Luan: - Você não é a única machucada da história Duda. - respirei fundo - Vê meu lado também caramba! Eu tô tentando, tô...

Duda: - Tentando o que? Me machucar mais? Me humilhar mais? Minha cota de sofrimento e humilhação por você já deram Luan! Eu não preciso mais que você assuma esse filho pra eu ser feliz ou viver em paz. Você pode até ter sofrido Luan, mas pior foi eu, estou sofrendo as consequências de algo que eu não fiz, e de quebra ainda estou envolvendo duas crianças inocentes nisso. Você ainda quer mais? - percebi a indignação na sua voz, e quando eu ia responder ouvi uma voz masculina de fundo. Tentei decifrar quem era ou o que dizia, mas eu não consegui entender. Logo tudo ficou claro quando ao invés de Duda, Pedro quem falou na linha

Pedro; - Não tá satisfeito rapaz? Já tá fazendo minha filha sofrer muito, não tá bom pra você? Não liga mais pra ela Luan, você só estraga o estado de espírito dela quando faz isso!

Engoli em seco com as palavras do pai de Duda, mas nunca fui de me abaixar pra ninguém.

Luan: - Desculpa seu Pedro, mas ela é a minha do meu filho e temos uma ligação inacabável juntos. Não vou poder atender seu pedido.

Pedro: - Para de ser egoísta Luan! Não vê que só ta fazendo ela e o Arthur sofrer? Ou faz o seu papel ou estreita essa relação apenas ao Arthur. Não sai da vida dela querendo atormentar ela mesmo de longe. Eu não vou permitir que você faça isso!

Luan: - Seu Pedro eu...

Pedro: - Não quero saber Luan! Só quero que você esqueça que minha filha exista. Você fez a sua escolha, seu filho é só o Arthur e a partir de hoje seu assunto com a minha filha é somente sobre ele! Passar bem Luan!

Quase xinguei meu ex sogro quando ele desligou na minha cara. Que mania de merda as pessoas tinham em interferir na minha vida! Será que ninguém via o meu lado? Que eu tinha meus motivos para desconfiar, e que se eu desconfiei foi por que ela deu brecha? Mas não, todo mundo, como sempre preferia jogar toda a culpa em mim. Eu poderia sim estar errado, mas não errei sozinho. Não namorei sozinho e não fui o único a errar no nosso relacionamento. Duda tinha sua parcela de culpa, assim como eu também poderia ter a minha!

[...]

Não comentei sobre Duda ter parado no hospital com Arthur, ele era preocupado demais com a mãe, e com certeza iria querer interromper a viajem para vê-la.

Achamos uma loja de roupas e brinquedos infantis. Arthur parecia encantado e com certeza gastaria mais do que eu previ na viajem inteira com presentes para o irmão. Tentei parecer indiferente ao ver aquelas pecinhas tão pequeninas. Mas não deu. Era muita fofura, e quando vi uma sainha de babados rosa, de imediato imaginei uma menininha com os olhos de Duda á vestindo. Á peguei para comprar, me peguei sorrindo... Mas que droga eu estava fazendo? De repente, me vi tão envolvido quanto Arthur naquela loja,  e era inegável a sensação gostosa que me tomava ao comprar cada peça imaginando uma menininha de Duda... de Duda e minha ali!

Arthur: - Nossa! A gente comprou bastante coisas, acha que minha mãe vai gostar? - perguntou ao sairmos da loja carregando várias sacolas.

Luan: - Não sei, mas olha que legal isso! - apertei um brinquedinho estranho que abriu a boca e fez um barulho tão estranho quanto sua aparência

Arthur se assustou e deu um passo para trás quando o brinquedo acendeu seus "olhos" vermelhos. Gargalhei sem parar com seu susto.

Arthur: - Você não vai levar isso! Quer matar o bebê nas primeiras semanas? Isso dá medo!

Luan: - Ah para! é bonitinho! Vai que o bebê tá chorando muito... coloca esse negócinho na cara dele e o susto vai ser tão grande que vai parar na hora!

Arthur me olhou arregalado e riu negando.

Arthur: - Ainda bem que você não quer ser o pai dele! Tô começando a achar que é melhor assim! - fez careta olhando o bichinho

Encarei Arthur indignado. Qual é? Ele não me achava um bom pai? Porra, que senso de humor de oitenta anos que ele tinha!

Revirei os olhos e guardei aquele trocinho na sacola de novo. Gostei daquilo e já estava até planejando altos jeitos de assustar Arthur com aquilo durante a noite.


Não falei mais com Duda até o dia seguinte. Arthur conversou com ela por áudios no whats. e o assunto dos dois eram as coisas mais bobas do mundo o que me arrancou risadas quando mesmo do banheiro ou ouvia o que diziam. Duda parecia estar melhor e aquilo me acalmou.

Diferente das duas últimas noites, não fui beber para tentar esquecer meus problemas. Preferi dormir para quem sabe em sonho Deus atender minhas orações e me mostrar o rumo ao qual seguir. Como sempre ele atendeu minhas preces, e não consegui pregar mais olho após o sonho arrepiante que tive.

Era com Duda. Com Duda e com um bebê lindo. Diferente do que eu achava não era uma menina, e sim um lindo garotão. Eu tentava de todo jeito me aproximar, mas era impossível. Parecia haver uma parede invisível que me separava deles. Duda estava linda. Mais delicada do que nunca enquanto ninava o pequeno o levando ao sono. Eu sorria bobo os olhando, até algo me tocar. Olhei para baixo e vi um olhar que dilacerou meu coração. Era Arthur. A decepção, a mágoa e a raiva em que continha no seu olhar direcionado á mim, fez a parede invisível dobrar de tamanho. Agora eu não conseguia tocar se quer nele, e a distância sufocante parecia só aumentar. De longe eu os via. Lindos e felizes cuidando do pequeno bebê no colo dela. Meu coração clamava pelos três, e a distância só aumentava... Mais e mais... apenas aumentava!


Acordei num sobressalto. Meu coração mais apertado do que nunca. Eu parecia ter a certeza. Enfim no fundo eu tive a certeza. Deus em sonhos pareceu me mostrar. Aquele filho era mesmo meu!

Comentários

  1. Será Que não vai ser tarde de mais ?

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  2. Só Deus mostrando no sonho pro otario acordar pra vida

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  3. Por favor Bianca volta logo. Chegue logo esse resultado. Minha ansiedade ta me matando e o Prozac não está ajudando.

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  4. Agoraaaaa vc vai sofrer cantor 😠 pelomenos um pouco pra aprender !!!

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  5. Você escreve demais Parabéns sua fanfic é perfeita quero que o luan sofra um pouquinho pra aprender a controlar seu ciúme quero mais bia não demora pra postar não. Mariana

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