165 - Amigos

Estava um pouco atrasada, afinal, ainda tive que deixar Arthur na casa de um de seus coleguinhas onde ele já era acostumado a dormir. Antes de deixá-lo por lá, acabei combinando com a mãe de seu amiguinho uma saída entre mulheres amanhã, afinal, estávamos criando um pequeno vínculo por conta da amizade entre nossos filhos.

O trânsito de São Paulo como sempre era caótico e em uma das suas infinitas paradas aproveitei para postar uma foto que havia tirado antes de sair.

“Quinta também é dia!”

Publiquei a foto que pareci mais magra. Por conta da imagem que postei em meu Snap ao terminar de arrumar meu cabelo ter marcado bastante minha barriga, muitas especulações começaram, afinal, até hoje ninguém sabia ao certo o motivo do nosso término. Muitos supunham, porém certeza ninguém além de nós tinha. Não queria anunciar minha gravidez agora, não enquanto eu não me sentisse preparada e tivesse a certeza de que inveja nenhum atingiria-me. Decidi esperar e anular essa notícia o máximo que puder. Luan também não falava no assunto de contar logo para seus fãs, o que me levava a pensar que compartilhávamos da mesma opinião.

No trajeto até o condomínio de Breno – que o fiz bem lentamente por conta do trânsito – fui ouvindo músicas e pensando em tudo o que estava havendo nos últimos dias. Luan provavelmente hoje estaria em alguma cidade fazendo seus shows, e depois de semanas o evitando, estava pronta para encarar uma conversa séria com ele, caso ele insistisse.

Como eu imaginava, ao ver a quantidade de carros frente á casa dos meninos, tive a certeza de que fui uma das últimas a chegar. Ajeitei meu cabelo que por ter retocado o loiro a apenas algumas horas, estava com um pouco de frizz e peguei minha carteira onde guardei meu celular.

Quem me recebeu na porta foi Ana, a mãe dos meninos, e ao chegar na sala fiquei morrendo de vergonha ao ver que eu era realmente a última e que todas já estavam em seus lugares na única roda enorme ali presente. Enquanto ainda sorria cumprimentando a mãe dos meninos, como um imã algo me chamou a atenção.  Olhei para o lado á procura do que de um jeito indiscreto me chamava a atenção e meu sorriso por um motivo desconhecido quase se sumiu quando á alguns metros sentado ao lado de Rober avistei Luan me encarando de um jeito intenso.

 *Luan  Narrando

Estava ansioso para que Duda chegasse logo, estava curioso para constatar aquela barriguinha da foto.  A casa dos meninos já estava cheia e nada dela chegar, porém, mesmo com toda a minha ansiedade não deixei ninguém notar isso. Eu andava sendo um bom ator nos últimos dias. Bebia a minha cerveja e conversa com Rober quando Ana, mãe dos meninos  foi atender a porta. Olhei como quem não queria nada e não consegui desviar meu olhar quando vi ela entrar radiante com um sorrio lindo nos lábios. Como Bruna havia me dito, ela parecia realmente bem.  Desci meu olhar para seu ventre e sorri negando. Ela estava bem mais redondinha do que da última vez que á vi, e se ela se colocasse de lado, com toda certeza já era possível perceber sua barriguinha.  Lembrei-me da foto que ela havia postado á quase meia hora atrás. Pessoalmente sua cintura não estava tão fina, e nem sua barriga tão reta.  Mulheres e sua vaidade. Com toda certeza tinha escolhido o preto pela famosa vantagem do ‘preto emagrecer’.

Ergui meu olhar de sua barriguinha já um pouco saliente e percebi que ela também me encarava. Bebi mais um gole de cerveja ainda á olhando e antes que o sorriso em seu rosto se desfizesse por completo, eu desviei meu olhar.

