Cheguei á São Paulo exausto pela viagem cansativa. Mas além disso, exausto emocionalmente. Não deixei de pensar em Duda e em sua gravidez por nenhum momento.
Arthur dormia tranquilo, e o peguei no colo ao descermos do avião. Meu pai quem me pegou no aeroporto, Arthur ainda dormia quando o coloquei no banco de trás do carro, e meu pai ao perceber o meu silêncio sabia exatamente no que eu pensava.
Amarildo: - Vai falar com ela hoje? - perguntou após alguns instantes em silêncio no carro
Luan: - Não sei. - respirei fundo - Acho que ainda não tô preparado.
Amarildo: - Mas deveria estar. Ela pediu que a Bruna levasse o exame pra ela hoje. Ela não vai esperar mais até te provar que esteve sempre certa Luan. - apenas assenti olhando a janela - Eu estou envergonhado... por mim
Olhei-o sem entender.
Amarildo: - Essa garota sempre falou a verdade Luan, e olha o que fizemos: a levamos á um doutor pra provar a veracidade do que ela nos dizia...
Luan: - Também tô envergonhado pai, mas ela deu motivos pra isso. Ta difícil pra mim já, eu amo ela, mas não vou segurar o peso da culpa sozinho. Duda também tem culpa no cartório.
Meu pai assentiu consentindo e voltou a ficar em silêncio por longos minutos, até eu quebrá-lo. Meu pai era um dos homens mais sábios na minha opinião, e eu sinceramente não sabia o que fazer.
Luan: - O que eu faço?
Amarildo: - Seja sincero Luan. Com você mesmo, com ela, com seus sentimentos...
Luan: - Eu falar que sei que estou errado mas que ela também tem sua parcela de culpa não é muito inteligente julgando que ela vai estar demoniada. - falei fazendo careta e vi meu pai se virar rindo pra mim
Amarildo: - Demoniada?
Luan: - O senhor nunca viu aquela mulher nervosa! - falei me lembrando - Ela vira um animal com outro animal dentro. Não é de Deus aquilo. Quando acho que tô virando o jogo na briga, ela relembra algo de mil anos atrás e quase grita "truco" ao jogar aquilo na minha cara!
Ouvi a gargalhada do meu pai com aquela confissão e acabei rindo também, ao me lembrar das inúmeras brigas que tivemos.
Amarildo: - O melhor a se fazer agora é pedir perdão Luan. Mulher já sensível, grávida então tudo se torna mais intenso pra elas...
Luan: - Eu sei. - suspirei
Amarildo: - Não, não sabe. Você nunca conviveu com uma grávida como vai conviver a partir de agora. Uma grávida nunca precisou tanto de você como vai precisar a partir de agora... Ela vai precisar de você Luan, seus filhos vão precisar. Duda vai estar mais carente, mais sensível, e o pior: extremamente abalada por tudo o que aconteceu. Você vai ter que lidar com a intensidade dela em dobro, retomar a confiança dela e aprender que uma mulher grávida sempre tem razão, mesmo estando errada. Ela vai morrer de raiva de você por meses, mas a gravidez vai deixar seus sentimentos confusos. Ela vai te odiar bastante baseado no que você fez, mas as vezes, do nada, vai te ligar querendo apenas um pouco de afeto...
Respirei fundo absorvendo as palavras do meu pai. Fiquei calado, apesar de ter a certeza de que Duda não iria querer me ver nem pintado de ouro.
Luan: - Duda não faz o tipo mulher carente. Não quando alguém decepciona ela.
Amarildo: - Mas vai fazer!
Luan: - Você não conhece ela pai. Á essas horas ela deve estar pedindo a Deus pra tirar da cabeça dela os pensamentos assassinos que ela tem comigo.
Meu pai outra vez riu me fazendo negar. Eu conhecia Duda, e com certeza eu não estava equivocado.
Amarildo: - Independente disso Luan, o melhor a se fazer hoje é se calar. Se for pra abrir a boca, que seja pra se desculpar. Ela vai estar com raiva, magoada, desesperada, decepcionada... todos os sentimentos que ela trouxe consigo esses dias vai explodir em você feito uma bomba relógio. Em partes, ela tem esse direito. Por hoje você só precisa deixar ela descarregar tudo em você. Ela tá grávida, precisa disso, e acredite, ela vai ficar muito mais calma depois de ver sofrimento em você. Faz parte das mulheres a cede de vingança. Amanhã ou talvez mais tarde, depois dela ter enlouquecido em fúria você pode voltar a procurar ela e tentar ter uma conversa civilizada. Talvez não seja fácil, mas vocês agora tem outra criança á dividir os cuidados e educação. Ela sabe disso e como boa mãe vai saber que a criança precisa de você. Não vou te dizer que daqui pra frente as coisas vão ser fáceis por que não serão! Só quero que saiba meu filho, que a paciência terá de ser seu forte. Mulher é enigmática, e grávida mais ainda. Tenta ir com calma, não esquece que além de tudo ela ainda é uma mulher que te ama. Não usa isso contra ela, mas apenas saiba usar as coisas ao seu favor. Vai com calma e não esquece que você magoou muito ela. Entenda o tempo dela e não tente atropelar as coisas. Com o tempo, mesmo que demore as coisas chegam no lugar!
As palavras sábias de meu pai ecoou em minha mente até pararmos frente á casa dela. Suspirei e de imediato me lembrei do dia em que á presenteei com aquela mansão. Duda achou que fosse de uma "amiga" como planejei e seu ciúmes falou mais alto ao decorrer da surpresa. Sorri negando com aquele pensamento. Tudo entre mim e ela agora parecia tão distante...
Olhei no banco de trás e Arthur ainda dormia, encarei meu pai tentando achar coragem de entrar naquela casa ciente de que ela sempre falou a verdade e eu fiz o que fiz com ela, que á essa altura deve estar me odiando.
Luan: - Eu não tô com coragem de entrar lá! - admiti pro meu pai
Amarildo: - Seja homem Luan! - falou sorrindo de canto e dando um tapinha em meu ombro - Eu acho melhor vocês terem essa conversa sem o Arthur por perto. Ele já é magoado demais com essa história...
