212 - Filho Cúmplice

Uma semana e meia se passou desde que fiz meu show de volta aos palcos. Voltei a minha rotina de shows gradativamente, uma vez que ainda precisava de alguns cuidados médicos. Todos, sem exceção foram perto de São Paulo, de modo que sempre que acabava eu voltava para casa. Mas tudo fez parte de um pedido meu, em três dias a maior loucura da minha vida aconteceria. Duda não sabia que eu voltava sempre casa, e por isso estava ansiosa uma semana e meia depois quando finalmente eu contei que iria estava em São Paulo. Assim que ela abriu a porta de casa pra mim, não tive tempo de ver nada, ela praticamente pulou em cima de mim.

Luan: - Isso tudo é saudades? - perguntei rindo enquanto eu entrava na sala com ela ainda grudada em mim

Duda: - É. Você não estava? - perguntou bicuda

Luan: - Claro que estava meu bem!

Abaixei meu olhar para a sua barriga, cada vez maior. Ela estava com um shortinho curto e um corpped, extremamente a vontade e descalça.

Luan: - Não foi trabalhar hoje? - perguntei me jogando no sofá junto com ela

Duda: - Fui só assinar uns projetos. Minhas costas estão ardendo. Esqueci de como a gravides judia com o corpo! - fez careta colocando as pernas em meu colo - Como foram os shows?

Apesar de já ter lhe contado exatamente tudo por whatsapp, lhe contei cada detalhe novamente, enquanto ela me olhava com atenção. Vi seu pézinho inchado em minha coxa e comecei a massagea-lo vendo ela relaxar.

Arthur estava na escola, então era só eu e ela naquela casa imensa.

Luan: - A central disse que tem uma galera disputando a mobilia do quarto da Nic. Já recebemos algumas coisas, estão tudo por lá, vou pedir meu pai pra trazer.

Duda: - Queria móveis planejados. Tudo do nosso jeitinho sabe?

Luan: - Tem vários catalagos lá pra gente escolher. Quer fazer isso hoje?

Duda assentiu antes de tirar as penas do meu colo e colocar a cabeça, deitando em meu colo.

Luan: - Cê ta carente demais hoje loira. - brinquei rindo

Duda: - Desacostumei a ficar longe de você. - fez bico deitando-se de barriga para cima para encará-la

Luan: - Casa comigo  e eu venho morar aqui!

Duda fez uma careta e eu ri, mexendo em seus cabelos.

Duda: - Não é questão disso. Você sempre vem pra cá nas suas folgas mesmo.- deu de ombros

Luan: - Olha que faço birra! - ameacei rindo

Duda: - Hoje é sua folga, e olha onde está. - desafiou

Luan: - Mas tenho mais três dias de folga e vou dormir na minha casa! - sorri cínico

Duda: - A moça da história sou eu sabia? - olhou-me brava

Ri negando e abaixei-me, roubando um beijo molhado dela. Quando ele por fim começou a tomar forma, meu celular começou a tocar no bolso da calça. Duda grunhiu manhosa e eu ri antes de atender Marquinhos.

Ele estava me ajudando na minha surpresa, e por isso praticamente falei em códigos com ele. Duda foi pra cozinha e por fim encerrei a ligação com o meu amigo que estava com alguns problemas em resolver um pedido meu.

Fui para a cozinha onde encontrei Duda tirando um pudim da geladeira, fiquei com água na boca, mas eu tinha que sair para ver se conseguia auxiliar Marquinhos.

Duda: - Fiz pra você! - contou sorrindo quando colocou um pedaço em um pratinho pra mim

Luan: - Parece tá maravilhoso meu amor, mas vou ter que sair agora.

Duda: - Agora?

Luan: - É. Uns problemas na Central. Volto logo. - menti me aproximando para beijar sua testa

Duda: - Não vai nem experimentar?

Luan: - Não dá tempo meu bem. - falei apenas passando o dedo sobre a calda. - Mais tarde eu volto! - prometi saindo da cozinha. Ela tinha uma expressão de decepção que quase me fez voltar.

