181 - Jantar

Acordei com beijos frios em meus ombros, suspirei sonolenta. A sensação de acordar outra vez com seus carinhos era saudosa.

Luan: - Acorda dorminhoca. Temos que viajar!

Espreguicei-me virando e dei de cara com um Luan risonho e com o cabelo pingando sobre mim.

Luan: - Bom dia loira! - sorriu largo tirando meu cabelo do meu rosto

Beijei sua bochecha em resposta e me virei saindo de debaixo dele, com certeza eu estava com bafo.

Duda: - Bom dia. - respondi sorrindo pra ele ao sair da cama

Luan: - Calcinha legal ein? - zoou rindo e eu lhe apontei o dedo do meio antes de seguir para o banheiro

Fiz minhas higienes rapidamente e sai do banheiro arrumando meu cabelo. Luan estava com a calça da noite anterior desabotoada enquanto mexia em seu celular.

Duda: - Vamos embarcar agora?

Luan: - Daqui uns quarenta minutos. - murmurou digitando algo

Olhei-o desconfiada com medo de que ele se chateasse ao perceber que eu havia visualizado a mensagem que Paola havia lhe enviado.

Duda: - Você disse ontem que a gente tinha que conversar sobre como vamos ficar. - comentei sem jeito enquanto pegava uma peça de roupa na mala.

Luan por fim bloqueou o celular o colocando na cama e suspirou.

Luan: - Vem cá, senta aqui! - pediu batendo no espaço ao seu lado na cama

Terminei de vestir o short e fui até ele, sentei-me sem saber o que esperar, Luan envolveu minha mão entre as suas e me encarou.

Luan: - Desde que eu percebi que você sempre falou a verdade em relação a sua gravidez, eu me dei conta do quanto você sempre esteve certa quando dizia que meu ciúme era doentio. Eu ficava louco de ciúmes quando a gente namorava, e percebi que separados seria ainda pior. Eu sempre quis volta pra você Duda. Sempre quis que a gente desse certo, e mesmo que isso demorasse a acontecer. Eu tinha e tenho consciência que boa parte do nosso relacionamento não deu certo pelas minhas crises. Eu queria voltar pra você, quero aliás, mas não quero que seja igual das outras vezes. Quero ser diferente, quero ser melhor pra você, você entende? - assenti olhando ele nos olhos - O Dr. Elias é um psicoterapeuta especializado em relacionamentos. Venho fazendo sessões semanalmente com ele pra aprender a controlar meu ciúme em relação á você, e bom, acho que tá dando certo.

Fiquei surpresa, completamente surpresa com sua confissão. Jamais imaginaria que Luan fosse atrás de ajuda médica. Sua melhora era notável, porém achei que se dava ao fato de não estarmos mais juntos. Me enganei.

Luan: - Não vou mentir pra você. Ta difícil pra caramba mudar. Vejo você toda linda, toda risonha, parece as vezes que nem se abalou com nosso término e isso só me faz pensar que... - interrompi Luan colocando meu dedo indicador sobre seus lábios

Duda: - Não pensa então. Eu até então não conhecia esse Luan que me respeitava tanto, que me aceitava tão plenamente, que era tão maduro.. E quer saber? Eu tô amando ele! - sorri emocionada. Achei tão lindo da parte dele procurar melhorar para ser alguém melhor pra mim

Luan: - Eu sei disso. - beijou minha mão - E é exatamente por saber disso que não podemos voltar. Não agora!

Duda: - O que? - sussurrei incrédula

Luan: - O Dr. Elias tá certo Duda. Eu voltar contigo agora não é saudável. Vai ir tudo por água a baixo. Meu tratamento não tá nem na metade e...

Duda: - E o que a gente sente Luan? - perguntei com a voz embargada

Luan: - O que a gente sente não muda! Eu só preciso de um tempo. Um mês ou dois no máximo. Eu voltar pela necessidade que sinto em ter você não nos faz bem. Eu vou voltar, mas vou voltar quando eu for o cara certo pra você.

Duda:  - Para com isso. Você já mudou, e esse pouco já me faz bem. Você já me fazia bem antes de tudo isso. Não faz assim, não vamos perder mais tempo Luan! - pedi segurando seu rosto

Luan: - Amor... - olhou-me pesaroso

Duda: - E se fizermos isso juntos?

Luan:- Isso o que?

Duda: - Terapia. Existe terapia pra casal. É só fazermos isso juntos, não precisamos nos separar mais.