Luan: - Não! Com o Arthur em casa ela vai se controlar mais. Se tiver só nós dois eu não sei o que aquela maluca vai fazer comigo! - falei assustado e ouvi a risada do meu pai, mas não consegui sequer sorri, meu corpo estava todo tenso
Amarildo: - Então acho melhor você me deixar em casa primeiro e ficar com o carro a sua disposição caso tenha que correr. - falou tentando descontrair o clima
Assenti concordando e ganhei tempo para criar coragem no trajeto até em casa onde deixei meu pai que me desejou boa sorte. Voltei para casa de Duda e dessa vez fechei os olhos. Que seja o que Deus quiser!
Desliguei o carro e desci abrindo a porta traseira e pegando Arthur com cuidado para que ele não acordasse. Ao me virar com ele no colo levei um susto e engoli em seco. Duda viu que eu havia chegado e já havia abrido a porta, estava de braços cruzados frente ela. Por incrível que pareça uma onda de coragem me invadiu. Á encarei de cabeça erguida e não desviei nossos olhares duros um para o outro até estar frente á ela que me deu espaço para que passasse com nosso filho.
Duda: - Põem ele no quarto dele. A gente precisa conversar! - disse fechando a porta atrás de si.
Assenti e sem dizer nada subi as escadas até o quarto de Arthur. O deixei sobre a cama e tirei seu tênis antes de cobri-lo e deixar um beijo sobre sua testa.
O olhei por uma última vez e apaguei a luz fechando a porta do seu quarto. Respirei fundo antes de descer as escadas sem saber exatamente o que me esperava. Quase ao final dela tive uma surpresa. Duda estava de costas pra mim encarando uma das fotos presentes no painel da sala. Eu á reconheceria mesmo distante. Era a única foto em preto e branco dali. Eu, Duda e Arthur no aniversário de oito anos dele. A foto era espontânea e aquele foi o motivo de ter sido a nossa preferida dentre tantas.
Achei que Duda não tivesse me ouvido descer as escadas, por isso olhava aquela foto com o pensamento tão distante, mas me enganei. Ela se virou pra mim com o quadro em uma mão e um envelope em outro. Engoli em seco, sabia do que ele se tratava. Subi meu olhar de suas mãos para seu rosto. Ela não estava tão abatida como imaginei á encontrar. Porém seus olhos verdes não escondiam a falta daquele brilho que eu tanto amava.
Duda: - Você tá vendo isso aqui? - ergueu a foto pra mim e assenti me aproximando dela para pegar o quadro. Olhando-o mais de perto dei-me conta de que á dias eu não sorria mais como naquela foto - Formamos uma família linda não é mesmo? - ergui meu rosto e encarei ela sem saber onde ela queria chegar. Voltei á encarar a foto e assenti - Você sabe qual o valor disso pra mim Luan? Sabe quanto tempo eu desejei que você estivesse presente assim na vida do Arthur? - suspirei negando e tirei os olhos da foto, agora encarando seu olhar sem cessar - Tá sentindo no fundo do seu coração tudo o que essa foto um dia representou pra mim? Pro Arthur? Ou até mesmo pra você? - fiquei quieto por um instante, meus olhos voltando a vagar por sobre a foto - Isso era uma família Luan! E sabe o que isso significa? Amor, união, confiança Luan. Sabe o que é isso? Confiar na pessoa que você ama, na pessoa que TE ama?! Confiar na pessoa que fez tanto por você e que por alguns erros meus você simplesmente decidiu que eu não merecia mais a sua confiança. Respeito sabe? Uma família também envolve muito respeito, e logo você que presava tanto uma família não teve dois dos principais princípios de uma! Me faltou com o respeito e me deixou a desejar na confiança. Acredite, você não decepcionou só a mim. Decepcionou o Arthur também! Sabe isso aqui que você tanto olha pensativo? - tomou o quadro da minha mão - Sabe o que você e sua ignorância fizeram? - olhei á nos olhos e sem desviar os seus á vi deixar o quadro cair e seu vidro espatilhar-se em mil pedaços no chão
Olhei rápido o chão sem acreditar que ela havia feito aquilo de propósito. Indignado encarei seu rosto, agora ela segurava as lágrimas, mais ainda sim com a expressão firme.
Duda: - Foi exatamente isso que você fez com a nossa família Luan! Você destruiu ela, jogou ela no chão e não haverá mais jeito de concertar. Nem mesmo se você pegar todos esses malditos cacos de vidro você conseguirá remontar esse quadro. Exatamente como você fez comigo, com o Arthur, com nossos sentimentos!
Luan: - Eu sempre vou ser a família dele Eduarda! - referi-me á Arthur com a voz grave ao me abaixar para pegar a foto em meio aos cacos de vidro - Sempre vou ser a família de vocês! Temos um filho juntos.
Duda: - NÃO! - gritou e ergui meu rosto voltando a ficar de pé, agora Duda chorava e ria ao mesmo tempo. - Não vai, sabe por que? Por que você quis assim Luan! Você preferiu que fosse assim Luan! - falou começando a se alterar, e ao fazer isso tirou a foto da minha mão com brutalidade - Tá vendo isso aqui? - ergueu agora o envelope - Eu quero que você engula esse maldito exame! - Duda me pegou de surpresa ao com a mão espalmada na parte de traz do papel o esfregá-lo na minha cara com certa raiva.
Sua raiva transpassou para mim com sua atitude, e segurando seu pulso fiz um esforço para não xingá-la
Luan: - Você tá ficando louca? - falei um pouco alto, vendo Duda rir ainda mais enquanto mais lágrimas desciam por seu rosto
Duda: - Louca eu fiquei quando acreditei que você poderia ser um homem de verdade que assumia a responsabilidades como tal. Mas você não passa de um moleque Luan! - soltou-se de mim de forma brusca e rasgou o envelope tirando de dentro de lá o exame ao qual eu já sabia exatamente o resultado, mesmo assim meu coração começou a bater mais forte conforme ela com a voz irônica começou a lê-lo
Quando ela leu por fim a palavra "POSITIVO" soltou uma risada carregada de amargura e dor.