Com o canto do olho, vi Duda começar a cumprimentar todo mundo , o que me surpreendeu já que ela parecia familiarizada com todos por ali já. Quando ela foi se aproximando de mim fingi que não sabia que ela estava tão próxima.  Duda cumprimentou primeiro Rober com um aperto de mão e um beijo na bochecha. Ouvi os dois rirem mas não prestei atenção do motivo. Estava um pouco desapontado com ela. Duda me evitava a semanas  se esquecendo de que carregava na barriga um filho meu, e se o ‘acaso’ não tivesse colocado nós dois nesse lugar, com toda certeza nem á visto eu teria.

Duda:  - Oi Luan  - ouvi sua voz próxima demais me dizendo aquilo, virei-me e meu olhar foi de encontro  a sua boca. Duda me pegou de surpresa quando beijou minhas duas bochechas de um jeito rápido antes de ir cumprimentar a próxima pessoa sem nem me dar tempo de perguntá-la como estava.

Não fiquei á olhando, e agi naturalmente apesar do desejo de abordá-la.  Estranhei ao perceber que por todo o tempo ela ficou sentada ao lado de Caio, conversando animadamente enquanto os dois davam altos risos. Com certeza desde que terminamos a amizade dos dois cresceu e muito.  No fundo senti ciúmes, mas pela primeira vez meu lado sensato falou mais alto. Caio era meu amigo, sabia de toda a nossa história e ainda por cima não fazia o tipo de Duda. Mas meu ciúmes tão educado se evaporou quando ao outro lado de Duda, Gabriel, irmão dos gêmeos se sentou, arrancando de Duda risadas que á tempo eu não tinha o prazer de arrancar. Bebi o que restava em meu copo e preferi não mais olhar, conhecia a proporção do meu ciúmes e não queria dar vez á ele agora.

[...]

Já havia quase duas horas que Duda havia chegado e desde então continuava no mesmo lugar conversando agora somente com Gabriel, o que atiçava ainda mais meu ciúmes. Eu fingia não ver e estava tendo um auto controle sobre meu ciúme até então desconhecido por mim. Duda estava bem, e isso era inegável. Estava linda, alegre, fina e elegante como sempre. Não parecia nem um pouco afetada com a minha presença, e graça ao meu disfarce eu também parecia não me importar. Ela distribuía sorrisos á todos, e como uma pessoa pública treinada á fazer isso eu o fazia também tão bem quanto.  Olhava distraído próximo a direção em que ela estava sentada quando meu reflexo fez-me encará-los diretamente.  Duda havia pego a mão de Gabriel e levava a sua barriga enquanto ambos riam. Aquela simples atitude dela acabou comigo. O ciúme ultrapassou a minha linha de segurança. Porra, nem eu havia feito aquilo. Antes de fazer qualquer loucura me levantei e com a desculpa esfarrapada pra Bruna de que iria tomar um ar eu fui para o fundo da casa.

Respirei fundo, contei até mil e pedi a Deus que mudasse aquilo em mim. Dessa vez era diferente. Meu ciúme era maior ainda, pois agora sabia que mesmo que eu surtasse, no final ela não seria minha. Fiquei quase dez minutos ali quando uma voz feminina me chamou, olhei pára trás e era Bruna Paiva, amiga da minha irmã.

Bruna: - Ô pessoal ta te chamando pra cantar!

Luan: - Eu já vou.

Bruna: - Cê ta bem? – perguntou do jeitão dela, apesar de ser uma das melhores amigas de Bruna, não tínhamos muita intimidade

Luan: - Tô. Vamos!

Passei por ela que me encarava sem entender e quando voltei para a sala onde todos estavam fui recebido com um dos caras já me passando o violão. Ri daquilo e perguntei que música queriam ouvir. Deixaram para a minha escolha e em poucos já sabia o que queria cantar. Não era uma provocação. E sim uma música antiga que eu adorava e que acabou caindo como uma luva para o momento.

*Duda Narrando

Gabriel havia ido sentar próximo á uma das meninas do churrasco que ele estava de olho quando Luan começou a cantar. Fiquei de cabeça baixa mexendo na barra do meu vestido enquanto escutava sua voz doce acompanhada ao violão. Aquela música era linda, e eu e ele sabíamos que de alguma forma ela se encaixava em nós. Levantei o olhar a ponto de ouvir ele cantar uma parte me olhando nos olhos antes de desviar.

