237 - Por Alto

Não tive coragem de á encarar ao dizer-lhe a verdade. Não depois de termos feito amor de forma tão intensa. Esperei alguns segundos enquanto apertava forte os olhos. Esperei seus gritos ou até mesmo os murros em meu peito. Nada veio. Nenhum arfar de surpresa. Com medo, abri meus olhos. Duda não me encarava. Olhava fixamente para um ponto cego do quarto. Não sabia como agir. Era tudo tão mais fácil quando ela gritava ou me batia. Ao menos ela se expressava. Mas quando ela se calava... meu Deus, eu perdia o chão, não sabia o quanto da minha mulher ainda tinha pra mim.

Luan: - Me perdoa. - pedi baixo, também me sentando na cama

Á vi engolindo em seco com o meu pedido, e enfim me olhou. Doeu em mim ver tanta mágoa e decepção naqueles olhos verdes. Outra vez ela nada disse. Comecei então a me desesperar.

Luan: - Você prometeu que não deixaria isso interferir na gente.

Duda me encarou e abaixou a cabeça assentindo. Vi ela tirar a coberta de cima do corpo e sair da cama. Fiquei tenso.

Luan: - Onde vai?

Duda: - Tomar um banho.

Vi ela ir rumo ao banheiro e encostar a porta. Suspirei passando a mão pelos meus cabelos. Não sabia como ela levou tudo isso, mas seu silêncio me matava. Ela só se calava assim quando a decepção era forte o suficiente para deixá-la sem palavras.

Suspirando, vesti uma cueca e ajeitei nossa cama. Desliguei a TV que ainda estava no youtube e á aguardei sair do banheiro. Á olhei atenta. Seu rosto estava avermelhado, mas não podia dizer se ela realmente havia chorado já que sempre ficava corada assim após o sexo. Á vi ir para o closet  e voltar instantes depois, vestida com a minha camisola preferida em um tom de azul escuro. Em silêncio ela se ajeitou na cama, sentando ao meu lado e me encarou.

Duda: - Quer ver um filme? - convidou com um meio sorriso brando

Franzi o cenho. Não esperava por essa, mas assenti em resposta. Lhe entreguei o controle da TV e ela acessou nossa conta no Netflix.

Luan: - Quer tomar um vinho? - ofereci sabendo o quanto aquela bebida a acalmava

Duda: - Não sei... Tô amamentando, esqueceu?

Luan: - Uma taça não faz mal. Vou buscar.

Sai em disparada para a nossa cozinha e abri o seu vinho preferido, que ela sempre escondia na porta da geladeira. Peguei duas taças e uma tigela com amendoins. Subi de volta para o nosso quarto, sem saber se toda aquela calmaria dela ainda prevalecia. Ao entrar no ambiente, sua risada preencheu meus ouvidos. Ainda confuso fui até ela, nos servindo. Lhe entreguei sua taça e olhei de relança para as horas: quase cinco da manhã! Mas ela não parecia se importar.

Luan: - Que filme é esse? - perguntei abaixando a temperatura do ar condicionado

Duda: - É série. Santa Clarita Diet. Comecei a ver agora.

Luan: - Comédia?

Duda apenas assentiu e pegou a tigela a abrindo. Ela amava aquele trocinho, apesar de eu não ver muita graça naquilo.

Ouvia sua risada descontraída a todo tempo e tentava examinar seus movimentos. Ainda estava em alerta para a sua explosão. Ela não aceitaria isso tão normalmente.

Luan: - Você não está chateada? - perguntei confuso, servindo sua taça outra vez enquanto íamos para o segundo episódio.

Duda: - Não toca nesse assunto! - pediu séria.

Engoli em seco e assenti. Comecei a relaxar quando vi que ela não mais surtaria comigo, mesmo achando sua reação muito estranha.

Assistimos cerca de cinco ou seis episódios daquela série, até que Duda começou a ficar tonta com o vinho. Não mais em seu estado sã, acabou dormindo toda torta em cima de mim enquanto cantava a música infantil da galinha pintadinha que Nic adorava.

[...]

Acordei no dia seguinte com Duda me chacoalhando. Abri apenas um olho e á vi colocando Nic ao meu lado na cama. Minha monstrinha ainda dormia profundo.

Duda: - Tô saindo com o Arthur. Cuida dela. 

Abri meu outro olho o suficiente para vê-la já quase saindo do quarto. Minha visão estava embaçada demais para eu concluir algo.

Luan: - Vai onde?

Duda: - Caminhar. Não demoro.

Duda fechou a porta e eu nada disse. Nic se mexeu até grudar em mim e segurar meu nariz. Acabei dormindo novamente e acordei tempos depois com seu chorinho fino.