Luan: - Não vamos. - segurou meu rosto - Não precisamos fazer isso meu bem. O problema sou eu. Eu vou resolver isso. Só... me espera. Só isso que te peço hum? - perguntou carinhoso, retirando meu cabelo do rosto. Fechei meus olhos e algumas lágrimas caíram.

Duda: - Tudo bem. - sussurrei o encarando - Só não pense que vou tornar isso fácil pra você. - engoli em seco me afastando

Luan: - Do que você ta falando?

Duda: - Você quer esperar a autorização de um velho pra voltarmos? Tudo bem! Mas eu não quero isso. Você vai persistir em continuarmos assim, e eu vou insistir em ficarmos juntos. Uma hora você vai ceder e ter que escolher. Ou o que ele quer, ou o que eu quero!

[...]

2 Semana Depois

*Luan Narrando

Duda tinha razão. Ela não facilitaria em nada a minha decisão de ficarmos separados. Olhei outra vez a mensagem que ela havia acabado de me enviar com um convite para um jantar a dois e suspirei. Durante essa semana pareceu mais fácil, ela não estava o tempo todo linda ao meu lado. Via-a apenas por fotos. Mas agora, apenas em saber que algumas ruas nos separam meu coração já dispara.

Não podia negá-la um jantar. E não neguei. Mesmo sabendo o quão difícil seria resistir á ela.

Marizete: - Você vai dormir em casa filho? - perguntou quando eu pegava a chave do carro. Á encarei em dúvida. Realmente não sabia. Meu pai, minha mãe e Arthur pausaram o filme e me encararam aguardando a resposta

Bruna descia as escadas naquele momento toda arrumada. Foi a minha deixa.

Luan: - Vocês tem que perguntar isso é pra de menor ai! - ri saindo

Bruna: - Não sou de menor! - ouvi-a a gritar quando eu já destravava meu carro

Cheguei rapidamente a casa de Duda. Por incrível que pareça não havia a visto hoje. Mesmo quando fui buscar Arthur em sua casa. Iria buzinar, mas resolvi lhe enviar uma mensagem. Ri sozinho ao ver que ela foi mais rápida.

"Entra, tô um pouco atrasada. A porta ta destrancada."

Olhei-me no retrovisor do carro, eu estava um bom partido. Ri de mim mesmo e cheirei minha blusa. O perfume estava intacto. Passei a mão em meu cabelo e desci do carro.

Adentrei sua casa e suspirei. Lembrei-me de vários momentos nossos ali.

Duda: - Luan? Sobe aqui! 

Ouvi seu grito e subi rindo, a porta do seu quarto estava aberta, adentrei e apenas encontrei alguns produtos de maquiagem sobre a cama.

Duda: - Ei, vem cá! - ouvi sua voz do closet

Desconfiado fui até lá, e não evitei minha risada ao vê-la toda esticada tentando pegar um sapato em sua última prateleira.

Luan: - Acho que você ta precisando de ajuda! - ri me aproximando. Ela estava extremamente cheirosa, e por Deus aquela roupa toda branca a deixou linda feito um anjo! - Qual quer que eu pegue?

Duda: - O nude.

Peguei o par de sapatos com facilidade e á entreguei. Duda sorriu e como agradecimento beijou minha bochecha.

Duda: - Demorei um pouco pra achar uma roupa. Ta tudo marcando a barriga. - fez careta calçando seu sapato

Luan: - Você ta linda! 

Duda: - Obrigada.

O sorriso que ela me deu fez-me olhar feito bobo seu rosto. Como eu amava essa maldita mulher!

Duda: - Olha, se você não quiser que suas fãs façam um alvoroço é melhor você sair do fundo da minha foto!

Ri ao perceber e sai de perto, como de costume Duda tirou uma foto frente ao espelho. Mesmo depois de deixar de ser modelo, ela ainda tinha seus hábitos de uma.

Quando ela já estava por fim pronta, fomos para o meu carro.

Luan: - Qual o destino?

Duda: - Nosso restaurante preferido. Lembra?

Sorri assentindo. Era sacanagem ela fazer aquilo. Aquele lugar marcou bons meses do nosso namoro. Demoramos um pouco a chegar, e por todo o percurso fomos conversando sobre Arthur e sua gravidez, dali a dois dias ela realizaria um novo exame para saber o sexo do nosso bebê.

