168 - Ligação

2:07AM – 26 De Fevereiro

O show acabou e com ele bateu uma vontade louca de beber pra tentar me desligar do mundo e da bagunça que minha vida andava sendo.  Continuei ali no camarim mesmo, e na companhia de minha banda iniciamos uma resenha enquanto acabávamos com toda a bebida do meu camarim. Havia mandado fazer jóias das mais caras para presentear Duda e se quer uma mensagem agradecendo ela mandou. Havia postado uma das músicas  mais famosas do mundo pra ela e se quer uma curtida dela obtive. Já estava ficando puto, mas além da raiva, a saudade e o remorso foram maiores. Lembrar que por diversas vezes eu havia negado meu próprio filho e ainda humilhado tanto Duda, fazia-me ficar enjoado.

Acompanhava pelas marcações de Duda a sua comemoração em um barzinho da cidade, acompanhada de minha irmã e usando um vestidinho azul decotado ela estava incrivelmente linda!

Minha irmã parecia adivinhar a necessidade que eu estava de vê-la e naquele exato instante tinha postado uma foto com Duda.

“#BDay dela meninão!”

As duas estavam lindas. Eram minhas princesas, e perceber o quanto estavam se dando bem me deixava extremamente feliz. Foi impossível não notar o quanto Duda andava usando somente roupas rodadinhas de uns dias pra cá. Sua barriguinha já começava a apresentar, e eu me perguntava quando ela decidiria que seria o momento de anunciarmos sua gravidez. Seria uma polemica e tanto, principalmente por estarmos separados, mas era algo do qual não podíamos evitar.

[...] 03:37 Am.

Já estava no quarto de hotel, saia do banho quando ouvi meu celular tocar. Achei que era efeito da bebida, afinal, quem me ligaria á essa hora? Mas quando ele parou e começou uma segunda chamada, ainda de toalha corri até a cama sentindo meu coração disparar ao ver que era Duda quem me ligava.

Levei alguns segundos para atender, e quando o fiz, a primeira coisa que ouvi foi seu soluço me deixando imóvel.

Duda: - Você não tinha esse direito! – falou com a voz embargada pelo choro

Luan: - Du... O que eu fiz? – perguntei em um sussurro confuso. Odiava o fato dela estar chorando. Chorando e ainda brava comigo

Duda: - A jóia, o cartão, aquela foto que você sabe que mexe comigo, e ainda colocar aquela maldita música! Você sabia que eu iria procurar que musica era, e sabia que eu ia ficar igual uma grávida maluca chorando ao ouvir Elvis Presley. Isso é humilhante sabia? Eu chorei ouvindo Elvis Presley! Qual é, eu nunca fui fã do Elvis, e olha o que você faz comigo! Seu maldito! Você sabe o quanto ele é parecido contigo e sabia que ia ficar passando fotos dele durante a música! Você fez tudo de propósito! Eu odeio você! Odeio estar chorando por você!

Quando ainda de boca aberta pensei em respondê-la, ela já havia desligado na minha cara. Fiquei encarando o celular sem reação. Que porra acabou de acontecer? Isso era Duda ao seu natural, ou fazia parte do pacote Duda grávida e louca? Quando pensei em retornar sua ligação, outra vez sua foto apareceu na tela, atendi de imediato e comecei a falar antes que ela jogasse toda sua ira em mim e desligasse na minha cara de novo.

Luan: - Eu não fiz nada de caso pensado, desculpa! Eu não sabia que isso iria te machucar tanto... é só... é só como eu me sinto! – desabafei sentando-me na cama exausto. Á dias eu não ouvia sua voz, e mesmo que com voz de choro, ouvi-la me aliviou

Duda: - Eu me descontrolei, desculpa. Os hormônios estão acabando comigo. – falou agora baixinho, parecia arrependida

Luan: - Feliz aniversário. Sei que já passou da meia noite mas... – dei de ombros

Duda: - Eu tô... – ouvi sua respiração profunda e fiquei aguardando ela continuar, o que não aconteceu

Luan: - Você ta? – instiguei curioso

Duda: - Quando amanhecer, promete esquecer essa ligação maluca? – pediu receosa

Luan: - Prometo! – falei de olhos fechados, crente de que eu mentia

Duda: - Eu to enlouquecendo! – assumiu baixo, mais de forma exasperada

Luan: - Me conta! – pedi o mais carinhoso possível, deitei-me na cama encarando o teto, á tempos não passava tantos minutos assim ao telefone com ela

Duda: - Você, eu, essa gravidez, os enjôos, as pessoas, as coisas, tudo! Tá tudo me enlouquecendo!