Duda: - Tá vendo esse merda de pedaço de papel? - jogou-o com força sobre meu rosto, se não fosse um simples pepel com certeza haveria me machucado - Se essa simples folha valia mais pra você do que a minha palavra, que você faça bom proveito dela! Pega esse maldito exame e enfia em todos os seus buracos. E sabe essa foto aqui? - ergueu-a sobre meu olhar - Obrigado por ter destruído todos os sonhos que continham nela. Obrigado por ter me mostrado á tempo que você não é homem que realmente merecia estar nela.
Não tive tempo de impedir quando Duda a rasgou em dois pedaços antes de jogá-la em mim também. Eu estava estático, paralisado e se quer sabia o que fazer. Minha falta de reação pareceu enfurecer Duda, e feito um furacão não tive tempo de desviar quando ela avançou em mim me enchendo de tapas e murros enquanto chorava e me xingava de inúmeros nomes.
Luan: - Para com isso Eduarda! - pedia sem tentar impedi-la, abri meus braços como quem me rendia e deixei que ela descontasse toda a sua raiva em mim
Ao contrário do que muitos pensam os tapas e murros dela doíam sim, mas não tentei impedir, não segurei seus pulsos, não voltei á pedir que ela parasse. Apenas fechei meus olhos que faiscavam em lágrimas e me deixei sentir toda a dor que eu havia causado nela.
Alguns minutos depois já cansada de tanto me bater e sem forças para o continuar Duda parou. Abri meus olhos tão inundados quanto os dela e nos encaramos de forma profunda. Duda não disse nada, apenas passou a mão sobre seu cabelo á essas alturas todo desengrenhado e com cuidado ao passar sobre os cacos de vidro se sentou no sofá, escondendo o rosto com as mãos enquanto iniciava um choro profundo.
Esperei alguns segundos absorvendo tudo aquilo antes de me ajoelhar frente á ela. Duda não fez nada, mas foi eu só tocar seu joelho que outra vez ela me surpreendeu, dessa vez com um tapa dolorido no rosto que me fez virar a cara. Respirei fundo contendo minha raiva, não voltei á encará-la tamanho ódio que sua atitude me tomou.
Duda: - Isso é por todos os nomes que você me chamou naquele reveillon quando estava bêbado! - iria virar para encará-la quando recebi outro tapa na cara, dessa vez do outro lado. Mas dessa vez minha raiva foi gritante, e antes que eu tomasse outra atitude pior, segurei seus pulsos com força - Esse outro foi por você ter acreditado que eu era vagabunda o suficiente pra ir pra cama com outro cara! - Duda engoliu em seco e as lágrimas dela de repente pararam de descer, seu rosto endurecendo - Sabe seu rosto queimando e essas duas marcas da minha mão na sua cara? Isso não é nada comparado com a dor da humilhação que você me causou! Ou você acha que sua família e seus amigos assim como você não acharam que eu era uma baita de uma vagabunda?
Luan: - Cala a boca Eduarda! - falei firme apertando ainda mais seus pulsos, com raiva
Duda: - Calar a minha boca? - riu - É isso que você quer que eu faça Luan? Não aguenta ouvir as verdades?
Luan: - Não joga a droga da culpa toda em cima de mim caralho! - gritei soltando seus pulsos com brutalidade e me levantando, havia me exaltado e quando dei por mim já esmurrava a parede.
Duda: - E A CULPA É DE QUEM? MINHA LUAN? EU NÃO FIZ ESSA CRIANÇA SOZINHA, EU NÃO SUSTENTEI AQUELE NAMORO SOZINHA! EU NÃO TENHO CULPA DE VOCÊ SER UM LOUCO NEURÓTICO DE CIÚMES! NÃO TENHO CULPA DE VOCÊ....
Virei-me rápido com mais raiva ainda e Duda se calou ao ver quão exaltado meus olhos estavam. Era difícil algo me tirar do sério, e quando isso acontecia até mesmo minha aparência virava outra completamente diferente.
Luan: - EU ERREI CARAMBA! EU ME ENGANEI! DESCULPA! MAS NÃO SE ACHE A DONA DA RAZÃO QUANDO O ASSUNTO É FILHO E RESPONSABILIDADE! O QUE VOCÊ FEZ COMIGO EM RELAÇÃO AO ARTHUR NÃO É NADA MUITO DIFERENTE DISSO! - gritei exaltado me aproximando dela
Duda: - Eu fiz por amor Luan! - procurou meus olhos que fiz questão de desviar. A dor presente nos olhos dela me matava por dentro - E você? Fez isso comigo por que? Eu fiz o que fiz por amor, já você fez por falta dele! - falou baixo, parecia derrotada, outra vez Duda se jogou no sofá
Luan: - Não vem com essa de falta de amor Eduarda! - encarei ela que mantinha a cabeça olhando o teto
Duda: - Então qual foi o motivo disso? Eu errei também no nosso relacionamento, mas jamais duvidei de você. Jamais te humilhei. Jamais te expus ao ridículo aos outros. Eu tentei tanto, tanto te fazer mudar de idéia. Lembra daquelas drogas de mensagens todos os dias? Eu nunca fiz aquilo por ninguém Luan, ainda mais sendo você o errado! Sabe o quanto aquilo foi humilhante? Aliás, sabe o quanto foi humilhante entrar naquela clinica pra provar pra você e sua família que eu realmente estava falando a verdade? Sabe o quanto tá sendo humilhante carregar dentro de mim um filho de alguém que se quer me respeita? Carregar dentro de mim o filho de alguém que conseguiu odiar uma criança que se quer se formou? Você odiou o próprio filho Luan. Você se referiu ao seu próprio filho com palavras que ninguém deveria usar ao se tratar de uma criança, seja ela amada por você ou não.
Engoli em seco com suas palavras. Eu me envergonhava aquilo, tanto que firmei meu antebraço sobre a parede escondendo meu rosto ali. Em segundos Duda voltou a falar, dessa vez mais baixo ainda.