“O frio da madrugada já surrou meu corpo
Nessa cidade quase fiquei louco
Saudade é fogo que vai queimando aos poucos o coração
Sozinho na madrugada já briguei com a sorte
Falei com meu Deus porque não manda a morte
Sem esse amor nada mais importa a vida perde a razão.”

Foi só Luan desviar o olhar que voltei a abaixar a cabeça. Se foi uma indireta ou não, ele havia me atingido. Apesar dos sorrisos infinitos que já dei hoje, repetindo a mim mesma que tudo que eu tinha de sentir em relação á ele era raiva, no fundo algo mais brando gritava por Luan.

Perdi á conta de quantas ou quais músicas Luan cantou, só sei que foram várias o que fez a alegria de muitos ali, inclusive a minha que nunca neguei ser uma fã nata da voz do meu ex namorado.

Quando ele parou de cantar, de forma automática o encarei. Ele também me olhava e engoli em seco ao ver que ele vinha em minha direção.

Luan: - Oi – falou sorrindo de lado ao se sentar ao meu lado

Duda: - Oi. – respondi sem jeito

Luan: - Sua barriga ta ficando linda! – confessou olhando minha barriga que começava a se formar vagarosamente

Duda: - Obrigada!

Luan: - Posso tocar?

Apenas assenti e trocando seu corpo de cerveja de mão Luan á levou para a minha barriga. Sua mão gorda cobriu todo meu ventre e sua saliência, e fui quase obrigada a babar no sorriso magnífico que ele abriu com tal ato.

Luan: - Finalmente minha boneca ta crescendo! – falou apertando sua mão, ri e por um impulso coloquei minha mão sobre a sua

Duda: - É um menino Luan! – falei rindo

Luan: - Não é não! – respondeu convicto erguendo a cabeça, dessa vez nossos olhares cravaram um no outro tão intensamente que quase pudemos ver nossas almas, nossos sorrisos vagarosamente foram se desfazendo

Duda: - Desculpa! – pedi baixo, dessa vez desviei nossos olhares e minha mão que estava sob a sua em minha barriga começou á o fazer carinho de forma lenta, vi Luan me olhar confuso – Eu joguei tudo em você aquele dia. Não te deixei falar e só despejei minha raiva... A culpa não é inteiramente sua Luan! – assumi voltando á o olhar, percebi que ele estava surpreso com minha atitude

Luan: -  Eu sei que errei em não acreditar na sua gravidez Duda, mas você sabe que se eu não tivesse tido motivo, nada disso teria acontecido. Da outra vez, quando você perdeu e bebê, você viu como foi diferente. Não desacreditei de você, e se realmente eu não tivesse porque duvidar tudo tinha sido igual daquela vez. – falou sereno, Luan não me encarava, sua mão apenas meio que apertava minha barriga de uma forma carinhosa

Duda: - Eu sei! Foi fácil demais pra mim jogar toda a culpa em você. Me desculpa por isso. Um relacionamento não toma o rumo do nosso se os dois não forem culpados. Eu errei também, e errei mais ainda em não admitir isso. Sei que minha amizade com o Renan ultrapassou o que você suportava – vi ele suspirar á eu citar aquele nome – E quero te pedir desculpas por isso. Na época eu estava tão envolvida com a amizade, tão deslumbrada por ele estar me ajudando com meu sonho de ser modelo que nem percebi que eu estava indo longe demais para alguém  comprometida. Mas Luan, eu quero que fique claro entre nós que nunca nada jamais passou de amizade.

Vi Luan assentir sem me encarar e suspirei, parece que eu havia tirado um certo peso das minhas costas.

