214 - Minha Maior Loucura

Tive muito pouco tempo para planejar a maior loucura da minha vida: meu casamento! Sim, pura loucura! Não por me casar, já que aquilo era tudo que eu mais queria na minha vida, mas sim por fazer isso escondido da noiva. Meio louco? Não! Louco inteiro! Mas eu queria ela como minha perante á lei, queria ter a certeza de que por mais louco que fosse nosso relacionamento, havíamos chegado ao nível máximo dele. Depois de tantas separações, confusões e principalmente, depois de tudo que á acusei, queria mostrar pra ela que amadureci. Que não eramos mais dois namorados bagunçados criando nossos filhos em casas separadas por não confiarmos o suficiente em nós e no nosso amor para casarmos. Não havia mais o que esperar. A vida exigia isso de nós, e nos proporcionava as melhores condições para isso. Tanto sentimentalmente como financeiramente. Eu sou homem suficiente para saber o que quero da minha vida, e quando quero, vou atrás até o fim. E sou perceptivo demais para saber quando a reciproca é verdadeira. E é! Como é! Tive a prova disso quando Duda mesmo me vendo construir minha fortuna, não veio atrás de mim usando nosso filho para ganhar meu dinheiro. Tive a prova disso em cada discussão onde ela não tinha medo de me dizer nada, quando não temia me enfrentar e quando ameaçava sair da minha vida, mesmo sabendo o quanto de grana e fama eu possuo. Tenho a prova disso em cada término, onde ela sempre se mantém firme sem nem se importar em perder suas mordomias esporádicas, e só enfim me aceita de volta quando o amor - somente o amor - fala mais alto. Tenho a prova disso todos os dias. Quando ela me olha, quando sorri pra mim, quando me toca e até mesmo quando me enche o saco, tentando me fazer acordar para a vida. É amor. Sempre foi. Não tem interesse, não tem falsidades, não tem mentiras. É um amor em linha reta, sem ninguém que ela permita opinar em nosso relacionamento. Nem mesmo as fãs no começo, nem mesmo nossos pais nessa reta final.

Ela é minha. Em todos os sentidos. Eu sabia disso, mas como homem, tenho o maldito anseio de apresentá-la como meu troféu, como a minha esposa. Tenho a maldita sede de que o mundo saiba que ela pertence a mim, e somente a mim.

Fizemos uma aposta, e mesmo que ela negue, nós dois sabemos que fui eu o vencedor. Não pensei duas vezes em refletir quando essa ideia maluca de casamento surpresa me atingiu. Inventei fotos para revistas, quando na verdade eram as fotos que estampariam na decoração do meu casamento. Inventei reuniões, quando na verdade era tudo uma desculpa para ir atrás da parte burocrática de se unir perante a justiça com alguém. Por mais louco que fosse - como meu pai me alertou diversas vezes - não tive receio de fazer tudo meu, dela. Até mesmo se nos separássemos, tudo o que eu tive um dia - até antes da nossa união - também pertenceria á ela, pois sabia que se sou quem sou hoje, foi por abdicações dela. Todos que sabiam o que eu fizera, me chamavam de louco, mas nunca entenderam de que se um dia ela me deixar, mas do que me amar, eu á amo, e quero ser capaz de lhe proporcionar tudo que o dinheiro pode comprar. Não entenderão nunca que se ela me deixar, não vou perder metade de toda a minha fortuna, vou perder o meu coração, toda a minha vida e a minha alegria em viver.

Toda a documentação estava pronta, só faltava ela assinar. Todo um altar estava pronto, e só faltava ela entrar por aquelas arbustos e me fazer o homem mais feliz da face da terra.

Como toda mulher, Duda sonha em casar. Mas do seu jeitinho de menina mulher. Com um vestido grande, véu e grinalda. Eu não ligo pra isso. Ela poderia aparecer ali com eu baby doll broxante de vaquinhas que ainda sim eu lhe diria Sim. Mas eu amava, e ela merecia uma festa digna dos seus sonhos. Preparei toda uma decoração, altar, biffet, festa e tudo o que um casamento tradicional tem. Mas não era esse o nosso verdadeiro Grande Dia. Nossa união perante á Deus será quando ela quiser, onde quiser e do jeito que quiser. Pois sei que mesmo aqui, nesse meio casamento hoje, com um juiz de paz como padre, ainda sim Deus abençoava nossa união. Mesmo sendo perante a justiça, em um casamento civil, nada perdia o encanto. O lugar, as pessoas - somente os mais próximos a nós -  meu filho de terno me apoiando, minha mãe, irmã e sogra chorando, a orquestra no canto... nada perdia o encanto, principalmente quando á vi, surpresa, entrando naquele lugar de branco. Carregando não só o buquê, como também nossa filha, minha vida e todo o nosso amor!