Duda: - Não demora. - pediu quando eu já abria a porta de casa

Luan: - Não vai comer isso tudo sozinha, cê já tá uma bolinha, bem mais redondinha do que á uma semana atrás! - brinquei rindo antes de jogá-la um beijo e por fim sair de casa

*Duda Narrando

Eu não conseguia acreditar ainda que Luan tinha me chamado de gorda na cara dura. Eu estava grávida! Gra-vi-da. E carente. E ele me deixou em casa justo no dia mais carente de toda a minha gestação.

Arthur: - Você vai passar mal mãe. - advertiu quando eu já acaba com o pudim. Praticamente comi sozinha, apesar de Arthur ter chegado da escola faminto, por incrível que pareça ele não era muito afim da minha sobremesa

Duda: - Tô gorda e horrível mesmo. Seu pai fez questão de me lembrar o quanto engordei em uma semana. Um pudim só não faz diferença. - reclamei chorosa

Arthur: - Você ta linda mãe! Só ta assim por causa da Nic que tá crescendo!

Duda: - Você ta falando isso só por que quer que eu te entregue o celular que seu pai te deu! - reclamei

Arthur: - Também! Mas acho a senhora a mulher mais linda do mundo!

Meus olhos se inundaram com o elogio do meu filho, e me segurando para não chorar eu tirei seu novo celular do bolso o entregando para ele.

Duda: - Se fizer como da última vez e virar a noite nesse  celular, eu pego e não te entrego mais!

Arthur: - A senhora é incrível! - pulou empolgado antes de me dar um beijo no rosto e correr para o seu quarto

Me encontrei sozinha na cozinha, com nenhum resquício de pudim, e um filho que me trocou por um aparelho telefônico. A carência voltou á tona e eu comecei a chorar enquanto constatava que Luan já estava fora a mais de seis horas.

*Luan Narrando

Cansado depois de mais três horas de conversa para ver se solucionava um problema, e depois de ter tido uma briga um tanto quanto acalourada com um dos representantes de uma empresa á qual eu tinha contratado para me ajudar, finalmente eu podia voltar para casa, mas antes Marquinhos me convenceu a tomar uma cerveja com ele. Aceitei o convite tentando relaxar, mas quando eu terminava minha primeira longneck, recebi uma mensagem de áudio de Arthur.

No começo achei que era ele me contando empolgado que a minha havia lhe devolvido o celular depois de o liberar do castigo, mas ao ouvir seu áudio eu tive vontade de rir.

"Se eu fosse você eu não vinha pra cá hoje! A mãe tá no modo grávida louca, e se vir, é melhor trazer um agrado pra ela. Ela não vai te perdoar por ter dito que ela engordou sem no mínimo uma barra de chocolate!"

Eu e Marquinhos rimo do áudio, e acabei agradecendo aos céus por ter um filho tão cúmplice.

Marquinhos: - É melhor você ir logo para tentar amansar a fera. - olhou o relógio de pulso -  Quem sabe um foda não melhore os ânimos !- riu

Luan: - Ó o respeito cara! - ri

Marquinhos: - Convenhamos, ela tá com uma comissão de frente linda depois da gravidez!

Luan: - Eu que o diga cara, eu que o diga! - suspirei rindo ao me lembrar de seus belos pares de seio

Marquinhos: - Ela nem desconfia de nada?

Luan: - Não boi.

Marquinhos: - Caramba, como você consegue esconder isso da mulher? Eu não consigo esconder nada! Me entrego sem ver! - riu

Luan: - Cê é muito tapado cara! - me levantei rindo - Vou lá, não quero morrer jovem. - brinquei

Marquinhos:  - Manda a cor da calcinha dela depois, não quero ficar só na imaginação.

Luan: - Tá louco boi? Respeita! - ri batendo em sua cabeça

No caminho de volta pra casa dela, recebi outro áudio do meu filho avisando que estava indo dormir mas que havia escondido um pedaço de pudim pra mim atras das verduras. Agradeci rindo, Duda com certeza comeu toda a sobremesa enquanto provavelmente me xingava de diversos nomes.

