175 - Enganos

Não sei qual foi o exato momento em que o clima mudou. Mas eu senti. Senti nos olhos dele e senti em todo o meu ser. A saudade era gritante entre nós. Travei uma luta interna, mas seus olhos castanhos ganharam meu coração e desejos. Luan havia cuidado tão bem de mim e feito tanto por mim nas  últimas horas, que o que mais desejava naquele momento era ter a certeza de que eu voltaria a ter seus cuidados para todo o sempre. Ao ver seu olhar inerte no meu, tomei a iniciativa. Me aproximei sem interromper nosso contato visual. Já quase sentia seus lábios quando tive uma surpresa. Ele desviou! Luan desviou do meu beijo. Com um jeito tímido e delicado, deliberadamente fugiu de mim.

Me senti uma tola. A vergonha inundou meu rosto. O encarei e ele parecia perdido em seus pensamentos. Mais vergonha vindo de mim. Fiquei desapontada com sua atitude. Decepcionada talvez. Mas em rápidos segundos o compreendi. Ele tinha esse total direito de não me querer mais. Só não entendia então o por que do acontecimento do banheiro.

Recolhendo o pouco que me restava de autoestima e confiança, aos poucos fui saindo do seu colo, coisa que se quer me lembro como fui parar lá. Senti sua mão agarrar meu pulso quando eu já estava de joelhos para me levantar. Seu olhar parecia um pouco desesperado.

Luan: - Duda...

Duda: - Não, tá tudo bem Luan, desculpa. - falei sentindo meu rosto queimar. Sorri amarelo pra ele que não me soltou

Luan: - Eu...

Duda: - Tudo bem, eu já entendi, não tem que me explicar nada. - sorri sem graça me soltando dele que me olhava sem saber como agir. - Leva o colchão pra cama? Tá na hora de dormirmos.

Me levantei e fui rumo ao quarto, sentindo seu olhar sobre mim. Entrei no banheiro para me trocar e o ouvi arrumar o colchão sobre a cama. Me troquei e após respirar fundo sai do banheiro. Luan estava sentado na beirada da cama mexendo no celular, tão sem graça quanto eu. Me deitei e enquanto eu me ajeitava ouvi a voz do meu filho em um áudio que Luan escutava. Arthur se dizia ansioso para viajar conosco e pedia para que o pai cuidasse bem de mim e do bebê. Sorri involuntária e levei minha mão até minha barriga. Ouvi Luan e Arthur conversarem por vários minutos por áudios que me fizeram rir e esquecer um pouco da vergonha de minutos atrás.

Arthur se despediu um tempo depois informando que veria filmes com a tia, o que fez por fim Luan apagar a luz e se deitar ao meu lado. Ele ainda mexia no celular, o que deixava o quarto claro. Fiquei quieta no meu canto e fechei os olhos tentando dormir sem trocar mais nenhuma palavra com ele. Estava sonolenta quando me virei ficando de costas pra ele. Ouvi seu suspirar e de forma gradativa ele ir se aproximando, quando por fim Luan já me abraçava por trás, deixando sua mão sobre a minha em minha barriga. Respirei fundo e suspirei, não podia negar, não existia maneira melhor do que dormir em seus braços.

[...]

Dia seguinte, 8:23AM

Eu estava quase bêbada de sono, estávamos os quatro no aeroporto em uma sala privada por conta de Luan. Esperaríamos alguns minutos para por fim poder voar rumo a cidade de seu próximo show, Salvador.

Laís: - Meu Deus Duda, daqui a pouco você vai cair pra frente nessas pescadas que você dá! - comentou rindo

Rober; - Que sono é esse? Dormiu de noite não? 

Luan: - Até roncou cara!

Não os respondi, apenas ri de leve sentindo meus olhos quererem se fechar sozinhos.

Luan: - Deita aqui no meu ombro. É a  gravidez que tá te dando esse sono.

