193 - Intuição de Pai

Quando eu quase já não tinha pele ao redor de minhas unhas, finalmente chegamos no local. Meu pai me ajudou a descer, e mesmo de muleta tive de tirar fotos com duas ou três pessoas até chegar ao corredor onde Bruna e Duda estavam.

Bruna: - Ainda bem que chegaram! A próxima é ela. – disse me abraçando assim que cheguei – Como você tá? Ta se recuperando certinho? Tomando os remédios? Sentindo muita dor? – ri da preocupação da minha irmã, ela havia ficado apenas esses quatros dias longe, e mesmo falando comigo todos os dias pelo celular ainda sim parecia preocupada

Luan: - Eu tô bem piroca. – beijei sua testa e olhei mais a frente onde Duda estava sentada passando a mão no rostinho de Arthur. Soltei-me de minha irmã e me aproximei. – Oi. – sorri acanhado pra ela que ergueu a cabeça e se levantou sorrindo

Duda: - Oi!

Ficamos os dois sem jeito. Sentia o olhar até do meu pai sobre nós, mas logo ela me surpreendeu abraçando-me pelo pescoço. Com a mão livre á qual eu não firmava a muleta, também á envolvi pela cintura.

Duda: - Você ta bem? – perguntou depois de beijar a minha bochecha

Luan: - Tô. E você? Aliás, você tá linda!

Duda corou na mesma hora e antes de me responder me fez sentar na cadeira ao seu lado.

Duda: - Eu acho que ela mexeu essa noite. Não tenho certeza se foi ela ou foi gases pelo tanto de refrigerante que eu e Bruna bebemos. – confessou nos fazendo rir

Luan: - Foi gases. Ela vai mexer a primeira vez só quando estiver comigo. – falei colocando a mão sobre sua barriguinha agora já visível – Ganhou o vestido de fã? – perguntei ao me lembrar da sua legenda

Duda: - Foi. Acreditam que descobriram que hotel eu estou e ficaram lá até eu descer pra me entregarem? – falou rindo

Ri também e pousei minha mão em sua perna, apertando próximo ao joelho.

Luan: - Tá com alguma coisa por baixo? – perguntei um pouco inquieto

Duda: - Como assim? – riu

Luan: - Um short, sei lá – perguntei puxando outra pele da minha unha, dessa vez sangrou e eu soltei um palavrão baixo. Antes que Duda me respondesse a porta frente onde nós estávamos abriu, uma grávida saiu e em seguida ouvimos chamar por seu nome. – Maria. – falei baixo a zoando assim que pronunciaram seu nome e ela revirou os olhos pra mim

Duda: - Vocês não vem? – perguntou quando viu que meu pai e Bruna permaneceram sentados

Amarildo: - Não. Esse é um momento de vocês.

Bruna: - Não esqueçam das fotos e do DVD! Só abro mão de entrar dessa vez.

Ri e segui junto com Arthur e Duda para dentro da sala, mas antes de entrarmos fui reconfortado por Duda sussurrando em meu ouvido que estava com um short por baixo.

- Fiquei sabendo que esse bebê tá dando um pouco de trabalho para descobrirmos o sexo. – comentou o doutor quando já passava o aparelho na barriguinha de Duda.

Arthur: - Meu pai acha que é uma menina. Fizemos uma aposta. Eu acho que é menino!

- E a mamãe, acha que é o que?

Duda: - Tô em dúvida. Mas o Luan entrou na minha cabeça com isso de ser menina. – riu

Luan: - Mas não importa o sexo, tem que vir mesmo é com saúde. – falei ansioso, olhava a tela e pra mim era tudo um borrão

O médico passava o aparelho pela barriga dela, dava zoom e dizia que parte do corpinho era aquela. Duda estava emocionada e eu peguei em sua mão. Pra mim tudo aquilo não passava de algo sem forma, mas claro que jamais diria isso pra mulher emotiva que agarrava minha mão.

Duda: - Ela não é linda?! – disse emocionada

Arthur: - Nã... – antes que ele terminasse a frase que me fez segurar o riso eu lhe dei um cutucão na costela

Esperava ver um bebê ali, mas nada que eu via tinha forma e eu começava a achar aquilo engraçado já que o doutor e Duda insistiam que aquilo eram partes da minha filha.

Luan: - É o que? – perguntei ansioso

- Ela ta mudando de posição.

Luan: - Cê ta sentindo ela mexer?

Duda: - Não. – disse enxugando as lágrimas

- Vou colocar o coraçãozinho dela pra vocês.

Agora sim fiquei ansioso, apertei a mão de Duda e á levei aos lábios, mesmo que pra mim nada daquilo estivesse fazendo sentindo, pra ela estava sendo uma emoção e tanto.

Um som rápido ecoou pela sala e finalmente senti toda a emoção esperada por aquele momento. Me arrepiei todo e Duda ao perceber sorriu lindamente pra mim.

Arthur: - Que troço estranho é esse? – perguntou arregalado me fazendo rir

Duda: - É o coração da sua irmãzinha!

Arthur ficou quieto todo desconfiado com aquele som. Seu coraçãozinho era extremamente rápido e aquilo aqueceu todo meu corpo me fazendo sorrir de orelha á orelha todo bobo.

