173 - Amigos?

Enxuguei-me pensativo, troquei minha cueca molhada por uma seca, havia trazido uma mochila com algumas peças de roupa. Vesti uma bermuda e fique sem camisa, ouvia o choro de Duda e aquilo me quebrava por inteiro. Droga? Por que não segui os conselhos de Dr. Elias?

Enquanto praguejava em pensamento me deitei na cama e peguei meu celular, a notícia  de que eu acompanhava Duda em um funeral já era veiculada por todas as mídias. Alguém sem respeito algum pelo momento, fotografou amadoramente, certamente por um celular, eu e Duda abraçados enquanto ela chorava em meu peito. Suspirei e mandei uma mensagem para o pessoal da central. Duda não tinha que lidar com aquilo, e muito menos com as inúmeras especulações se havíamos voltado que surgiam. O assunto era doloroso para nós, e no momento, inapropriado.

Não á olhei quando ela saiu do banho, apenas vi de relance ela pegar a camisola que Laís havia á emprestado. Em poucos minutos ela estava de volta ao quarto e com o rosto inchado de tanto chorar. 

Duda sentou-se na beirada da cama sem me encarar e pegou seu celular, pouco tempo depois ouvi sua conversa com Arthur, que foi um tanto quanto demorada.

Olhei seus cabelos molhados enquanto ela se despedia do nosso filho e fui até a minha mochila pegando meu secador.

Luan:  - Senta ali. – pedi apontando para perto do espelho, onde havia uma tomada. Duda olhou-me sem jeito e fez o que pedi, logo comecei a secar seus cabelos em extremo silêncio, até ela mudar isso

Duda:  - O que aconteceu hoje... Foi só um deslize por fraqueza minha. Esquece ta bom? Foi só um momento vulnerável que se tornou um erro. – falou tímida, parei de mexer em seus cabelos e á encarei pelo espelho. Engoli todo o meu orgulho e raiva e apenas assenti antes de respirar fundo e tirar o secador da tomada

Luan: - Seu cabelo ta seco. – disse antes de voltar pra cama  e me jogar nela, evitando ter contato com 

Duda.  O que ela disse me irritou de forma sem igual.

Peguei meu celular e logo vi que a luz foi apagada, porém o abajur continuava aceso, sem resistir olhei para o lado, ela digitava algo no celular que estava conectado á tomada, de costas pra mim. A camisola havia ficado curta para ela, e mesmo sendo de bolinhas rosas e brancas, estava extremamente sexy pelo quão curta estava. Suspirei e fechei os olhos, atualizei meu feed e a primeira coisa que apareceu foi a postagem de Duda daquele mesmo segundo.

Fui o primeiro a curtir e ainda deixei um comentário com um coraçãozinho. Duda sempre foi apaixonada pela avó, e agora, olhando aquela imagem das duas eu entendia o motivo. Elas tinham uma sintonia sem igual.

Senti Duda deitar ao meu lado na pequena cama de casal e ouvi seu suspiro enquanto encarava o teto. Não disse nada, ainda estava meio chateado com a história de que o que rolou foi por que ela estava sensível. Caramba, não! Rolou por que ainda nos gostamos, ainda sentimos saudades, ainda ansiamos o toque do outro. Não me aproveitei da sua fraqueza, e nem Duda fez o que fez por ela, e sim por uma saudade e desejo que ambos nutríamos...

Pensei tudo isso em silêncio, mas não ousei abrir a minha boca, se ela queria assim, que assim fosse!

Há dias não conseguia dormir direito, e Duda pareceu perceber isso quando o sono á invadiu e ela percebeu que eu continuava extremamente acordado

Duda: - Não vai tentar dormir?

Olhei para ela, eu estava de barriga para cima, baixando alguns joguinhos viciantes para o meu celular, enquanto ela estava agora de lado, me encarando visivelmente cansada.

Luan: - Não to com sono.

Duda: - Você ta com olheiras. Não dorme direito á quantos dias?

Não disse nada, apenas dei de ombros, afinal, eu já havia perdido as contas de á quantos dias não dormia bem.

Senti o celular ser tirado da minha mão e á encarei sem entender, Duda o silenciou e o colocou no chão, ao lado da cama.

Luan:  - Ah não Duda! – reclamei e ela não me deu ouvidos, apenas apagou o abajur. Pensei que ela se viraria de costas e dormiria, agora já não mais incomodado por luz nenhuma. Mas me enganei, ainda de lado ela se aproximou, nossos corpos se roçando. Foi quando senti ela levar sua mão ao meu rosto e começar a acariciar minha barba. Fechei os olhos, Deus, como eu gostava do seu toque.

Duda: - Tenta dormir – bocejou – Você já cuidou muito de mim por hoje!

Suas mãos subiram e foram pro meu cabelo. Não demorou muito até eu dormir com seus carinhos, como há muito tempo não dormia, e com uma facilidade já até estranha para mim.

Acordei já estava realmente tudo escuro, e não pelas cortinas fechadas, e sim pela noite que já começara. Duda não estava mais na cama. Bocejei e peguei meu celular. Nove e meia da noite. Caramba, acho que coloquei todo o atraso do meu sono em dia.