Não pestanejei. Me aproximei dele no sofá em que estávamos e deitei em seu ombro depois dele passar seu braço pelo meu.

Devo ter cochilado no máximo vinte minutos, pois logo fui acordada para irmos até o seu jatinho. Quando estávamos já na pista, ouvimos alguém gritar pelo Luan. Olhamos rumo as grades e havia duas meninas ali. Olhei arregalada para Rober que riu.

Rober: - Caiu na rede que o Luan tava aqui com você ontem. Não tinham provas, mas deduziram que fosse verdade.

Me assustei, mas no fundo não foi uma surpresa pra mim elas virem até aqui apenas por uma hipótese de verem Luan.

Luan que carregava minha bolsa no ombro apenas acenou e mandou beijo. Fiquei com dó das garotas e quando me aproximei para falar com Luan, ouvi o grito de uma delas. Antes que elas deduzissem errado a nossa aproximação, fui rápida em pedir Luan para que as atendessem. Luan fez uma careta para mim, mas mesmo assim foi, sem se importar com a bolsa feminina que ele carregava no ombro, o que fez Laís rir enquanto entrava no jatinho junto de Rober.

Entrei logo atrás deles e fui direto para a poltrona de Luan, jogando a mochila que eu carregava noutra poltrona. 

Laís: - Não é o Luan que sempre senta ai?

Duda: - É. Mas hoje sou eu! - falei sorrindo ao abrir o compartimento onde sabia que ele guardava todas as suas besteiras de comer.

Peguei uma barra de chocolate e ofereci a Rober e Laís que aceitaram rindo. Não demorou muito e logo Luan adentrou o local, e riu assim que me viu no seu lugar com a sua gaveta de comida aberta.

Luan: - Vai virar uma bolinha! - comentou rindo e se sentando no assento frente a mim.

Duda: - Mesmo assim vai ter quem queira! - sorri irônica e percebi Luan ficar sério. Fiz mal em ter feito aquele comentário, mas foi algo automático.

Em pouco tempo e jatinho decolou. Rober e Laís estavam em sua bolha particular conversando sobre sei lá o que. Luan encarava a janela calado, e naquele momento odiei o fato de estarmos frente á frente. Já eu, me empanturrava de todas as guloseimas que tinham ali. Senti a sandália que eu usava começar a apertar, e logo deduzi que meus pés começaram a inchar. Suspirei e á tirei vendo Luan me olhar atento.

Luan: - Coloca o pé aqui. Eu te faço uma massagem. - ofereceu me encarando

Recusei com um aceno de cabeça enquanto abria um saquinho de jujubas. Luan não convencido pegou minhas pernas e colocou em seu colo. Revirei os olhos para ele, mesmo começando a me satisfazer com sua massagem em meus pés inchados. 

Chegamos em Salvador próximo ao horário de almoço. Luan teve o maior trabalho para sair do aeroporto sem ser visto por ninguém. Chegamos ao hotel com o mesmo cuidado, não queria que achassem que eu e Luan estávamos tendo algo outra vez. Queria um pouco de paz por enquanto.

O hotel era luxuoso, e já haviam reservado uma sala de refeições para Luan, e fomos direto pra lá assim que chegamos. 

Laís: - Acho que as táticas de vocês de não serem vistos não adiantou em nada. - comentou mexendo no celular

Duda: - Por quê?

Laís não me respondeu, apenas me entregou o celular com uma foto minha ainda no aeroporto de Campo Grande.




"Olha quem vai embarcar com o cantor depois da perca da avó. Parece que tem alguém cuidando direitinho da amada ein?! Quero fotos juntos pleaaasee! #MeuCasal!"

Luan riu despreocupado após terminar de ver a postagem.

Luan: - Estranho seria se elas não soubessem disso. - riu

Duda: - Você é muito despreocupado.

Luan: - Você quem preocupa demais. 

