162 - A Verdade

Assim que meu pai mandou a imagem daquele exame, meus olhos rolaram por todo ele de forma desesperada, até um POSITIVO tirar todo o chão abaixo dos meus pés. Me faltou ar, me sobrou emoção. Exalou meu remorso e eu quase não tive reação. Minhas lágrimas caíram sobre a tela do meu celular. Abaixei a cabeça praguejando. Ela sempre teve razão. Sempre! Lembrei-me de tudo o que fiz naquele reveillon. Era pra ser o início de uma nova fase da nossa vida e eu estraguei tudo. Disse tantas coisas horríveis pra ela e ainda á difamei perante todos presente. Mesmo bêbado, eu ainda tinha total responsabilidade dos meus atos. Lembrei-me então de todas as mensagens que ela me mandou, todos os dias. Do tanto que ela tentou me fazer enxergar a verdade, das súplicas chorosas que sua voz faziam, até mesmo dos conselhos de Bruna e Arthur. Eles sempre estiveram ali, com a verdade apontada na minha cara, e tudo o que eu fiz foi fechar os olhos para ela. A dor, arrependimento e nojo de mim mesmo inundaram meu corpo. Eu fui capaz de magoar, humilhar e decepcionar a mulher que mais se sacrificou por mim na vida. Fui capaz de me referir ao meu próprio filha como algo que eu repudiava. Fui capaz de ter ódio de uma criança que com tanta pureza, só iria me amar e dependeria de mim pra quase tudo. Eu fui um monstro por meses e se quer percebi.

Arthur: - Por que você ta chorando pai? - perguntou baixo pairando a minha frente

Não o respondi, apenas o abracei forte. Pensar que neguei o amor de uma mulher, e de uma criança que se quer tinha vindo ao mundo fizeram de mim o cara que eu menos esperei ser um dia. A criança que eu fui, jamais pensou em um dia ser o homem deplorável que me tornei por conta de um ciúmes doentio.

Arthur: - Pai, o senhor tá bem? - perguntou preocupado se afastando do abraço que eu lhe dava para me encarar

Luan: - Sabe, você é mesmo a luz da minha vida! - assumi chorando enquanto passava a mão em seu cabelo

Arthur: -  Por que ta me dizendo isso? - questionou com uma cara de extrema dúvida

Luan: - Se não fosse você, essa viagem e as coisas que me disse, eu não teria caído em mim nunca! - olhei os olhinhos de Arthur me encarando ainda tão confuso e acabei rindo em meio ao choro. A alegria de ter descoberto a tempo de tentar remediar, a alegria de ser pai depois de perder um bebê me veio a tona. Mesmo com o peito doendo pelo o que fiz, me permiti rir quando uma alegria me inundou

Arthur: - O que ta acontecendo?

Luan: - Eu vou ser pai! De novo! - falei rindo, Arthur estreitou os olhos - Pai Arthur, de novo! Vou ser pai! - cai na gargalhada, assumir aquilo em voz alta me deu um alívio insano. No fundo, eu sempre quis que aquela criança fosse realmente minha.

Arthur: - Você...

Luan: - Anda moleque, vai trocar de roupa, sua irmã não tem quase nada ainda! Temos que comprar! - baguncei os cabelos dele, e mesmo com o rosto molhado por lágrimas, pude sentir o sorriso imenso que eu carregava

Arthur esperto como era, pareceu ter sacado tudo naquele momento, me surpreendeu quando me abraçou forte e disse um "Eu te amo" no meu ouvido que eu não ouvia a tempos, antes de correr e ir se trocar.

Enquanto ele se vestia, encarei o nada. Sorria e chorava ao mesmo tempo. Por hora, dei espaço para a minha alegria ser maior que a decepção que eu sentia de mim mesmo.

Outra vez fui as comprar com Arthur, mas agora, bem mais animado ao entrar em uma lojinha de bebê do que antes. Arthur, crente que seria um  menino, só olhava coisas masculinas, porém eu a cada vez que via um peçinha pequena tão delicada e feminina, só conseguia ver uma bela menininha com os olhos de Duda. Meu coração parecia querer adivinhar o sexo dela. Como não percebi isso antes? Nenhuma ligação além de pai e filha me permitiria pensar tanto assim em uma criança. Estive tanto com a cabeça numa possível traição, que se quer me dei conta que a "certeza" de que ela realmente ocorreu, poderia estar errada. Fui um puta egoísta que deixou Duda de lado em um dos momentos que deveriam ser o melhor de nossas vidas: nossa primeira gravidez juntos.