Duda: - Eu tô com vergonha de mim Luan. Vergonha de mim própria por na sua cabeça e na cabeça de pessoas que você encheu contra mim eu ter me passado por uma mulher tão baixa quanto você me fantasiou. Tô com vergonha de á essa idade, com meu segundo filho ter que fazer um teste de paternidade pra provar á alguém. Tô com vergonha por Arthur estar passando por isso, e quando ficar maior ele entender o que realmente esta acontecendo e ver o que o próprio pai pensou de mim. Tô com vergonha de mim, dos meus princípios, do meu corpo, e principalmente dos meus sentimentos. Você destruiu o meu psicológico, minha auto estima, minha reputação... e olha eu aqui, ainda sentindo pena de como você está agora. Acredite, minha maior decepção não é você ter duvidado de mim. Minha maior decepção é eu ter mesmo que na mente de alguém, que por acaso esse alguém era o homem que eu mais amava, eu ter sido a mulher desprezível que eu tanto pedi á Deus para não me tornar. Pra você eu tô aqui Luan, dizendo toda a verdade e te provando ela. Mas e pras outras pessoas que ouviram toda a baixaria que você fez aquele dia? Eu não estava lá pra me defender, e nem tive a oportunidade disso. Imagina o que se passa na mente delas agora? Eu não vou ter como provar a verdade pra nenhuma delas, e pra sempre quando me verem ira ficar na mente delas a mulher deplorável que você me pintou aquele dia Você conseguiu me fazer sentir vergonha de mim própria Luan.
Duda parou de falar e sem querer escapou um soluço de meus lábios. Quem estava com vergonha agora era eu. De mim, das minhas atitudes, dos meus pensamentos.
Duda: - Depois desse exame Luan, eu não quero que você se sinta na obrigação de assumir essa criança. - virei-me não acreditando das palavras dela, o que ela estava pensando que eu era? Fiz menção em abrir a boca mas ela foi mais rápida - Se você quiser continuar como está, acreditando nos seus ciúmes doentio, duvidando da mulher que sou, que você fique a vontade. Não fiz esse exame pra você ser o pai dos meus sonhos. Fiz esse exame pelo pouco de dignidade que me restava. Eu precisava te provar que eu não sou a vagabunda que você pensou que eu fosse! - Duda se levantou e em segundos e menina frágil que chorava segundos atrás se transformou em uma mulher incrivelmente decidida. Vi ela se abaixar e pegar o exame que á essas horas estava no chão e vir em minha direção - Agora pega esse exame que valeu tanto pra você, emoldura e vê se ele vai ter o mesmo valor daquela foto rasgada. Emoldura ele em um quadro bem bonito como aquele que quebrei e põem no seu quarto. Quando sentir vontade de ter uma família, olha pra ele... Vê que troca sensacional você fez - ironizou - Você fez esse pedaço de papel inúltil valer mais do que aquela foto. Então leva ele consigo e faz dele o seu quadro preferido, Seu quadro de família ideal dos sonhos. - jogou-o em mim novamente - Aproveita o embalo e sai da minha casa. Você é a última pessoa que quero ver a partir de agora! - falou firme
Luan: - Eu vou sair da sua casa Duda. - falei baixo, meus olhos já inchados pelo choro - Mas essa conversa não acabou aqui!
Duda: - Acabou sim Luan!
Luan: - Não Duda, não acabou!
Nem um de nós falamos nem mais uma palavra, Duda continuou estática onde estava, e á passos lentos fui em direção á porta. Á abri e parei antes de passar por ela. Olhei para trás e Duda me encarava segurando as lágrimas, não fez questão de esconder isso de mim, o que me feriu mais ainda.
Luan: - Eu sei que eu te devo um pedido de perdão - sussurrei ao me dar conta de que não havia feito isso - Mas não quero fazer isso da boca pra fora. Quero fazer isso direito Eduarda!
Duda: - Eu não preciso do seu pedido de perdão! - falou orgulhosa - E nem tente me obrigar a te perdoar!
Luan: - Eu nunca faria isso.
Duda: - Então sai da minha casa. - pediu baixo
Sai. Sai deixando um pedaço de mim lá. Sai com a culpa pesando meus ombros. Sai me sentindo um lixo. Sai com a certeza de que a criança que fui jamais se orgulharia do homem que tornei. Sai com a certeza de que ali era justo o lugar de onde eu nunca deveria ter saido. Sai deixando minha família, meus filhos, meu coração... e o principal: a mulher que eu amo com o coração tão despedaçado quanto o meu
Arthur dormia tranquilo, e o peguei no colo ao descermos do avião. Meu pai quem me pegou no aeroporto, Arthur ainda dormia quando o coloquei no banco de trás do carro, e meu pai ao perceber o meu silêncio sabia exatamente no que eu pensava.
Amarildo: - Vai falar com ela hoje? - perguntou após alguns instantes em silêncio no carro
Luan: - Não sei. - respirei fundo - Acho que ainda não tô preparado.
Amarildo: - Mas deveria estar. Ela pediu que a Bruna levasse o exame pra ela hoje. Ela não vai esperar mais até te provar que esteve sempre certa Luan. - apenas assenti olhando a janela - Eu estou envergonhado... por mim
Olhei-o sem entender.
Amarildo: - Essa garota sempre falou a verdade Luan, e olha o que fizemos: a levamos á um doutor pra provar a veracidade do que ela nos dizia...
Luan: - Também tô envergonhado pai, mas ela deu motivos pra isso. Ta difícil pra mim já, eu amo ela, mas não vou segurar o peso da culpa sozinho. Duda também tem culpa no cartório.
Meu pai assentiu consentindo e voltou a ficar em silêncio por longos minutos, até eu quebrá-lo. Meu pai era um dos homens mais sábios na minha opinião, e eu sinceramente não sabia o que fazer.
Luan: - O que eu faço?
Amarildo: - Seja sincero Luan. Com você mesmo, com ela, com seus sentimentos...
Luan: - Eu falar que sei que estou errado mas que ela também tem sua parcela de culpa não é muito inteligente julgando que ela vai estar demoniada. - falei fazendo careta e vi meu pai se virar rindo pra mim
Amarildo: - Demoniada?