Iria responder Luan quando chegaram com nossos pratos. No meio da refeição o celular de Luan que estava sobre a mesa começou a tocar, pude ver de relance  a foto de uma loira estampar a tela. Luan o pegou e se levantou saindo de perto de mim para atender.

*Luan Narrando

Estava almoçando quando meu celular começou a tocar sobre a mesa. A foto de Paula, secretária do Dr. Elias apareceu na tela. Peguei meu celular e fui atender longe deles, não queria que ninguém soubesse das minhas consultas.

Luan: - Fala Paulinha! 

Paula: - Não atende o celular mais não? Liguei da clinica várias vezes, tô no meu horário de almoço e te ligando do meu celular. Você vai ter que pagar o boleto dele esse mês! - disse brincalhona me fazendo rir

Paula era jovem, uns dezenove anos, e nas poucas vezes que tive que esperar Dr. Elias, fiz amizade com ela. Paula era toda extrovertida e adorava fazer piadas com sua opção sexual, o que me chocou quando ela me contou. Ela era linda e com certeza vários caras á cobiçavam por ai sem nem imaginarem que ela gostava da mesma fruta que eles.

Luan: - Eu pago! - ri - O que você manda?

Paula; - Dr. Elias disse que você mandou mensagem pra ele essa madrugada querendo uma sessão urgente. Você pode quando?

Luan: - Não vou á São Paulo essa semana. Se eu pagar a mais e todas as despesas, ele vem na cidade que eu tô?

Paula: - Por que não falam por celular?

Luan: - Por que não. Acha que ele vem?

Paula: - Vou falar com ele. Que cidade?

Luan: - Tô pela Bahia essa semana. Vai depender do dia que ele puder.

Paula: - Bahia? Que incrível! Tenho familiares ai, mas desde que me mudei pra São Paulo não tive como ver eles novamente - suspirou - Enfim Luan, vou falar com ele e entro em contato, vê se atende esse celular.

Luan: - Se ele vier você vem junto pra rever sua família. Olha, convence ele pra mim ai Paulinha. Eu pago o que ele quiser.

Paula: - Tudo bem, eu vejo com ele. Só não me ilude de ir junto. - riu

Luan: - Não tô te iludindo. Vem! Por minha conta vai.

Paula: - Me fala só uma coisa.

Luan: - O quê?

Paula: - Você tá com ela né?

Luan: - A Duda? - perguntei baixo. Paula sabia o motivo de minhas consultas

Paula: - Sim. O que aconteceu pra você ligar pro Elias de madrugada? Teve recaída? - perguntou curiosa

Suspirei e olhei na direção em que ela estava. Peguei Duda me encarando fixamente, mas disfarçou assim que eu á olhei.

Luan: - Mais ou menos. - confessei á fazendo rir

Paula: - Ela é linda mesmo. Difícil resistir. - comentou me fazendo rir. Seus elogios e até cantadas em relação a Duda nunca me enciumaram, talvez por eu não levar Paula tão a sério. Ela era meio louquinha na maioria das vezes.

Nos despedimos e acabei rindo novamente das coisas que ela me falou. Guardei meu celular no bolso e voltei pra mesa. Rober havia terminado de comer, Laís quase terminava e Duda parecia apenas brincar com  a comida.

Luan: - Não vai comer? 

Duda: - Não.

Luan: - Falei pra não comer aquele tanto de besteira. Agora não consegue comer o que deveria.

Duda: - Me deixa Luan. - falou parecendo irritada - Onde é o meu quarto? - perguntou se levantando 

Rober: - Eu te levo Dudinha. Já terminei de comer - disse estranho, me olhando como se quisesse me dizer algo que acabei sem entender

Os dois saíram da sala e encarei Laís.

Luan: - O que deu nela?

Laís: - Vocês homens são tão desligados. - suspirou negando - Não tá na cara?

Luan: - Não. O que?