Arthur: - Pai, se o bebê for menino, o que você vai fazer com esse tanto de coisa rosa? - perguntou fazendo careta. Nunca gastei tanto sem medo como hoje

Luan: - Doar. E se for menina a gente doa essas coisas ai também!

Arthur: - Minha mãe vai surtar ao ver esse tanto de compra. Vou falar que você me obrigou! - ri dele e voltamos para o hotel.

A noite saímos e passeamos por todos os lugares possíveis. A Disney a noite era um encanto sem fim até mesmo pra mim, um homem já adulto.

Quando chegamos já bem tarde, pedimos mais coisas para comer, mesmo já tendo comido na rua, queríamos aproveitar de tudo naquela nossa última noite ali. Pulamos na cama e ficamos quase uma hora na banheira fazendo graça. Apesar da escuridão no fundo do meu peito, á tempos eu não me sentia feliz como hoje.

Quando já era tarde da madrugada, decidi colocar Arthur para dormir, afinal, amanhã a viagem seria longa, enquanto ele tentava dormir, eu, completamente sem sono fui mexer em meu celular. Pensei em conversar com Duda, mas resolvi que tudo isso poderia esperar amanhã, quando estivéssemos cara a cara e eu poderia lhe pedir perdão lhe olhando nos olhos. Mesmo assim, minha curiosidade e saudade dela não descansaram até eu procurar por notícias suas. E vi o que eu queria: ela em uma foto recente com o sorriso mais lindo do mundo!

"#BDayVoCecilia  - Muito amor envolvido <3"

Depois de curtir aquela foto, mesmo sabendo o auê que essa simples atitude iria dar, fiquei encarando aquele sorriso sincero e lindo. De imediato me lembrei de uma das minhas lembranças mais especiais que sua avó me trazia.

Flash Back On:

"Duda: - A gente vai contar só pra minha avó e pra mais ninguém! - falava daquele jeitinho mandona

Luan: - Por quê? A gente ta namorando a uma semana já!

Duda: - Mas só ela vai saber por enquanto. Você é a paixão das meninas do colégio, depois você me larga e eu fico com cara de retardada de menina que namorou por uma semana! - revirei os olhos

Luan: - Para com isso maluca! Olha, come pão de queijo! - falei enfiando um na minha boca e entregando outro a ela, por sua vó ter acabado de fazer, a quitanda estava quente o que me fez queimar a boca e Duda cair na gargalhada

Cecília: - Queimou a boca meu filho? - chegou preocupada trazendo suco pra mim e para a neta

Duda: - Ele passa fome vó! - riu

Cecília: - Não brinca com isso menina! Toma um pouco de suco Rafael 

Luan: - Você me chama pelo meu segundo nome, bem que podia chamar a Duda pelo primeiro! - falei rindo, sabendo bem que ela odiava o "Maria" do seu nome

Dona cecília riu negando.

Cecília: - Você tem cara de Rafael, por isso te chamo assim. Rafael é nome de artista, você vai ser um! Já Maria é nome de gente da minha idade, Dudinha não tem cara de velha! - sorriu carinhosa passando a mão nos cabelos da neta

Luan: - Sabia que a gente ta namorando dona Cecília? - falei rápido, engolindo o pão de queijo para não ter que dizer mais nada, Duda me olhou arregalada e brava, para a minha surpresa dona Cecília apenas riu

Cecília: - E quem não sabe? Vivem grudados de uns dias pra cá. Sem contar no beijo na pracinha que eu vi! - riu negando e tanto eu quanto Duda ficamos arregalados - Eu tava indo ver a Dona Rosa - explicou o nossa flagra - Cuida bem da minha neta menino, mesmo quando você ficar famoso, não esquece dessa maluquinha! - disse serena antes de acariciar meu cabelo"

Flash Back Off

Me peguei rindo sozinho daquela lembrança. No início do namoro, eu morria de medo do pai da Duda, e por muitas vezes dona Cecília sempre nos acobertava de coração aberto até eu tomar coragem de falar com seu Pedro. Lembrar daquela velhinha e ver sua imagem já tão mais desgastada pelo tempo fez algo no meu peito doer. Eu precisava vê-la um dia desses. Dona Cecília foi uma das pessoas que sempre acreditou em mim, e sua fé tão grande que eu me tornaria um grande artista, por muitas vezes me lembrou minha falecida avó.