Luan: - O senhor nunca viu aquela mulher nervosa! - falei me lembrando - Ela vira um animal com outro animal dentro. Não é de Deus aquilo. Quando acho que tô virando o jogo na briga, ela relembra algo de mil anos atrás e quase grita "truco" ao jogar aquilo na minha cara!
Ouvi a gargalhada do meu pai com aquela confissão e acabei rindo também, ao me lembrar das inúmeras brigas que tivemos.
Amarildo: - O melhor a se fazer agora é pedir perdão Luan. Mulher já sensível, grávida então tudo se torna mais intenso pra elas...
Luan: - Eu sei. - suspirei
Amarildo: - Não, não sabe. Você nunca conviveu com uma grávida como vai conviver a partir de agora. Uma grávida nunca precisou tanto de você como vai precisar a partir de agora... Ela vai precisar de você Luan, seus filhos vão precisar. Duda vai estar mais carente, mais sensível, e o pior: extremamente abalada por tudo o que aconteceu. Você vai ter que lidar com a intensidade dela em dobro, retomar a confiança dela e aprender que uma mulher grávida sempre tem razão, mesmo estando errada. Ela vai morrer de raiva de você por meses, mas a gravidez vai deixar seus sentimentos confusos. Ela vai te odiar bastante baseado no que você fez, mas as vezes, do nada, vai te ligar querendo apenas um pouco de afeto...
Respirei fundo absorvendo as palavras do meu pai. Fiquei calado, apesar de ter a certeza de que Duda não iria querer me ver nem pintado de ouro.
Luan: - Duda não faz o tipo mulher carente. Não quando alguém decepciona ela.
Amarildo: - Mas vai fazer!
Luan: - Você não conhece ela pai. Á essas horas ela deve estar pedindo a Deus pra tirar da cabeça dela os pensamentos assassinos que ela tem comigo.
Meu pai outra vez riu me fazendo negar. Eu conhecia Duda, e com certeza eu não estava equivocado.
Amarildo: - Independente disso Luan, o melhor a se fazer hoje é se calar. Se for pra abrir a boca, que seja pra se desculpar. Ela vai estar com raiva, magoada, desesperada, decepcionada... todos os sentimentos que ela trouxe consigo esses dias vai explodir em você feito uma bomba relógio. Em partes, ela tem esse direito. Por hoje você só precisa deixar ela descarregar tudo em você. Ela tá grávida, precisa disso, e acredite, ela vai ficar muito mais calma depois de ver sofrimento em você. Faz parte das mulheres a cede de vingança. Amanhã ou talvez mais tarde, depois dela ter enlouquecido em fúria você pode voltar a procurar ela e tentar ter uma conversa civilizada. Talvez não seja fácil, mas vocês agora tem outra criança á dividir os cuidados e educação. Ela sabe disso e como boa mãe vai saber que a criança precisa de você. Não vou te dizer que daqui pra frente as coisas vão ser fáceis por que não serão! Só quero que saiba meu filho, que a paciência terá de ser seu forte. Mulher é enigmática, e grávida mais ainda. Tenta ir com calma, não esquece que além de tudo ela ainda é uma mulher que te ama. Não usa isso contra ela, mas apenas saiba usar as coisas ao seu favor. Vai com calma e não esquece que você magoou muito ela. Entenda o tempo dela e não tente atropelar as coisas. Com o tempo, mesmo que demore as coisas chegam no lugar!
As palavras sábias de meu pai ecoou em minha mente até pararmos frente á casa dela. Suspirei e de imediato me lembrei do dia em que á presenteei com aquela mansão. Duda achou que fosse de uma "amiga" como planejei e seu ciúmes falou mais alto ao decorrer da surpresa. Sorri negando com aquele pensamento. Tudo entre mim e ela agora parecia tão distante...
Olhei no banco de trás e Arthur ainda dormia, encarei meu pai tentando achar coragem de entrar naquela casa ciente de que ela sempre falou a verdade e eu fiz o que fiz com ela, que á essa altura deve estar me odiando.
Luan: - Eu não tô com coragem de entrar lá! - admiti pro meu pai
Amarildo: - Seja homem Luan! - falou sorrindo de canto e dando um tapinha em meu ombro - Eu acho melhor vocês terem essa conversa sem o Arthur por perto. Ele já é magoado demais com essa história...
Luan: - Não! Com o Arthur em casa ela vai se controlar mais. Se tiver só nós dois eu não sei o que aquela maluca vai fazer comigo! - falei assustado e ouvi a risada do meu pai, mas não consegui sequer sorri, meu corpo estava todo tenso
Amarildo: - Então acho melhor você me deixar em casa primeiro e ficar com o carro a sua disposição caso tenha que correr. - falou tentando descontrair o clima
Assenti concordando e ganhei tempo para criar coragem no trajeto até em casa onde deixei meu pai que me desejou boa sorte. Voltei para casa de Duda e dessa vez fechei os olhos. Que seja o que Deus quiser!
Desliguei o carro e desci abrindo a porta traseira e pegando Arthur com cuidado para que ele não acordasse. Ao me virar com ele no colo levei um susto e engoli em seco. Duda viu que eu havia chegado e já havia abrido a porta, estava de braços cruzados frente ela. Por incrível que pareça uma onda de coragem me invadiu. Á encarei de cabeça erguida e não desviei nossos olhares duros um para o outro até estar frente á ela que me deu espaço para que passasse com nosso filho.
Duda: - Põem ele no quarto dele. A gente precisa conversar! - disse fechando a porta atrás de si.
Assenti e sem dizer nada subi as escadas até o quarto de Arthur. O deixei sobre a cama e tirei seu tênis antes de cobri-lo e deixar um beijo sobre sua testa.
O olhei por uma última vez e apaguei a luz fechando a porta do seu quarto. Respirei fundo antes de descer as escadas sem saber exatamente o que me esperava. Quase ao final dela tive uma surpresa. Duda estava de costas pra mim encarando uma das fotos presentes no painel da sala. Eu á reconheceria mesmo distante. Era a única foto em preto e branco dali. Eu, Duda e Arthur no aniversário de oito anos dele. A foto era espontânea e aquele foi o motivo de ter sido a nossa preferida dentre tantas.