Ri baixinho da sua confissão um pouco nervosa.

Luan: - São os hormônios da gravidez. Quer que eu faça algo por você?

Duda: - Quero! Aliás, não! Tá vendo, eu vou pirar!

Luan: - Me fala, eu faço! – insisti

Duda: - Não dá, eu só... – ouvi seu suspiro e então me lembrei do que meu pai havia dito.

“Ela vai te odiar, mas as vezes vai te ligar do nada só querendo um pouco de carinho”

Lembrei-me então do quão ela ficava tensa com facilidade, com certeza esse era um dos motivos. Tensão, cansaço, exaustão...

Luan: - Ainda ta chorando? – perguntei baixo

Duda: -  Não. Não tenho mais lágrimas pra chorar hoje! – riu fraco

Luan: - Eu amo você! – soltei sem nem ver, mas não me arrependi, estava convicto do que dizia.

Duda:  - Eu sinto sua falta! – assumiu me pegando se surpresa, o que eu esperava era no mínimo uma baita ignorada ao meu “eu te amo”

Luan: - Eu também. Queria estar ai, te beijando... – suspirei fechando os olhos e pude ver ela deitada em meu peito enquanto á fazia carinho

Duda: - É? Onde? – sua animação repentina me fez rir. Sua bipolaridade na gravidez estava engraçada, apesar de nunca saber o que esperar e essa ser a primeira vez que estou lidando com isso

Luan: - Onde você quiser! Onde você quer? – falei entrando na brincadeira. Qual é, estávamos separados mas no fundo ela ainda era minha mulher

Duda: - Você me deixa sem jeito! – deu uma  risadinha

Luan:  - Você quem começou! – ri

Duda: - Esta gravidez esta sendo... intensa demais! – mudou de assunto como quem muda de roupa me deixando perdido

Luan: - Por quê?

Duda: - Ta mexendo com tudo.... tudo mesmo! – afirmou de forma tímida

Luan: - Tudo o que? – perguntei confuso

Duda: - Até com os meus sonhos. E isso é vergonhoso! – estava pronto pra perguntar o que ela andava sonhando quando outra vez ela mudou de assunto assustadoramente rápido -  Eu estava pensando... se for mesmo uma menina como você diz, você quem vai escolher  o nome!

Sorri sozinho. Ela estava ainda mais maluquinha grávida.

Luan: - Se for menino já sabe como vai chamar?

Duda: - Eu e o Arthur estamos estudando alguns nomes.

Luan: - Eu gosto de Breno.

Duda: - Mas eu não! ... Rafa? – sua voz ao dizer Rafa foi bem doce, e já não sabia mais se isso era uma sugestão á um nome ou se ela se referia ao meu nome

Duda: - Ele se chamar Rafael? – perguntei confuso

Duda: - Não. Eu estou te chamando! – riu – Você gostava das poucas vezes que eu te chamava de Rafa. – comentou mudando de assunto outra vez. Fechei os olhos me lembrando. Eu á chamava de Maria para a irritar e em troca ela me chamava de Rafa, mas ao contrário do que ela desejava, eu gostava de ser chamado assim

Luan: - Me acalmava. – assumi pensativo

Duda: - Eu ainda amo você. – assumiu baixinho, me pegando de surpresa. Ela estava carente, e aquilo era perceptível

Luan: - Eu também amo você.

Duda: - Se você estivesse aqui eu queria estar te beijando!

Luan: - Você é maluca! – ri

Duda: - Sou. Sou a ponto de voltar pra você!