Laís: - Ciúmes Luan. Seu celular tocou, apareceu uma mulher na tela e de repente você se afasta e fica cheio de risinhos pra lá. 

Luan: - Mas não era nada do que ela tá pensando! - me defendi arregalado

Laís: - Isso você tem que dizer é pra ela.

Luan: - Meu Deus, mulher grávida é completamente louca! - falei passando a mão no cabelo e ouvindo a risada de Laís

Terminei de almoçar e fui rumo ao corredor dos quartos. Por coincidência ou não, o de Duda ficava bem em frente ao meu. Bati em sua porta insistentes vezes para enfim ela abrir. E quando ela o fez é que entendi a sua demora. Duda estava de roupão e toda molhada. Foi difícil segurar meu olhar por seu corpo.

Luan: - Posso entrar?

Duda não respondeu, apenas me deu espaço para entrar. Fechei a porta atrás de mim e vi ela procurar algo na pequena mala que levou.

Luan: - Tá tudo bem?

Duda: - Ta.

Luan: - Certeza?

Duda: - Aham.

Me sentei na beira de sua cama e vi ela pegar um frasco no fundo da mala. Passei á observá-la sem nem disfarçar. Duda então foi pra frente do espelho enorme que tinha ali, e quando menos esperei ela desfez o laço do seu roupão, o tirando em seguida. Paralisei olhando seu corpo de costas pra mim. Duda usava um biquini de tecido mole e completamente minúsculo. Posso dizer que aquilo tudo era só um amontoado de tiras. Engoli em seco e desci meu olhar até sua bunda, onde o biquini quase sumia. Puta merda. Essa mulher meche tanto comigo. Em segundos passei a desejá-la, mesmo não podendo. Vi Duda começar a passar o conteúdo do frasco por toda a frente do seu corpo, e achei a cena mais linda do mundo o cuidado com que ela realizava aquele processo em sua barriguinha.

Me levantei e me aproximei, parando atrás dela. Duda parou de espalhar a espécie de óleo corporal e me encarou através do espelho.

Luan: - Deixa que eu passo atrás pra você.

Duda não disse nada, apenas me entregou o frasco. Despejei um pouco do liquído na minha mão e pedi a Deus todo o autocontrole do mundo. Comecei por seus ombros, onde aproveitei para apertar um pouco numa espécie de massagem, em seguida dessci por suas costas vendo Duda fechar os olhos gradativamente.

Luan: - Por que você mudou daquele jeito no almoço? - perguntei descendo minhas mãos por sua cintura. Vi sua pele se arrepiar e aquilo me deixou louco.

Duda: - Por nada.

Luan: - Você ainda sente ciúme! - afirmei apertando minhas mãos em seu quadril e me encostando nela.

Duda: - Você não? - perguntou depois de um bom tempo em silêncio

Luan: - Tô trabalhando ele. - respondi baixo, tirando seu cabelo de seu ombro.

Duda: - Por que negou o meu beijo ontem? - perguntou abrindo os olhos e me olhando pelo espelho

Luan: - Por que eu não posso. - fechei meus olhos firmando minha testa em seu ombro

Duda: - É por causa dela? - perguntou se virando pra mim.

Luan: - Ela quem? - abri meus olhos á encarando, Duda segurou meu rosto não deixando nossos olhares se desviarem

Duda: - A loira que te ligou no almoço... Era dela que a Samily falava?

Vi um pouco de medo em seus olhos, e de certa forma aquilo me inibiu. Em um gesto impensado desviei nossos olhares. Duda entendeu aquilo como uma confirmação para a sua dúvida, e logo saiu de perto de mim vestindo seu roupão outra vez.

Luan: - Não pira Duda. Não tem ninguém em jogo! 

Duda: - Não é o que parece.

Luan: - Caramba, tô aqui com você, desmarquei compromissos pra cuidar de você... você acha que se eu tivesse outra pessoa ela aceitaria isso? - perguntei me aproximando

Duda apenas deu de ombros sem me encarar enquanto tirava uma peça de roupa da mala.