Passei em um posto e enquanto abasteciam meu carro eu fui até a loja de conveniência. Comprei pipoca, chocolate e mais algumas coisas que sabia que ela gostava.

Quando cheguei frente á casa, somente a luz do seu quarto estava acesa. Coloquei meu carro na garagem atrás do seu e entrei com a minha chave. Passei na cozinha para comer meu pedaço de pudim antes que Duda o achasse e o fizesse, coloquei a pipoca no microondas e quando ela estava pronta eu fui atrás dela com a sacola do posto com em mãos.

Dei duas batidinhas antes de abrir a porta do carro. A cena que vi foi engraçadas, mas sabia que se eu chorasse eu seria um homem morto!

Duda estava sentada no centro da cama rodeada daqueles lencinhos de caixinhas para enxugar as lágrimas. Como se não bastasse aquilo, umas sete ou oito embalagens de chocolates e mais um copo de sorvete que ela tinha em mãos enquanto chorava vendo á algo na TV.

Duda: - Achei que dormiria na sala! - fungou tirando os olhos da TV

Luan: - Fui guardar umas coisas na geladeira. Olha o que eu trouxe pra gente.- ergui a sacola em uma mão, e o balde de pipoca em outro

Fechei a porta do "nosso" quarto o trancando em seguida e fui até a cama, ciente de que qualquer  palavra mal pensada minha poderia ser a passagem para o inferno de agora em diante.

Minha loira me olhava atenta. Joguei todas as embalagens e lenços no chão e me sentei na beira da cama, tirando vários salgadinhos e bobagens de dentro da sacola.

Duda: - Pra quê isso?

Luan: - Pra gente comer! - abri uma embalagem de fini e levei até a boca dela

Duda: - Eu não posso. - disse de boca cheia

Luan: - Por quê? - abri o pacote de Doritos e levei alguns a minha boca

Duda: - Você me disse que tô gorda! - reclamou chorosa. Tive vontade de rir ao saber que ela com certeza faltou comer só as paredes o dia todo, e que só agora foi refletir sobre comer ou não

Luan: - Você não ta gorda! Tá grávida. E gostosa. - olhei para a TV - Que filme é esse?

Duda: - Eu não sei. Tava na lista de adicionados recentemente da Netflix.

Assenti e tirei meu tênis e minha camisa. Aumentei a potência do ar condicionado e me sentei escorado na cabeceira da cama, levando toda  a comida comigo. Bati no espaço ao meu lado da cama, e ainda me olhando receosa Duda se sentou ao meu lado. Levei uma mãozada de pipoca á boca e ofereci á ela que negou com a cabeça.

Luan: - Come meu bem, você tem que comer! - insisti mesmo sabendo que ela com certeza teria uma dor de barriga se comece mais algo de doce. Por esse motivo abri um pacote de Ruffles para balancear em sua glicose e levei até sua boca

Duda: - Então você não acha que tô gorda?

Luan: - Não. Acho que você ta gostosa! - fui sincero á olhando nos olhos.

Duda: - Acha mesmo?

Luan: - Tenho certeza! Não passaria no posto pra comprar tanta besteira se eu quisesse que você esmagrecesse. Além do mais, tem uma princesinha ai dentro - passei a mão em sua barriga - Quero vocês duas saudáveis pra mim.

Selei os lábios dela e abri um Fandangos. Duda riu, afinal, não comi nem um terço dos que já estavam abertos.

Duda: - Mas eu realmente engordei amor! - reclamou erguendo a blusa

Luan: - Você quer um toddynho? Trouxe um fardo pra você! Coloquei na geladeira, mas trouxe esse ó. - mudei de assunto

Agitei a caixinha e coloquei o canudinho a entregando. Duda finalmente se deu por satisfeita. Empanturrá-la de comida como meio de provar que eu não me importava com seu peso, foi realmente inteligente da minha parte.

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