Achei que Duda não tivesse me ouvido descer as escadas, por isso olhava aquela foto com o pensamento tão distante, mas me enganei. Ela se virou pra mim com o quadro em uma mão e um envelope em outro. Engoli em seco, sabia do que ele se tratava. Subi meu olhar de suas mãos para seu rosto. Ela não estava tão abatida como imaginei á encontrar. Porém seus olhos verdes não escondiam a falta daquele brilho que eu tanto amava.
Duda: - Você tá vendo isso aqui? - ergueu a foto pra mim e assenti me aproximando dela para pegar o quadro. Olhando-o mais de perto dei-me conta de que á dias eu não sorria mais como naquela foto - Formamos uma família linda não é mesmo? - ergui meu rosto e encarei ela sem saber onde ela queria chegar. Voltei á encarar a foto e assenti - Você sabe qual o valor disso pra mim Luan? Sabe quanto tempo eu desejei que você estivesse presente assim na vida do Arthur? - suspirei negando e tirei os olhos da foto, agora encarando seu olhar sem cessar - Tá sentindo no fundo do seu coração tudo o que essa foto um dia representou pra mim? Pro Arthur? Ou até mesmo pra você? - fiquei quieto por um instante, meus olhos voltando a vagar por sobre a foto - Isso era uma família Luan! E sabe o que isso significa? Amor, união, confiança Luan. Sabe o que é isso? Confiar na pessoa que você ama, na pessoa que TE ama?! Confiar na pessoa que fez tanto por você e que por alguns erros meus você simplesmente decidiu que eu não merecia mais a sua confiança. Respeito sabe? Uma família também envolve muito respeito, e logo você que presava tanto uma família não teve dois dos principais princípios de uma! Me faltou com o respeito e me deixou a desejar na confiança. Acredite, você não decepcionou só a mim. Decepcionou o Arthur também! Sabe isso aqui que você tanto olha pensativo? - tomou o quadro da minha mão - Sabe o que você e sua ignorância fizeram? - olhei á nos olhos e sem desviar os seus á vi deixar o quadro cair e seu vidro espatilhar-se em mil pedaços no chão
Olhei rápido o chão sem acreditar que ela havia feito aquilo de propósito. Indignado encarei seu rosto, agora ela segurava as lágrimas, mais ainda sim com a expressão firme.
Duda: - Foi exatamente isso que você fez com a nossa família Luan! Você destruiu ela, jogou ela no chão e não haverá mais jeito de concertar. Nem mesmo se você pegar todos esses malditos cacos de vidro você conseguirá remontar esse quadro. Exatamente como você fez comigo, com o Arthur, com nossos sentimentos!
Luan: - Eu sempre vou ser a família dele Eduarda! - referi-me á Arthur com a voz grave ao me abaixar para pegar a foto em meio aos cacos de vidro - Sempre vou ser a família de vocês! Temos um filho juntos.
Duda: - NÃO! - gritou e ergui meu rosto voltando a ficar de pé, agora Duda chorava e ria ao mesmo tempo. - Não vai, sabe por que? Por que você quis assim Luan! Você preferiu que fosse assim Luan! - falou começando a se alterar, e ao fazer isso tirou a foto da minha mão com brutalidade - Tá vendo isso aqui? - ergueu agora o envelope - Eu quero que você engula esse maldito exame! - Duda me pegou de surpresa ao com a mão espalmada na parte de traz do papel o esfregá-lo na minha cara com certa raiva.
Sua raiva transpassou para mim com sua atitude, e segurando seu pulso fiz um esforço para não xingá-la
Luan: - Você tá ficando louca? - falei um pouco alto, vendo Duda rir ainda mais enquanto mais lágrimas desciam por seu rosto
Duda: - Louca eu fiquei quando acreditei que você poderia ser um homem de verdade que assumia a responsabilidades como tal. Mas você não passa de um moleque Luan! - soltou-se de mim de forma brusca e rasgou o envelope tirando de dentro de lá o exame ao qual eu já sabia exatamente o resultado, mesmo assim meu coração começou a bater mais forte conforme ela com a voz irônica começou a lê-lo
Quando ela leu por fim a palavra "POSITIVO" soltou uma risada carregada de amargura e dor.
Duda: - Tá vendo esse merda de pedaço de papel? - jogou-o com força sobre meu rosto, se não fosse um simples pepel com certeza haveria me machucado - Se essa simples folha valia mais pra você do que a minha palavra, que você faça bom proveito dela! Pega esse maldito exame e enfia em todos os seus buracos. E sabe essa foto aqui? - ergueu-a sobre meu olhar - Obrigado por ter destruído todos os sonhos que continham nela. Obrigado por ter me mostrado á tempo que você não é homem que realmente merecia estar nela.
Não tive tempo de impedir quando Duda a rasgou em dois pedaços antes de jogá-la em mim também. Eu estava estático, paralisado e se quer sabia o que fazer. Minha falta de reação pareceu enfurecer Duda, e feito um furacão não tive tempo de desviar quando ela avançou em mim me enchendo de tapas e murros enquanto chorava e me xingava de inúmeros nomes.
Luan: - Para com isso Eduarda! - pedia sem tentar impedi-la, abri meus braços como quem me rendia e deixei que ela descontasse toda a sua raiva em mim
Ao contrário do que muitos pensam os tapas e murros dela doíam sim, mas não tentei impedir, não segurei seus pulsos, não voltei á pedir que ela parasse. Apenas fechei meus olhos que faiscavam em lágrimas e me deixei sentir toda a dor que eu havia causado nela.
Alguns minutos depois já cansada de tanto me bater e sem forças para o continuar Duda parou. Abri meus olhos tão inundados quanto os dela e nos encaramos de forma profunda. Duda não disse nada, apenas passou a mão sobre seu cabelo á essas alturas todo desengrenhado e com cuidado ao passar sobre os cacos de vidro se sentou no sofá, escondendo o rosto com as mãos enquanto iniciava um choro profundo.