Luan: - Eu já te disse. Se for pra eu ficar com alguém, esse alguém vai ser você. Você sabe disso! - suspirei nervoso

Duda: - Então quem era no telefone? Com quem você falou essa madrugada? Eu vi você saindo do quarto falando ao celular. - virou-se pra mim cruzando os braços

Fechei os olhos e respirei fundo. Liguei na madrugada para Dr. Elias. Precisava de seus conselhos sobre Duda ou eu piraria.

Luan: - Ta vendo como são as coisas? Poxa Duda, eu tô aqui contigo, tô tentando mudar, você não imagina o esforço que tô fazendo. Você não vê, não sabe, mas eu tô um caco! Tô odiando o homem que sou pelas coisas que fiz, tô me romoendo por ter renegado um filho, tô me sentindo um lixo e você ainda acha que eu tenho cabeça pra outra mulher? Você e o turbilhão de coisas que me traz já é o suficiente!

Duda: - Tá insinuando que só te trago problema Luan? Porque se for...

Luan: - Caramba, não Duda! - á interrompi nervoso - Só tô te dizendo que não tenho cabeça pra mulher, não tenho condições pra isso. Para de paranóia!

Duda: - Além de tudo me chama de louca! - murmurou vestindo um short por baixo do roupão

Luan: - O que tá acontesendo com você? Caramba, que mal humor! - bufei me deitando na cama

Duda: - O que você pensa que tá fazendo?

Luan: - Tô deitado?! - perguntei como se fosse o óbvio

Duda: - Me poupe Luan, vai pro seu quarto!

Luan: - Não. Não vou até você parar de ser azeda e imaginar coisas nessa sua cabecinha mirabolante!

Duda: - Você não tem que fazer isso. É solteiro, fico com quem quiser, não me deve satisfação! - disse mal humorada vestindo uma blusinha solta

Fingi não ouvi-lá e comecei a assoviar. Duda me encarou revirando os olhos antes de pegar seu celular e ir até a porta do quarto.

Luan: - Onde você vai?

Duda: - Pra longe de você! - respondeu antes de bater a porta

Respirei fundo e pedi a Deus paciência. Havia lido alguns artigos sobre grávidas, mas jamais imaginei que as famosas mudanças de humor constante que citavam, fossem tão intensas. 

Continuei deitado no quarto de Duda mexendo no celular, Rober me mandou uma mensagem dizendo que iriam a praia, neguei ir com eles, sabia que seria quase impossível ter paz. Fiquei no celular vendo a movimentação de minhas fãs que quase piravam pela foto de Duda no aeroporto mais cedo. Elas torciam por nós, ainda mais pelo fato de meu namoro com Duda ter se dado início antes mesmo da fama.

Atualizei meu feed e vários repost's de uma foto de Duda surgiram, elas estavam empolgadas. A foto de Duda na praia provavam a desconfiança delas de que ela estava comigo.

"Quando o corpo pede um pouco mais de alma "



Suspirei vendo a sua foto. Eu daria tudo para estar lá curtindo a brisa do mar e a enchendo de amor. Mas nem tudo que queriamos era possivel, quando tivemos e não soubemos valorizar. Para termos de novo era preciso aprender, e era isso o que eu estav fazendo, aprendendo a ser pra ela o homem que ela precisasse que eu fosse.

[...]

Sai do quarto de Duda já quando o sol ia embora, teria que chegar no local do show um pouco mais cedo hoje, e fui logo me arrumar. Quando vestia minha roupa recebi a mensagem de Paulinha. Dr. Elias estava disposto a vir ao meu encontro depois de amanhã. Mandei uma mensagem para que Rafael da Central resolvesse tudo e tentei convencer Paula a vir também. Ela era uma boa menina, e nas vezes que nos falamos ela sempre falava da saudade que tinha da família. Se eu tinha a oportunidade de lhe proporcionar uma visita á eles, não poderia deixar de o fazer. 