Bloqueei a tela do meu celular e decidi tentar dormir também, mas ao fechar os olhos a única coisa que me vinha em mente era a merda que fiz da minha vida. Eu nunca me perdoaria pelo meu erro, e se Duda também não me perdoasse eu entenderia. Apesar da compreensão disso, era inevitável eu não sofrer por mim mesmo, decepcionado com o homem que por meses eu fui.

*Duda Narrando

Com a festa de aniversário da minha avó, que por sinal foi maravilhosamente incrível por ter tanta gente que eu amo presente, acabei não conseguindo dormir. Meu voo seria bem cedo para São Paulo no dia seguinte, e preferi por não dormir a aproveitar mais minha família. Quem me levou para o aeroporto foi meu pai, o voo atrasaria um pouco e por esse motivo ficamos conversando longos minutos. Sempre ao tocar no assunto Luan, meu repudiava a idéia de que um dia eu podesse o perdoar. Toda a admiração que meu pai sentia por ele, dissipou, e mesmo que eu tentasse lhe dizer que se houve o que houve é por que eu também tinha uma parcela de culpa, meu pai não aceitava o que eu tinha a dizer.

Para me livrar daquele assunto que eu já estava cansada, assim que foi liberada, eu fui a primeira á entrar no avião, numa tentativa bem sucedida de "escapar" do meu pai. Apesar de ter ouvido muitos conselhos dele, de minha mãe e minha avó nos dias que passei ali, eu já sabia exatamente o que fazer. Meu exame estava pronto, e Luan pagaria por ver quando chegasse.

Eliminando esse pensamento da minha mente, fui ver as fotos que tiramos no aniversário ontem a noite. Uma minha com minha avó e minha mãe me fez sorrir. Eu as amava tanto. Acabei postando mais uma foto daquela noite:

"Amor maior do mundo! Três gerações de muito amor! Já estou com saudades das minhas pequenas grandes mulheres!" 

Mesmo após publicar a foto, continuei á olhando. A altura de minha avó sempre foi motivo de brincadeira na família, e o fato dela ser tão baixinha, só me fazia querer apertá-la mais ainda. Tinha vontade de trazê-la para morar comigo, ficar perto dela sempre, mas ela jamais abriria mão de sua casinha na chácara. Amando a natureza como ama, dona Cecília me bateria apenas se eu propusesse isso á ela. O pensamento me fez rir. Bocejei de sono, e enfim fechei meus olhos á procura de um pouco de descanso.

[...]

Ao desembarcar em São Paulo, fui direto pra casa, morrendo de saudades do aconchego do meu lar. Entrei no whatsapp e Luan havia me mandado uma mensagem que estavam saindo de lá naquele momento, pedi a Deus que tudo ocorresse bem e fui responder as mensagens de Bruna que pedia que eu avisasse quando chegar. Fiz o que ela pediu e logo Bruna disse que estava saindo do shopping e que logo estaria aqui em casa com uma amiga. Apenas mandei um emoji e fui levar minhas malas para o quarto. Não resisti a cair sobre minha cama de forma relaxada. Fechei os olhos e me lembrei do exame. Liguei para Bruna e pedi que ela passasse em sua casa e o trouxesse quando vir. Esperaria Luan chegar com ele em mãos, e o esfregaria em sua cara. Não iria nem o abrir para não rasurar, queria ter o prazer de ver sua reação ao fazer isso.

Coloquei minha maça no closet, deixaria para a desfazer mais tarde, estava cansada pela noite em claro e o curto prazo de sono no avião. Para não cair no sono enquanto esperava Bruna, fui mexer em meu celular. Dentre as últimas postagens, uma de Luan que me chamou a atenção:

"Nunca uma viagem me marcou tanto e me fez refletir tanto quanto essa. Apenas eu e meu filho embarcamos rumo ao mundo encantado da Disney, e o meu maior presente nesse viajem - além da alegria constante de Arthur - foi ter aprendido tanto com meu pequeno. Reflexão e mais reflexão... Estou voltando hoje para o Brasil, mais feliz do que quando saí dai. O motivo? Ter o filho mais incrível do mundo, capaz de fazer em mim, pensamentos e emoções se dissiparem com sua opinião e jeito tão sábio e inocente de ver a vida. Como se possível, meu amor por ele e minha crença em Deus só aumentaram nessa viagem. Só tenho a agradecer a Deus por não ter desistido de mim, e me mandar através do meu filho a luz que eu tanto o pedi. Realmente aqui é o mundo dos sonhos, e um dos meus se realizou!... Tô voltando amoooooors! E morrendo de saudade dos palcos já!"