Esperei alguns segundos absorvendo tudo aquilo antes de me ajoelhar frente á ela. Duda não fez nada, mas foi eu só tocar seu joelho que outra vez ela me surpreendeu, dessa vez com um tapa dolorido no rosto que me fez virar a cara. Respirei fundo contendo minha raiva, não voltei á encará-la tamanho ódio que sua atitude me tomou.
Duda: - Isso é por todos os nomes que você me chamou naquele reveillon quando estava bêbado! - iria virar para encará-la quando recebi outro tapa na cara, dessa vez do outro lado. Mas dessa vez minha raiva foi gritante, e antes que eu tomasse outra atitude pior, segurei seus pulsos com força - Esse outro foi por você ter acreditado que eu era vagabunda o suficiente pra ir pra cama com outro cara! - Duda engoliu em seco e as lágrimas dela de repente pararam de descer, seu rosto endurecendo - Sabe seu rosto queimando e essas duas marcas da minha mão na sua cara? Isso não é nada comparado com a dor da humilhação que você me causou! Ou você acha que sua família e seus amigos assim como você não acharam que eu era uma baita de uma vagabunda?
Luan: - Cala a boca Eduarda! - falei firme apertando ainda mais seus pulsos, com raiva
Duda: - Calar a minha boca? - riu - É isso que você quer que eu faça Luan? Não aguenta ouvir as verdades?
Luan: - Não joga a droga da culpa toda em cima de mim caralho! - gritei soltando seus pulsos com brutalidade e me levantando, havia me exaltado e quando dei por mim já esmurrava a parede.
Duda: - E A CULPA É DE QUEM? MINHA LUAN? EU NÃO FIZ ESSA CRIANÇA SOZINHA, EU NÃO SUSTENTEI AQUELE NAMORO SOZINHA! EU NÃO TENHO CULPA DE VOCÊ SER UM LOUCO NEURÓTICO DE CIÚMES! NÃO TENHO CULPA DE VOCÊ....
Virei-me rápido com mais raiva ainda e Duda se calou ao ver quão exaltado meus olhos estavam. Era difícil algo me tirar do sério, e quando isso acontecia até mesmo minha aparência virava outra completamente diferente.
Luan: - EU ERREI CARAMBA! EU ME ENGANEI! DESCULPA! MAS NÃO SE ACHE A DONA DA RAZÃO QUANDO O ASSUNTO É FILHO E RESPONSABILIDADE! O QUE VOCÊ FEZ COMIGO EM RELAÇÃO AO ARTHUR NÃO É NADA MUITO DIFERENTE DISSO! - gritei exaltado me aproximando dela
Duda: - Eu fiz por amor Luan! - procurou meus olhos que fiz questão de desviar. A dor presente nos olhos dela me matava por dentro - E você? Fez isso comigo por que? Eu fiz o que fiz por amor, já você fez por falta dele! - falou baixo, parecia derrotada, outra vez Duda se jogou no sofá
Luan: - Não vem com essa de falta de amor Eduarda! - encarei ela que mantinha a cabeça olhando o teto
Duda: - Então qual foi o motivo disso? Eu errei também no nosso relacionamento, mas jamais duvidei de você. Jamais te humilhei. Jamais te expus ao ridículo aos outros. Eu tentei tanto, tanto te fazer mudar de idéia. Lembra daquelas drogas de mensagens todos os dias? Eu nunca fiz aquilo por ninguém Luan, ainda mais sendo você o errado! Sabe o quanto aquilo foi humilhante? Aliás, sabe o quanto foi humilhante entrar naquela clinica pra provar pra você e sua família que eu realmente estava falando a verdade? Sabe o quanto tá sendo humilhante carregar dentro de mim um filho de alguém que se quer me respeita? Carregar dentro de mim o filho de alguém que conseguiu odiar uma criança que se quer se formou? Você odiou o próprio filho Luan. Você se referiu ao seu próprio filho com palavras que ninguém deveria usar ao se tratar de uma criança, seja ela amada por você ou não.
Engoli em seco com suas palavras. Eu me envergonhava aquilo, tanto que firmei meu antebraço sobre a parede escondendo meu rosto ali. Em segundos Duda voltou a falar, dessa vez mais baixo ainda.
Duda: - Eu tô com vergonha de mim Luan. Vergonha de mim própria por na sua cabeça e na cabeça de pessoas que você encheu contra mim eu ter me passado por uma mulher tão baixa quanto você me fantasiou. Tô com vergonha de á essa idade, com meu segundo filho ter que fazer um teste de paternidade pra provar á alguém. Tô com vergonha por Arthur estar passando por isso, e quando ficar maior ele entender o que realmente esta acontecendo e ver o que o próprio pai pensou de mim. Tô com vergonha de mim, dos meus princípios, do meu corpo, e principalmente dos meus sentimentos. Você destruiu o meu psicológico, minha auto estima, minha reputação... e olha eu aqui, ainda sentindo pena de como você está agora. Acredite, minha maior decepção não é você ter duvidado de mim. Minha maior decepção é eu ter mesmo que na mente de alguém, que por acaso esse alguém era o homem que eu mais amava, eu ter sido a mulher desprezível que eu tanto pedi á Deus para não me tornar. Pra você eu tô aqui Luan, dizendo toda a verdade e te provando ela. Mas e pras outras pessoas que ouviram toda a baixaria que você fez aquele dia? Eu não estava lá pra me defender, e nem tive a oportunidade disso. Imagina o que se passa na mente delas agora? Eu não vou ter como provar a verdade pra nenhuma delas, e pra sempre quando me verem ira ficar na mente delas a mulher deplorável que você me pintou aquele dia Você conseguiu me fazer sentir vergonha de mim própria Luan.
Duda parou de falar e sem querer escapou um soluço de meus lábios. Quem estava com vergonha agora era eu. De mim, das minhas atitudes, dos meus pensamentos.