- Olhem só. Tão vendo isso? – olhei pra tela e ri de mim mesmo ao não conseguir identificar nada além de borrões – Parece que o papai tem razão. É um menininha que vem por ai!

Meu coração todo se encheu de amor. Duda riu em meio ao choro e dessa vez quem beijou minha mão foi ela. Abaixei-me e lhe roubei um selinho salgado por suas lágrimas. Era algo tão simples mas que mexeu tanto com a gente.

O resto da consulta eu fiquei todo bobo. Só conseguia me lembrar da emoção ao ouvir seu coração e da certeza de que eu sempre estive certo. Sempre soube que era uma menina. Saímos com Duda ainda chorosa e não tive tempo de nada antes de Bruna nos encher de perguntas.

Duda: - Seu irmão tinha razão! – disse rindo

Vi as duas se abraçarem eufórica e recebi o abraço do meu pai com direito á várias batidas nas costas.

Amarildo: - Agora vou ter que caçar psicólogo pra você saber não morrer de ciúmes dessa menina! – brincou rindo... ah se ele soubesse. – Parabéns filhão. Mas acho que tem alguém enciumado.

Olhei Arthur que estava sentado de braços cruzados e ri. Recebi o abraço da minha irmã e logo fui até Arthur.

Luan: - Que foi cara?

Arthur: - Não sei pra que essa alegria toda! Á poucos dias nem sabiam que ela existia – disse emburrado o que me fez rir. Arthur dobrou o bico de tamanho – Dela você não ri. Agora de mim...

Luan: - Eu não tô rindo de você cara! E posso te contar um segredo? – abaixei-me e falei em seu ouvido – Eu também não vi nada que parecesse um bebê naquela tela.

Arthur gargalhou, agora feliz.

Duda: - Do que vocês estão falando? – olhei ela e meu coração perdeu o ritmo. Estava tão linda, toda alegre e radiante, a mão sob a barriga e o olhar iluminado

Luan: - O Arthur estava me dizendo o quanto tá empolgado com a irmã, né cara? – disfarcei e vi meu filho dar o sorriso mais falso da face da terra o que me fez rir alto.

Amarildo: - Então... como vai ser? – perguntou já que eu e Duda iriamos resolver nossas vidas agora.

Bruna: - Eu deixo meu carro com vocês e eu, o pai e o Arthur vamos pro shopping.

Arthur: - Isso, me larguem mesmo!

Duda: - Você tá com ciúmes? Sério meu bem? – riu e se abaixou o abraçando e enchendo-o de beijos – Desamarra esse bico. Você é o amor da vida da mamãe!

Duda mimou Arthur mais um pouco enquanto eu mandava um áudio pra minha mãe lhe dizendo sobre sua neta. Em poucos minutos estávamos nós dois no carro rumo ao hotel em que ela estava hospedada. O silêncio predominava o carro, até ela quebra-lo.

Duda:  - Por que perguntou se eu estava com algo por baixo do vestido? – questionou achando graça

Luan: - Ah, sei lá. – dei de ombros incomodado, voltando a comer a pele ao redor da unha.

Duda: - Para de comer isso! – disse brava – Ficou com ciúme?

Luan: - Só seria estranho outro cara te ver de calcinha. E na minha frente ainda. – suspirou

Duda: - Eu sempre vou de short. – tranquilizou-me. – Ela é linda não é?


Luan: - Ela quem?

Duda: - Nossa filha Luan!

Luan: - Ah... – lembrei-me do que vi que até agora não parecia nada pra mim – É linda sim. – sorri amarelo

Duda: - Exame 3D é incrível! Dá pra ver direitinho. No do Arthur ainda não tinha isso. – riu e eu me peguei pensando... se nessa ela achou que viu direito, como ela enxergou o Arthur em um mais inferior ainda? – E o nome, já vai me dizer? – me olhou empolgada ao parar em um sinaleiro

Luan: - Ah... deixa pra quando chegarmos no hotel

Duda: - Você tá me deixando mais ansiosa ainda. Dá só uma dica.

Luan: - É especial. Só isso que tenho pra dizer.

Sorri pra ela e ela pra mim, mas logo sua atenção voltou ao trânsito.        

Luan: - Mas eu ainda acho que você vai implicar com ele. – falei depois de um tempo, um pouco pensativo

Duda: - Fala logo Luan!

Luan: - Vai deixar eu explicar o motivo antes de dar piti? – á olhei. Agora já estávamos entrando na garagem do hotel

Duda: - Se for o nome de alguma ex sua, não precisa nem começar.

Comecei á rir. Mas eu também estava ansioso, e antes que ela abrisse a porta do carro após estacioná-lo eu segurei seu pulso.

Luan: - É Maria. Maria Cecília. Em homenagem á você e a sua avó.

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Que lindooo! É uma menininha! Luan sempre esteve certo *-*
Agora ele quer homenagear Duda e sua falecida avó com esse nome... Porém Duda odeia o "Maria". Será que ela vai aceitar? Luan ficará chateado?
E o mais importante... no que resultará essa conversa definitiva dos dois?
Luan disse não querer magoar a mãe, mas também disse que seguiria seu coração... E agora?
Espero que tenham gostado 
2/6


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