Sai do meu quarto ainda trocando mensagens com Paula, que agora já estava mais convencida a ir. Ouvi um trincar de porta e olhei pra frente dando de cara com Duda saindo no mesmo instante que eu. Ela estava incrível. De vestido preto, salto alto e com uma maquiagem leve. Seu perfume era embriagante. 

Luan: Vamos cantar na rádio? - perguntei fazendo graça

Duda: - Por quê? - riu e só então me olhou dos pés a cabeça. Eu também estava todo de preto com uma camisa e calça jeans - Tá gatão! - falou sorrindente, e então pude perceber que sua pequena crise de ciúme de horas antes havia passado. Agradeci mentalmente

Luan: - Você também tá linda! Vamos? 

Duda sorriu e me surpreendendo passou seu braço pelo meu. Beijei o topo de sua cabeça e fomos assim até o elevador,

Luan: - Como foi na praia?

Duda: - Foi bom.

Luan: - Como nossa bonequinha tá? - perguntei quando já estavamos no elevador

Duda: - É um menino Luan! - riu - Mas até que está se comportando. - passou a mão por sua barriga

Luan: - Temos que contar pros meus fãs.

Duda: - É.

Luan: - A gente tira uma foto mais tarde. Sabe do Rober e da Laís?

Duda: - Já tão no saguão.

Assenti e ficamos em silêncio. O elevador se abriu e entrou um casal de idosos de mãos dadas. Percebi Duda sorrir os observando.

Chegamos no saguão e já pudemos ouvir o a histeria de minhas fãs. Duda se afastou e foi pra perto da amiga, um dos seguranças os levaria para a vã por outra entrada e eu fui acenar rapidamente para as meninas e mandei beijo sinalizando que estava atrasado.

Na vã, por costume sentei ao lado de Duda. Meu celular vibrou várias vezes no bolso, Duda percebeu e me olhou curiosa. Com certeza era Paula já que á deixei falando sozinha, mas não peguei meu celular, não queria causar mais ciúmes ainda em Duda, ainda mais agora que ela estava de bom humor. 

[...]

*Duda Narrando

O show de Luan havia começado á alguns minutos. Optei por ficar no camarim, estava com um pouco de frio. Rober foi fazer seu serviço e Laís me acompanhou, apesar de sempre insistir para que fossemos para a lateral do palco.

Laís: - Você ta muito quieta. O que foi?

Duda: - Não é nada.

Laís: - É sim. O que houve? Ainda o lance da menina que ligou no almoço?

Duda: - Ah, eu não devia ta assim, a gente nem tem nada mais! - suspirei finalmente desabafando - Mas é que acho que eles estão mesmo tendo algo. Vi a foto rápida, mas era uma loirinha bonita.

Laís: - Du, ele já disse que não é nada disso. Por que sofrer sem razão então?

Duda: - No caminho o celular dele vibrou o tempo todo. Eu senti. Como tava perto de mim ele não pegou, mas quando chegou aqui foi pro canto do camarim e ficou todo cheio de risinho trocando mensagem,

Laís: - Pode ser a Bruna.

Duda; - Não era. A última visualização dela foi de tarde. Ai, quer saber? O Luan faz o que quiser da vida dele. Se ele tá seguindo em frente, eu também vou seguir! - falei me levantando

Laís: - Como assim louca? Onde vai?

Duda: - Vem comigo. - á peguei pela mão - Não coloquei um salto desse tamanho, machucando meu pé atoa. Se ele consegue seguire em frente, eu também consigo! - disse á arrastando para fora do camarim.

Já que saí de São Paulo pra ver esse show, finalmente curtiria um show do Luan de uma forma que jamais curti antes. Ele que se preparasse, e para o próprio bem, que ele não me visse lá de cima!







Comentários