Perdi a fala por alguns instantes, a música que eu havia lhe feito se quer saiu da minha boca. Ela estava linda, e só tinha olhos para mim. Vi sua mão trêmula segurar o buquê, e ela olhar o pai em forma de uma aflição linda. Engoli minhas lágrimas e comecei a cantar nossa música. De repente nada mais existia. Somente eu e ela, ali, olhos nos olhos e corações entrelaçados. Vi seus olhos marejarem e ela morder o lábio inferior corando em nervosismo. Eu sabia a decifrar, e sabia exatamente o misto de sentimentos que ela carregava dentro de si naquele momento.

Duda e seu pai chegaram a mim antes mesmo de a música terminar. Ainda cantando dei um passo em direção á ela. Seu Pedro, igualmente emocionado me entregou a mão da sua filha sem dizer nada, porém seu olhar dizia tudo.

Sua mão fria e trêmula, em contraste com a minha quente e soada, nos representou. Opostos que se completavam. Beijei sua testa de forma carinhosa sentindo o quanto estava nervosa. Voltei a cantar, agora olhando em seus olhos. Minha Maria. Ao fim da nossa canção, nosso olhares diziam tudo. Estávamos nervosos, porém, felizes.

O juiz de paz começou com todo o seu ritual, mas eu tinha certeza de que assim como eu, Duda não prestava atenção em nada. De mãos entrelaçadas á ela, em nosso altar eu podia pegar ela tentando observar tudo disfarçadamente. Minha felicidade transbordava. Eu havia conseguido fazer tudo exatamente como o planejado, e o melhor, ela se quer desconfiou.

Beijei o dorso da sua mão entrelaçada a minha. Como eu amava aquela mulher. O sorriso lindo, os olhos marejados, a barriguinha ainda mais evidente naquele conjuntinho. Ela estava mais linda que nunca, sua felicidade era quase palpável com aquele sorriso que me deixava ainda mais encantado por ela

Na hora das alianças, nosso filho foi quem ás trouxe. Duda chorou mais ainda. Ela ainda estava com a nossa de noivado, e beijei ela antes de colocar uma de enfim casados na outra mão. Casamento civil não tinha nada daquelas palavras lindas que eu sonhava em repetir um dia, mas nem por isso  foi menos especial. Beijei agora sua nova aliança, me sentindo infinitamente feliz em finalmente ter conseguido o que eu queria. Ter ela de todas as formas possíveis.

Duda colocou minha aliança de forma trêmula. Seu sim não foi nenhuma surpresa para mim, mas confesso ter prendido a respiração quando ela foi perguntada. Duda não pensou duas vezes, não me matou do coração. Apenas disse as palavras mais lindas da minha vida, me presenteando com o seu nome gravado em meu dedo.

Duda: - Eu amo você, seu maluco! - sussurrou me abraçando, enquanto todos nos aplaudiam e uma música linda tocava

Luan: - Foi só o civil. O religioso  vai ser do jeitinho que você quiser princesa!

Sorrimos um para o outro, e como se a minha vida dependesse daquilo, a beijei, selando nosso amor diante da lei dos homens, mas sabendo que independente de tudo, Deus já havia nos abençoado a quase dez anos atrás, quando a vi pela primeira vez.

[...]

*Duda Narrando

Eu não conseguia acreditar em tudo. Luan era um maluco. O mais incrível de todos. Acho que nunca nenhuma mulher foi tão surpreendida como eu. Quase quatro horas depois, depois de ter tirado inúmeras fotos com todos os convidados e finalmente minha ficha começar a cair, ainda me sentia encantada com cada detalhe daquele lugar incrível.

Luan, agora já mais relaxado, a gravata frouxa e um copo de bebida na mão, esbanjava uma felicidade que somente eu poderia saber, pois ela era minha também.

Pedro: - Não teve outro jeito, ele é bem persuasivo. - comentou rindo na mesa da nossa família

A festa em si, apesar de rica em detalhes, era bastante intimista. Somente nossas famílias e amigos extremamente íntimos. Eu conhecia todos ali, e sabia que a minha felicidade e de Luan eram a deles. 

Duda: - Ainda não acredito que esconderam algo tão grandioso de mim! - assumi rindo bebendo minha batida sem álcool. 

Pedro: - Eu fiquei bravo no telefone. Mas ele ficou mais do que eu e disse que casaria com você eu querendo ou não.  Colocou até o coitado do Marquinhos e da Laís pra me convencerem - riu - Ele não tem jeito! Eu não teria essa coragem de enfrentar um sogro como ele me infrentou. 

Ri feliz, Arthur chegou correndo até mim. Seu blazer já estava guardado, a camisa clara e a gravata, assim como a  do pai estava toda desleixada, e ele estava todo soado por estar correndo o tempo todo com as crianças ali presentes.