Duda: - Talvez não era pra ser! – falei baixo, alguns instantes depois. Vi Luan voltar á em encarar, tirando seus olhos da minha barriga – O destino até tentou juntar a gente outra vez... mas não deu. Eu e você só nos ferimos nessa história toda!

Luan apenas assentiu sem falar nada, porém antes de tirar por completo sua mão da minha barriga, segurou a minha mão que estava sob a sua e colocou em sua coxa á acariciando enquanto á olhava de forma fixa.

Luan: - Nós temos dois filhos pra cuidar, pra amar. Eu só não quero que a nossa vida sentimental interfira nisso... Eu sempre quis dar uma família tão sólida como a minha pros meus filhos e...

Duda: - Pais separados não são sinônimos de falta de solidez. A gente vai saber lidar com isso Luan... Vamos saber criar os dois perfeitamente bem, estando juntos ou não.

Luan: - Eu sei. – suspirou e me pegou de surpresa ao beijar minha mão

Duda: - Eu só quero que... me dê um tempo! Mesmo eu sendo tão culpada quanto você nisso tudo, ainda não estou preparada pra te ver sempre sem querer de esquartejar – assumi o fazendo rir

Luan: - Eu também preciso desse tempo. – assumiu pensativo – Te ver da forma que estamos é estranho. Eu também me feri com as coisas que você fez Duda.

Duda : - Tempo ao tempo então?

Luan: - Tempo ao tempo! – sorriu de canto beijando outra vez minha mão, e assim que ele terminou o ato o surpreendi com um abraço. Luan aceitou rápido e após beijar a lateral do meu rosto o ouvi falar baixinho  – Só continua com essa alegria que ta hoje viu? Nossos filhos precisam disso de você.

Duda: - Pode deixar. Não vou morrer e nem entrar em depressão por que as coisas entre nós dois não deram certo! – falei rindo e percebi Luan ficar sem jeito quando nos soltamos – Qual é, esperava uma grávida depressiva por que você não acreditou em mim e por que terminamos? – falei divertida erguendo a sobrancelha, Luan ficou tímido

Luan: - Não. Só... Ah, você é bem forte pra uma mulher grávida! – deu de ombros

Duda: - Relacionamentos, amores, erros, enganos... tudo isso faz parte da vida, ora vêem, ora acabam. Temos que saber lidar com isso! – pisquei sorrindo de canto -  Te aviso quando estiver perto da próxima consulta, sei que não vai lembrar!

Falei rindo antes de levantar e lhe dar um beijo na bochecha indo para outro ponto da casa. Ao mesmo tempo que sentia um certo alivio, sentia parte de mim se perder. Estava aliviada por termos sido adultos o suficiente para assumirmos que erramos, pedir desculpas um ao outro e terminar tudo de forma amigável. Mas estava com parte de mim acabada. Tudo realmente teve um fim, e mesmo magoada eu ainda o amava.  Mas eu sabia que aquilo era o certo. Um fim amigável para duas pessoas que tinham vínculos eternos. Se essa “amizade” toda iria durar ou não eu não sabia, mas torcia que se fosse para ela se desfazer, que não fosse por motivos fúteis!

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Oi meninaaas! Depois de muuuitos problemas pessoais e na saúde eu tô de volta! E pra começar bem, que tal uma maratona como pedido de desculpas pela minha ausência?
Blogger de cara novaaa! Gostaram? É provisório, mas dá pra dar um gás! O que acharam?

Voltando ao capítulo, parece que tudo terminou de forma amigável.... Mas será que realmente tudo terminou? Essa "amizade" toda ai vai durar? Até quando as coisas ficaram assim? Vamos ver ein!...
Ps.: Música usada no capítulo:  Frio da Madrugada - Rio Negro e Solimões  
 1/5

Comentários

  1. Sò pra começar eu ameeeeei a nova cara do blog eu amo rosa entãooo kkk ainda bm q Luan conseguil c controlar outra briga ou confusão agora iria estragar oque ainda tm concerto, gostei dessa converssa "amiga" mas queria mesmo meu casal junto, mas entendo e confio em vc nega !!

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