Fiquei inquieto com sua legenda? Que diabos Arthur teria o feito refletir? Será que sua rebeldia pelo pai não assumir o irmão teria amenizado e a ligação dos dois cresceu mais ainda? Torci para que sim!

Ainda relia aquela mensagem quando a foto do Luan estampou a tela do meu celular. Atendi a ligação e senti meu peito se encher de saudade quando ouvi a voz do meu filho, segundo ele, estavam no aeroporto, o pai havia errado a hora e ainda tinham longos minutos para esperarem. A voz de tédio de Arthur com a situação acabou me fazendo rir. Bem cara do Luan não perceber coisas tão óbvias, desligado como era.

Arthur: - Mãe, meu pai ta estranho! - falou me deixando de queixo franzido

Duda: - Você ta falando isso perto dele menino? - ri

Arthur: - Não, ele foi buscar coca cola pra gente! Tô vendo ele daqui, mas não dá pra ele me escutar.

Duda: - Por que você acha que ele ta estranho?

Arthur: - Sei lá, ele ta diferente comigo...

Duda: - Diferente como? Pra bom ou pra ruim?

Arthur: - Pra bom. E ontem ele... Ele levou pra comprar presentes pro bebê sem eu pedir. E comprou ele mesmo também... e não tava de cara feia. Ele me levou no estádio de futebol, andamos a cidade toda e ainda brincou de pular cama comigo. Sem contar que me deixou mexer no cabelo dele. Fomos pra banheira e ele deixou eu fazer um monte de penteado com a espuma nele.

Duda: - Ele só quer se aproximar mais de você meu bem. Você tava chateado com ele, e ele quer que você não fique mais. Não esta sendo bom essa mudança dele?

Arthur: - Ta! Ele já era o melhor pai, agora então não tem comparação! - falou animado e eu sorri, feliz pela felicidade do meu filho. Mãe eu vou desligar, meu pai ta me chamando com uma coisa enorme na mão. Parece ser gostoso. Beijos, fui!

Gargalhei dele e o disse um eu te amo antes de Arthur desligar. Suspirei e não dei conta de não imaginar Luan comprando coisas para o nosso filho. Bloqueei aquela imagem. Não queria me iludir. 

Uma fome louca tomou conta de mim, desci as escadas correndo e dentro do freezer achei alguns congelados, mesmo não sendo saudável não me importei, estava com fome e com preguiça de sair as compras naquele momento, além de aquilo ser muito mais rápido.

[...]

Depois de comer, fiquei sentada no sofá mexendo no celular, comecei a ouvir minhas músicas enquanto tirava meu esmalte, ao fim disso comecei a gravar alguns Snap's como forma de me distrair. Dentre as músicas uma que me fez suspirar. Louca de Saudade. Lembrei-me então da indireta de Luan. Quer saber? Eu estava realmente louca de saudades dele, mesmo ele não merecendo! Com as emoções exaltadas pelos hormônios, decidi gravar um snap ouvindo aquela música, sabendo bem que suas fãs faria aquilo chegar até ele

*Luan narrando:

Estava dentro do avião mexendo no celular, Arthur falava sem parar sobre como estava com saudades da mãe. Aquilo me fez pensar mais ainda nela e em tudo o que eu havia feito. Peguei meu celular e antes de decolarmos fui ver se ela havia respondido minha mensagem no whats a qual eu dizia que estavamos voltando. Duda respondeu apenas com alguns emojis, e isso só me fez suspirar ao lembrar de como ela era carinhosa e cuidadosa comigo quando namorávamos. Senti falta. Todos os dias. Mas eu não assumi a mim mesmo. Hoje, fui obrigado a admitir. 

Tirei uma selfie com Arthur  e á postei com a legenda apenas de um emoji de avião. Minhas fãs surtaram pela foto já que Arthur estava com a cabeça em meu ombro todo fofo. Nossos sorrisos estavam idênticos naquela foto, e aquilo só realçou mais ainda nossas semelhanças.