Um silencio tomou  a ligação. Não sabia o que dizer, apenas sabia que toda aquela ligação era mais que uma recaída, era um abismo ao qual nos jogávamos conscientes de toda a conseqüência. Suspirei. Eu queria. Queria mas não podia. Então ignorando as batidas erradas que meu coração deu ás suas palavras, comecei a cantar baixinho pra ela sabendo o quanto aquilo á acalmava. Escolhi uma música de Bruno e Marrone que cabia exatamente naquele momento e não demorou muito pra eu ouvir seu suspiro pesado, prova de que havia pegado no sono.

*Duda Narrando

Acordei no dia seguinte sem nem me dar conta de que havia dormido, abri os olhos e então me lembrei das ultimas coisas que ouvi na noite anterior antes de dormir.

“Que pena não poder te ver
Que pena não poder dizer
Olhando dentro dos seus olhos, Parabéns pra você
Parabéns, Parabéns, meu amor!
Queria ter você comigo, matar meu desejo, sentir seu sabor”

Suspirei com aquela música na cabeça, peguei meu celular jogado entre as cobertas e me assustei ao ver que a ligação ainda corria. Curiosa á levei ao ouvido. Luan dormia e era possível ouvir sua respiração pesada, quase um ronco. Coisa tão simples como aquilo fez meu dia ficar ainda mais claro. Encerrei a ligação crente de que esse mês a fatura viria uma fortuna, mas não me importei. Antes de deixar o celular de lado lembrei da conversa maluca de ontem. Meus hormônios estavam me enlouquecendo, e até sonhos eróticos com Luan eu andava tendo. Ri sozinha ao me lembrar disso, e mandei uma mensagem divertida á Luan antes de iniciar meu dia.

“Você prometeu esquecer a ligação maluca. Vê se não ronca quando a ligação estiver correndo, acordei com seu barulho kkkk Bom dia ;)”

Sabia que Luan só leria a mensagem á tarde quando acordasse, então se quer esperei sua resposta.

[...] 1 de Maio

Depois daquele dia, quem se afastou foi Luan. Ao contrário do que imaginei, era ele quem colocava uma distancia jamais existente entre nós. Não nos falamos mais por ligações, ele apenas mandava mensagens todos os dias perguntando de Arthur e do bebê. Esse era seu único assunto comigo, e meu lado grávida carente começava a se incomodar com isso. Nenhuma das vezes ele perguntou como eu estava, e era sempre seco, no começo eu estranhei, mas agora mesmo sem entender começava a me acostumar. Talvez nós dois não tivéssemos mais volta.

Meu escritório começava a ganhar forma, e dali á um mês eu voltaria a trabalhar, estava feliz com isso. Arthur cada vez mais estava envolvido no futebol, e aquilo as vezes me deixava ate impressionada, qualquer um que o visse, parecendo tanto com o pai, juraria que ele seguiria os mesmos passos de Luan, mas pelo jeito não era isso que aconteceria.

Eu andava bem mais tranquila em relação a minha gravidez, minha barriga agora tomava forma, e apesar dos enjoos não terem sumido, eu pelo menos tinha a certeza de que estava tudo bem com meu bebê.

O aniversário de Bruna estava chegando, e de forma alguma ela deixaria aquela data passar em branco. Eu também não poderia deixar de presenteá-la, e enquanto Arthur estava na escola fui ao shopping escolher algo para ela, só não contava encontrar com um certo alguém. A surpresa era desagradável!

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Parece que tem um casal com saudade. Mas parece também que tem um certo cantor com algo o impedindo de dar a cara a tapa como Duda. O que será? Será que essa ligação mudará o rumo da história? Essas declarações e ligações malucas serão constantes ou vai ficar apenas na saudade?
Afinal, com quem será que Duda deu de cara no shopping e por que será tão desagradável?
Ps.: Música usada no capítulo: Parabéns - Bruno e Marrone
4/5

Comentários

  1. Meu Deus eu chorei, to muito chorosa cm esses capitulos, esse casal ainda m mata ,sò quero eles juntos 🙏❤😢 qm derá q a Du encontrou ?!

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