Arthur: - O papai ta te chamando! - disse ofegante - Agora me esconde! - pediu entrando debaixo da mesa. Ri e fui atrás de Luan, que estava abraçado com Bruna

Minha cunhada foi peça fundamental em tudo, e eu já havia cansado de agradecê-la, mas sentia que nunca era demais.

Quando me aproximei os dois se soltaram, Bruna gritou para que o Dj colocasse uma música mais animada e eu e Luan começamos a dançar. Nossa alegria era tão grande que eu começava a me perguntar por que diabos eu tentei tanto adiar isso.

Duda: - Você é louco! - gritei em seu ouvido rindo

Luan: - Por você loira, por você! - rodopiou comigo

Duda: - Ainda não acredito que fez tudo isso! - gargalhei

Luan: - Eu te disse. Não ganho um aposta sem pegar meu prêmio. - colocou-me no chão outra vez, testa com testa, olhos nos olhos

Duda: - Prêmio é?

Luan: - Um prêmio lindo, de um metro e sessenta, cabelo loiro, olho verde, sorriso maravilhoso, queixinho fino, uma cintura fina, não mais tão fina e com uma princesa linda no ventre!

Duda: - Esqueceu de falar que além de uma princesa, ainda tem mais dois príncipes aqui comigo, dentro do meu coração!

Luan sorriu maravilhado e me beijou, o gosto adocicado de sua bebida me instigou. Soltei-me dele e olhei rumo as diversidades. Pipoca, tapioca, sorvete, bem-casados e tantas outras besteiras.

Luan: - Você vai passar mal se comer mais dessas coisas - riu ao observar meu olhar

Duda: - Já comeu os docinhos? Estão divinos! - fechei os olhos me lembrando 

Luan: - Sabia que você ia gostar, pedi um cento a mais e levei pra casa, você e a Bruna me devem uma! - riu beijando meu pescoço, ainda abraçado a mim

Duda: - Que hora podemos cortar o bolo? Ele tá tão lindo! - fiz bico olhando-o

Luan: - Desejo? - ergueu uma sobrancelha

Duda: - Muuuito!!!

Luan: - Então agora!

Meu marido pegou minha mão e me arrastou até um dos cerimonialistas. Pouco tempo depois eu já matava minha vontade do bolo, comendo o meu e o do Luan, que se quer o experimentou.

Bruna: - Luan! - chegou meio desesperada, eu ainda comia, dessa vez o resto do bolo que Arthur não quis. Finalmente consegui convencer Luan a sentar um pouco

Luan: - Fala. - disse virando o resto que havia em seu copo

Bruna: - Alguém fez merda. - mordeu o lábio inferior 

Luan: - O que houve? - endireitou-se ficando sério, assim como eu. Não sabia nada que estava acontecendo fora dali, desde que cheguei aquela surpresa, eu apenas aproveitava tudo, me sentindo a mulher mais feliz e completa do mundo

Bruna: - Gravaram Snap, apareceu vocês. 

Duda: - E qual o problema? - perguntei agora pegando um docinho. Luan bateu em minha mão, mas continuei comendo

Luan: - Ninguém sabe de nada. - riu 

Duda: - Uma hora teriam que saber. - dei de ombros - Tô gorda na filmagem? - questionei a minha cunhada, fazendo um bico que Luan mordeu

Bruna sentou-se ao meu lado e me entregou o celular. O vídeo já tinha vazado em alguns fã-clubes, e apesar de aparecer nós dois rapidamente, as fãs pareciam confusas já que antes de chegar eu havia postado uma foto do meu cabelo falando sobre um trabalho, e para aumentar a confusão,  meu vestido não era bem um vestido de noiva. Como se não bastasse, de forma quase imperceptível - se não fossem fãs do Luan - ao fundo, uma foto nossa que fazia parte da decoração se fazia presente. Mesmo pausando o pequeno vídeo, era difícil decifrar a imagem, mas se tratavam de fãs do Luan, e era impossível esconder algo delas. A guerra mundial estava armada na internet, e Luan ria de diversas suposições loucas sobre o que realmente se tratava aquilo.

Luan: - Vou por ainda mais lenha na fogueira. - disse de forma perversa.

Eu ri, sabendo de como meu marido gostava de atiçá-las.


Coisa lindaa! 
#Repost @maritacasdoluan with @repostapp
...
"Noivos, padrinhos ou só uma seção de fotos??? Dêem notícias pelo amooor! @luansantana @mdudacampos"


Ri ao ver o que ele fez. Luan não tomava jeito, e eu amava aquilo nele. Não sabia o que ele iria fazer a respeito disso, e não me importava, no fundo, estava feliz demais naquela chácara, casada com o homem que eu amo e rodeada de pessoas especiais. Sem nenhuma dúvida, aquele era o dia mais feliz da minha existência.


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