Duda já havia reservado nossa mesa, e assim que entreguei o carro para o manobrista vi o olhar do mesmo para as pernas desnudas de Duda.

Luan: - Ta curto isso ein?! - comentei desconfortável enquanto seguia ao seu lado até nossa mesa, que como sempre era no lugar mais discreto possível

Sentamos e de início não fizemos pedido algum, fiquei com uma taça de vinho e Duda pediu apenas uma água.

Luan: - Por que ta fazendo isso ein? - perguntei acariciando sua mão que estava sobre a mesa

Duda: - Pra você ver que podemos fazer isso juntos. Eu vou te entender mais Luan. Não culpe só a você por nosso fim. Eu te dei motivos pra você pensar o que pensou. Pra dar certo nós dois temos que mudar, não só você. E podemos sim fazer isso juntos.

Luan: - Eu não posso Duda, não posso. - acariciei seu rosto - Não consigo olhar pra você e não sentir remorso de tudo o que fiz. Eu por dias odiei meu próprio filho, uma criança que mesmo se não fosse minha, não tinha culpa de nada! Esse não sou eu Duda!

Duda: - Para de se culpar tanto caramba. Para de querer ser tão certo. Você errou, eu errei, nós dois erramos. Pra que tudo isso agora? Já passou!

Suspirei, Duda nunca entenderia.

Luan: - A questão não é você me perdoar Duda. É eu me perdoar!

Duda: - E ficarmos separados vai te ajudar com isso? - ergueu sua sobrancelha daquele jeito desafiador que só ela tinha

Luan: - Eu não sei. Mas vou ter a certeza que só vou voltar contigo quando eu for o homem que você merece. E isso sim vai ajudar nós dois, nosso namoro!

Vi ela fechar os olhos. Pareceu se dar por vencida, e por fim assentiu tirando sua mão da minha.

Duda: - Podemos ser amigos pelo menos? - olhou-me tristonha

Luan: - Você sabe que sim! Temos que ser. Temos duas crianças juntos.

Duda: - Ta... Só... Não demora. Não sou forte o suficiente para ser amiga do cara que eu amo! - assumiu sem jeito

Sorri pra ela a agradecendo. Não seria fácil para nenhum de nós, mas eu precisava do meu tempo, de auto me perdoar para voltar de vez pra ela.

Duda: - Vamos fazer o pedido? Tô morrendo de fome!

Sua mudança de humor foi drástica e rápida. Em segundos uma Duda gulosa e risonha estava a minha frente.

Duda: - Odeio essa parte da gravidez!

Luan: - Que parte? - parei de comer a encarando.

Duda: - Minha bexiga parece estar sempre cheia. Vou ao banheiro, licença!

Ri do seu jeito apressado ao sair da mesa e a segui com o olhar. Ela estava realmente muito linda. E o cara da mesa próxima ao banheiro pareceu concordar ao encará-la tão descaradamente. Ri sozinho. Pela primeira vez na vida confiei em nós dois. Ela era minha. De uma forma ou outra, no fundo ela era minha!

Enquanto Duda ainda estava no banheiro o garçom veio recolher nossos pratos já vazios. Conhecia seus gostos e pedi sua sobremesa favorita. Enquanto ela não voltava fiquei mexendo no celular, e dentre as fotos publicadas vi á dela de quando saiamos de sua casa.

"#LastNight"

Curti sua foto e mais outras que apareceram em meu feed até que ela chegasse e se sentasse frente a mim outra vez.

Duda: - Sabe do que eu tô com vontade?

Luan: - Do seu bolo de sorvete? 

Duda: - Petit gateau Luan! - riu - Também, mas não é só isso.

Luan: - O que então?

Duda: - Ir a uma balada! Vamos?

Olhei surpreso pra ela. Duda parecia realmente empolgada.

Duda: - Faz tempo que não vou. E sinto muito, mas se você não for comigo, eu vou sozinha amigo! - sorriu cínica

Revirei os olhos pra ela e cedi assentindo. Essa mulher era a minha perdição.

A nossa sobremesa rapidamente chegou. Duda devorou a sua em segundos e ainda comeu metade da minha, alegando que estava com desejo. Paguei a conta e seguimos em direção ao carro, onde outra vez o manobrista encarou Duda descaradamente. Vi Duda sorrir pra ele, sabia que ela queria me provocar.

Duda: - Passa em casa antes. Quero trocar essa roupa!

Luan: - Ainda bem! Isso ta curto demais!