Duda: - Depois desse exame Luan, eu não quero que você se sinta na obrigação de assumir essa criança. - virei-me não acreditando das palavras dela, o que ela estava pensando que eu era? Fiz menção em abrir a boca mas ela foi mais rápida - Se você quiser continuar como está, acreditando nos seus ciúmes doentio, duvidando da mulher que sou, que você fique a vontade. Não fiz esse exame pra você ser o pai dos meus sonhos. Fiz esse exame pelo pouco de dignidade que me restava. Eu precisava te provar que eu não sou a vagabunda que você pensou que eu fosse! - Duda se levantou e em segundos e menina frágil que chorava segundos atrás se transformou em uma mulher incrivelmente decidida. Vi ela se abaixar e pegar o exame que á essas horas estava no chão e vir em minha direção - Agora pega esse exame que valeu tanto pra você, emoldura e vê se ele vai ter o mesmo valor daquela foto rasgada. Emoldura ele em um quadro bem bonito como aquele que quebrei e põem no seu quarto. Quando sentir vontade de ter uma família, olha pra ele... Vê que troca sensacional você fez - ironizou - Você fez esse pedaço de papel inúltil valer mais do que aquela foto. Então leva ele consigo e faz dele o seu quadro preferido, Seu quadro de família ideal dos sonhos. - jogou-o em mim novamente - Aproveita o embalo e sai da minha casa. Você é a última pessoa que quero ver a partir de agora! - falou firme
Luan: - Eu vou sair da sua casa Duda. - falei baixo, meus olhos já inchados pelo choro - Mas essa conversa não acabou aqui!
Duda: - Acabou sim Luan!
Luan: - Não Duda, não acabou!
Nem um de nós falamos nem mais uma palavra, Duda continuou estática onde estava, e á passos lentos fui em direção á porta. Á abri e parei antes de passar por ela. Olhei para trás e Duda me encarava segurando as lágrimas, não fez questão de esconder isso de mim, o que me feriu mais ainda.
Luan: - Eu sei que eu te devo um pedido de perdão - sussurrei ao me dar conta de que não havia feito isso - Mas não quero fazer isso da boca pra fora. Quero fazer isso direito Eduarda!
Duda: - Eu não preciso do seu pedido de perdão! - falou orgulhosa - E nem tente me obrigar a te perdoar!
Luan: - Eu nunca faria isso.
Duda: - Então sai da minha casa. - pediu baixo
Sai. Sai deixando um pedaço de mim lá. Sai com a culpa pesando meus ombros. Sai me sentindo um lixo. Sai com a certeza de que a criança que fui jamais se orgulharia do homem que tornei. Sai com a certeza de que ali era justo o lugar de onde eu nunca deveria ter saido. Sai deixando minha família, meus filhos, meu coração... e o principal: a mulher que eu amo com o coração tão despedaçado quanto o meu
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Oi meninas joia? O que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado!
O que vocês acham que vão rolar daqui pra frente? Ambos estão magoados com o outro e Luan disse que a conversa ainda não acabou.... sem contar isso de "pedir perdão direito". O que será que vem por aii?
Menins, nos últimos capítulos muitas acharam que não coloquei o famoso "textinho" em baixo por N's motivos, mas a verdade era que uma amiga minha é quem estava me fazendo o favor de postar pra mim. Eu escrevia quando dava e ela postava, por isso a ausência das minhas "ladainhas" aos fins de capítulos hahaha
Falando nesse assunto queria pedir milhões de desculpas pra vocês pela falta de capítulos regulares nos últimos dias. Minha saúde piorou e eu fico mais de cama, mas sempre que dou uma melhorada procuro escrever como fiz hoje. Desculpa mesmo, mas são coisas que não dependem apenas de mim! Não é só vocês que estão sendo "prejudicadas" por isso como muitas pensam. Não estou só ausente aqui como também na minha escola/curso e até abrindo mão de alguns trabalhos (sou fotógrafa) por não conseguir realmente. Obrigado á quem entende e ainda tem a paciência de estar aqui até hoje! ♥♥
Enfim meninas, é isso, espero que gostem do capítulo!
Beijoos!
N sei pq mas a cd capítulo q passa eu gosto menos da eduarda e das atitudes dela, por se achar sempre a perfeita. Pra mim ela é uma mimada. O luan errou feio mas tmb teve motivos, sei lá tô achando ela mt chata. Deve ser só eu kk
ResponderExcluirConcordo contigo, está se fazendo de vítima quando sabe que deu motivos para o Luan desconfiar. Tomara que o jogo vire e ela veja a hopocrita que está sendo
ExcluirJá eu não concordo, dar motivos é uma coisa, agora, fazer é outra totalmente diferente, e outra se coloquem no lugar dela, se fosse com vocês, vocês fariam a mesma coisa por estarem extremamente magoadas, imagina o próprio pai do filho que você espera onfender esse filho, falar as coisas que o Luan falou, ninguém ia perdoar rápido, então hipocrisia é julgar sendo que agiriam da mesma forma, fora que, o mais errado querendo ou não foi o próprio Luan, eles vão se entender, mas isso é com o tempo, um vai ter que aprender um pouco com tudo o que passou.
ExcluirDoeu esse capítulo, bia melhoras, volta logo gata ❤
ResponderExcluirEsse capítulo quebrou meu coração. Acho que se fosse eu no lugar da Duda ia tacar algo no meio da cara dele só pra deixar de ser babaca. Melhoras Bia, estamos com você ♥
ResponderExcluirMaravilhoso! Luanzinho vai penar agora pra reconquistar a Duda Kk
ResponderExcluirMelhoras Bia , estamos com você ❤️
Esse capitulo foi muito emocionante, Luan mereceu isso. To muito curiosa ora saber o que vem pela frente nega.
ResponderExcluirMelhoras!
Biaa, capítulo forte e lindo, gostar é pouco eu amei, às palavras de Duda doeram até em mim, imagina no Luan, mas achei merecida cada palavra, vamos ver oq ele irá fazer pra pedir o perdão.
ResponderExcluirQue o papai do céu te a cura, que vc fique bem logo, amém.
Anna
Estou no chão literalmente, ow foi isso? Sei q Duda está certa e q Luan merecia isso, mas fiquei cm um pouco de dò, na verdade eu queria os dois juntos e q ele acompanhace essa gravidez já q a do Arthur ele ñ "pode", mas ok entendo, e melhoras viu nega, peço a Deus q vc melhore logo🙏 ! Bora ler o outro cap ❤😢
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