Fui escovar meus dentes antes de vestir uma blusa e sair do quarto. Para a minha surpresa, apenas Duda estava de pé pela casa.

Duda: - Finalmente alguém acordou. – falou sorrindo de lado enquanto tirava algumas batatas da panela de pressão

Luan: - Testa e a Laís tão dormindo ainda? – falei assustado, afinal, fomos dormir era hora do almoço

Duda: - Feito pedras! – ri

Luan:  - Que cê ta aprontando ai? – perguntei me aproximando das panelas

Duda: - Escondidinho.

Luan: - Minha nossa! Só de pensar deu água a boca! – falei ouvindo uma risadinha dela. Duda ainda estava com o semblante triste, mas parecia melhor um pouco

Á observei por inteiro e finalmente notei suas vestes. Um short jeans e uma regata branca.

Luan: - Roupa da Laís?

Duda: - Não. Meu pai veio aqui me trazer minhas coisas, acordei com ele me ligando. Você dormiu feito uma pedra, nem se mexeu com o toque do celular. – riu

Luan: - Dormir com você me fez bem. – falei sem pensar e vi ela corar – E ai, quer ajuda?

Logo eu estava amassando as batatas para ela enquanto Duda agilizava outras coisas. Se bem me lembro, era a primeira vez que eu ajudava ela ou qualquer outra pessoa na cozinha, e minhas perguntas um pouco obvias acabavam arrancando algumas risadas dela.

Duda: - Da pra parar de comer! Assim não vai sobrar nada até a hora de montar! – reclamou batendo em minha mão

Luan:  - Larga de ser chata Maria!

Duda: - Maria sua bunda! Pega aquela latinha ali em cima pra mim. – pediu tentando á alcançar

Luan: - Cê é muito baixinha cara! – reclamei pegando com total facilidade

Duda: - Muito baixinha? Somos quase do mesmo tamanho Luan! – riu

Luan: - Se fosse, cê tinha pegado sozinha!

Duda: - Você é muito chato!

Luan: - Vai jogar leite condensado em comida de sal? – perguntei á vendo abrir a latinha que eu tinha lhe dado

Duda: - Claro, vai ficar uma delicia!

Luan: - Não! Pode parar de nojeira! – falei tirando a lata da mão dela

Duda: - Claro que não Luan! – riu – Vou fazer brigadeiro pra gente ver filme mais tarde!

Luan: - Gostei disso ai. – disse lhe devolvendo a latinha

Duda: - Você sabe fazer?

Luan: - Não.

Duda: - Então vai aprender agora. Pega o achocolatado pra mim.

Luan: - “Achocolatado” – falei fazendo uma voz fina a imitando – Por que não fala toddy? Todo mundo fala toddy.

Duda: - Por que eu não quero! Joga um pouco aqui.

Ainda atrás dela joguei um pouco enquanto ela começava a misturar, Duda pediu que eu não colocasse mais e eu fechei o toddy e continuei atrás dela á vendo mexer á panela. Ela estava tão cheirosa que não resisti á lhe dar um fungada no cangote á fazendo rir. Já sabia que era pela minha barba.

Duda: - Você tem que cuidar direito disso.

Luan: - Disso o que?

Duda: - Sua barba. Por que não ajeita ela? Ela é toda estranha!

Luan: - Estranha seu rabo!

Duda:  - Me respeita menino! – ri – Ela é falha e você deixa crescer, fica parecendo pelo de cachorro. Por que não apara certinho?

Luan: - Se continuar reclamando não vou aparar nem meu cabelo do saco!

Ouvi a gargalhada escandalosa de Duda e acabei rindo junto, sua risada estranha era contagiante.

Duda: - Fica a vontade. Não é eu que vou ficar matagando mesmo! – falou ainda rindo

Estava pronto para respondê-la quando Laís e Rober adentraram a cozinha.

Laís: - Epa! Minha cozinha não é lugar pra isso, pode sair de trás da minha amiga Luan! – falou divertida

Duda: - Você só pensa besteira, credo! – riu

Rober: - Ta cheirando isso. O que você ta fazendo?

Logo dei meu lugar de “ajudante” para Laís e eu e Rober nos sentamos frente ao balcão enquanto conversávamos com elas. Parecia que estávamos conseguindo fazer Duda se esquecer do acontecimento e se divertir um pouco. Toda a tensão que vivíamos parecia não existir mais, e toda a intimidade para brincadeiras voltou á tona me deixando em casa com o novo sentimento de amizade que reinava entre nós. Ouvi Laís contar animada que iria para o próximo show conosco, comemoraria seus três meses de namoro com Rober, e aquilo acabou me dando uma idéia.

Luan:  - E você Maria, por que não acompanha a gente nessa semana?

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Se amam, se cuidam.... mas são orgulhosos demais para voltarem... por enquanto!

Agora, será que Duda vai aceitar? Se sim, o que vai rolar nessa viajem? E se ela negar... será que Luan sem ela e com Laís junto deles dará em alguma descoberta?

Mas por enquanto, ta muito amorzinho esse lance de "amizade". O que vocês estão achando? Vão aguentar ficarem só nisso?

Beijoooos