Ao publicá-la, mesmo raramente olhando minhas marcações, entediado fui ver. Minhas fãs eram rápidas e eu já esperava um texto lindo como legenda daquela foto postada naquele instante em vários fã-clubes. Entre minhas marcações, não era nada difícil ver fotos de Duda. As pessoas mesmo depois de terminarmos, ainda associava bastante nós dois. Mas uma mais recente me fez abrir a foto ao ver que era print de um Snap dela. Eu não usava muito o aplicativo, minhas fãs sem saber me atualizavam sempre do que rolava, tornando inútil eu ver algo que já sabia.

Ao abrir a foto meu coração disparou:

Era justamente a música que usei para atingi-lá após seu Snap visivelmente emocionada. O que eu fiz essa mulher passar não era digno de o caráter de um homem de verdade, e enxergar isso era mais doloroso do que qualquer um pode imaginar. Pior do que decepcionar alguém, é você decepcionar a si mesmo.

Eu sabia que Duda também havia errado. Um relacionamento não toma o rumo que o nosso tomou apenas por um dos lados. Nós dois erramos e deixamos nossos erros levarem a melhor. Mas eu sei que meu erro foi acima do dela. Duda me deu sim motivos para desconfiar.. eu desconfiei. E acima disso levei isso á publico difamando e á expondo á situações humilhantes que ela não precisaria de passar caso eu fosse um homem mais cabeça e mais confiante. Como ninguém mais no mundo vai entender, eu mesmo errado entendo os motivos que me levaram a crer que o filho não é meu, não achei errado da minha parte ter levado a situação a ponto de um exame de DNA. Duda me deu motivos para tal desconfiança. Porém eu não aceitava o fato de meu ciúmes me cegar tal forma que me deixou irracional até mesmo para não levar isso de forma civilizada. Fui homem ao duvidar dela e confrontar sua verdade, mas fui um moleque ao não ter provas concretas para fazer a besteira que fiz, e isso eu jamais iria perdoar a mim mesmo.

*Duda Narrando

Passei todo o meu dia na companhia de Bruna e Lenzi. Sim, sua amiga á qual eu tive crise de ciúmes por Luan. Lembrar daquilo me fez rir, mão não contei á elas, afinal, ainda não engolia muito aquela garota, apesar de ver como ela foi extremamente simpática em minha casa.

Bruna não tocou no assunto Luan para o meu alivio, e ao me entregar o exame, apenas me pediu para eu ter cautela, afinal, era o irmão dela, e Bruna jamais deixaria alguém machucá-lo.

Conversamos sobre tudo, afinal, três mulheres rendiam bosas risadas e fofocas. Tentamos fazer algumas receitas da internet e depois de horas de muita conversa ambas foram embora para suas casas assumindo terem compromissos. Bruna com seu quase novo namorado Breno, e Lenzi com outras amigas. Em pensamento agradeci quando ambas foram embora. Faltava poucas horas para Luan chegar, e eu queria estar com tudo na ponta da língua ao jogar o maldito exame em sua cara.

Queria me fazer de forte. Esperava muito por esse momento: o momento da verdade. Não queria estar com a aparência de quem vem chorando quase todos os dias, ou de quem passa mal por todas as manhãs. Também não queria parecer a mulher sem vaidade que fui nos últimos dias. Não queria aparecer pra Luan. Mas queria o mostrar que eu estava bem sem ele, e que sobrevivi ao seu erro. Mesmo que em partes tudo isso não fosse verdade.

Tomei um longo banho ouvindo uma música calma. Parte de mim ansiava pela vingança. Queria rir da cara de Luan quando ele visse o resultado do exame. 

Não passei nenhuma maquiagem, e coloquei apenas uma roupa casual: short jeans e blusa simples. Porem dei um bom trato na minha cara de quem estava sofrendo a meses e no cabelo de quem sentia o mesmo. 

Olhei no relógio, quase dez da noite. Faltava menos de uma hora para Luan estar aqui. Encarei-me no espelho e foi possível ver a raiva e desgosto que estampavam eles. Por um momento a enxurrada de coisas que eu tinha á dizer á ele me veio em mente... Nunca esperei tanto por um momento como espero por esse. Luan teria de me escutar, e pior, engolir a verdade farpada e tudo que eu tinha para despejar sobre ele, e convenhamos, era um peso gigante que eu carregava nas costas que iria jogar nele juntamente com aquele exame ao esfregá-lo em sua cara. Luan aprenderia a jamais humilhar uma mulher como fez naquele revillon, ao bêbado dizer tantas coisas horríveis sobre mim.