Duda: - Você acha? - perguntou provocante ao cruzar as pernas

Luan: - Não brinca comigo loira! - ri negando

Duda: - Tô com vontade de chupar laranja!

Luan: - Laranja? - perguntei rindo

Duda: - Sim! Para ai, eu vou buscar!

Gargalhei estacionando o carro frente a um hipermercado. 

Luan: - Deixa que eu vou pra você.

Duda: - Cuidado para não te deixaram mais sair! - avisou rindo

*Duda Narrando

Enquanto Luan ia atrás de comprar minha laranja, fiquei no carro procurando uma música que me animasse. Era difícil, Luan parecia escutar somente músicas depressivas. Nem me dei conta de quando ele voltou, na verdade levei o maior susto quando ele abriu a porta do carro.

Não segurei a minha risada ao vê-lo com um saco de laranja em uma mão.

Duda: - Era só uma maluco !- ri

Luan: - Não vendiam separado.

Vi que ele escondia algo atrás de si e fiquei curiosa.

Duda: - É chocolate? Por que se for, olha, eu não rejeito! 

Luan me surpreendeu ao com um sorriso lindo tirar de trás de si uma espécia de buquê. Não era verdadeiras flores, era algum tipo delas que só havia visto em uma árvore antiga que havia na frente da casa da falecida avó de Luan. Surpresa peguei o buquê que ele erguia pra mim.

Duda: - Caramba! Tem o cheiro da nossa adolescência! - comentei surpresa cheirando-a

Luan: - Tinha delas na frente da casa da vó. Lembra?

Duda: - É claro! Como achou um buque disso?

Luan: - Também tô surpreso. - riu

Duda: - É lindo. - olhei pra ele que colocava seu cinto de segurança - Você coloca meu perfume preferido, vem todo lindo, apara a barba do jeito que eu gosto, me dá um buquê que relembra da nossa melhor época e ainda diz que quer ser só meu amigo? - perguntei segurando um sorriso. 

Luan como uma das poucas vezes ficou timido. Ri dele e me aproximei beijando abaixo de sua orelha vendo-o se arrepiar e morder o lábio inferior.

Ri dele e aumentei o volume do seu som, e como dois loucos fomos o caminho todo cantando alto.

Assim que chegamos em casa, Luan foi descascar minha laranja e eu fui me trocar, mas antes tive que tirar uma foto com o buquê que ele havia me dado.

"Perfume de um amor antigo ♥"

*Luan Narrando

Após descascar sua laranja, fiquei na sala esperando Duda se trocar para irmos para a balada. Enviei uma mensagem para Bruna a convidando para ela e seu namorado ir conosco, mas até então ela não havia visualizado. Tentava convencer Rober á ir também, mas ele ficou receoso já que Laís estava em Campo Grande, mas por fim cedeu, e acabamos combinando de nos encontrarmos na balada.

Duda: - Lu? To pronta, vamos?!

Olhei para trás na direção da escada e quase infartei. Eu reconheceria aquele vestido a minha vida toda. O maldito vestido preto decotado ao qual ela usou no primeiro show meu que foi após nosso reencontro. Foi por conta daquele maldito vestido e do quanto ela ficava mais gostosa nele que á tranquei no camarim. Engoli em seco e á olhei de cima a baixo outra vez.

Duda: - Gostou?

Sorriu perversa se virando. Sua bunda parecia mais convidativa ainda naquele vestido solto.

Luan: - Ta bonita. - assumi sem jeito -  Toma sua laranja. - falei sem jeito. Duda sabia exatamente o que me causava e comprovei isso quando ela pegou a fruta da minha mão enquanto ria.

A maldita foi andando propositalmente na minha frente, balançando aquela bunda linda que ela havia me oferecido semanas atrás. Balancei a cabeça espantando meus pensamentos maliciosos e tranquei a casa quando ela já estava no carro. Assim que eu entrei suas pernas já estavam cruzadas mostrando mais ainda seu par de coxas. Suspirei, no fundo eu sabia. Sua provocação estava mal começando. Quando ela disse que não facilitaria nada pra mim ela realmente falou a verdade, e me provaria aquilo nessa noite!

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Eita casalzinhooo complicado. Esse Luan ta merecendo uma surra não é mesmo?

Mas a Duda não vai desistir e vai provocar o cantor até ele ceder. 

Será que será essa noite que esse joguinho dos dois acabam?

Só digo algo, essa balada prometeeee!!