Levantei com ela e escovei meus dentes com ela em meus braços, tentando a todo custo pegar minha escova. Vesti uma bermuda leve e desci com ela. O silêncio na casa era até estranho, então comecei a conversar com ela enquanto procurava sua papinha na geladeira.

Luan: - Papai fez uma merda muita grande monstrinha. - Nic puxou minha barba em resposta e eu peguei um mamão, colocando-o na mesa - A mamãe ta estranha, e isso é o que me dá mais medo sabia? Eu sei que fiz errado demais em ajudar o Rober, mas ele também é meu amigo! Ele me ajudaria se fosse ao contrário. - Nic puxou minha barba com força em resposta e levou a boquinha até meu queixo, me babando todo como quem me mordia se tivesse dentes - Ai! Eu não vou fazer isso com a mamãe! Não puxa monstrinha. - pedi tirando sua mão da minha barba - Você acha que a mamãe ta chateada com o papai?

Nicole me olhava atenta enquanto eu amassava sua frutinha. Acho que ela poderia comer aquilo. Se não pudesse eu estava ferrado, pois logo ela já estava toda lambuzada de mamão amassado enquanto ria banguela.

Luan: - Eu sei, eu sei... Fui inconsequente... Mas pô, todo mundo erra né? E eu não tô tão ferrado.... O tio Rober é quem está, não é mesmo?

Nic riu novamente, como quem entendia o que eu estava dizendo. Lavei sua boquinha e tirei sua blusinha agora suja, indo para a nossa área de lazer privada. Acho que nunca á usamos para falar a verdade. Ali era tão lindo e calmo. Eu via a imensidão do mar ao longe, e a brisa fresca batia contra mim. Decidi ligar pra Rober, acho que ele precisava de um amigo naquele momento, ainda mais eu tendo me envolvido em toda aquela merda.

Deitei em uma das espreguiçadeiras, segurando Nic, e com a mão livre peguei meu celular. Até iria ligar para o Boi, caso eu não tivesse a notificação de uma nova postagem da Duda. Curioso cliquei e abri, suspirando com a sua foto.

"Dia abençoado! Que visão!"

Ri negando e não resisti a um comentário sórdido:

"Realmente, que visão loira!!!"

Sai dali antes que eu me interessasse em outra coisa, e finalmente fiz o que deveria ter feito quando peguei meu celular: ligar para o meu amigo!

Roberval estava como um cachorro sem dono. Chorando a toa e se dizendo arrependido. Me culpou por suas burradas e depois chorou se desculpando. Parecia uma mulherzinha ao celular. Tentei ao máximo lhe aconselhar e me lembrei do pedido de Duda, então o disse para que desse tempo ao tempo para com a Laís. Não adiantou muito. Minutos depois de encerrar a ligação recebi sua mensagem me dizendo que ela havia o bloqueado até no instagram. Não consegui não rir do seu desespero, mesmo sabendo que rir daquilo era pura maldade.

[...]

Luan: - Você não vai me dizer nada? - perguntei a vendo tomar banho. Duda chegou á pouco e correu para o banheiro. Lhe contei da minha conversa com Rober e ela apenas fez um movimento de cabeça. Seu silêncio estava me matando.

Duda: - Você tem que trocar as fraldas da Nic. - murmurou enquanto lavava os cabelos. Bufei e ajeitei minha filha no colo.

Luan: - Duda, é sério. Sei que não queria estragar nossa noite ontem, mas agora acho que é o momento de você dizer...

Duda: - Você quer que eu discuta com você, é isso? - interrompeu-me se virando impaciente.

Luan: - Não! É claro que não!

Duda: - Então para! Já disse que não quero tocar nesse assunto! Chega!

De forma impaciente ela desligou o chuveiro, enrolou-se na toalha e saiu do banheiro. Suspirei e olhei pra Nic.

Luan: - Realmente temos que tocar as fraldas porquinha!

Troquei as fraldas de Nic, até gostava de fazer aquilo, quase nunca tinha tempo. Arthur veio atrás de mim instantes depois, e passei o resto da manhã falando de música e futebol com ele.

Próximo ao horário do almoço, ouvi ao longe Duda no celular com Laís. Ela nada me disse, e deixou para soltar a "Bomba" enquanto almoçávamos. 

Duda: - Eu vou pra Campo Grande.

Ergui os olhos do prato pra ela e á vi suspirar relutante.

Duda: - Eu e as crianças, claro. - esclareceu

Luan: - Vai  fugir de mim quando eu tô de folga, quando na verdade podemos conversar e resolver tudo? - ergui uma sobrancelha

Duda: - Primeiro que não vou hoje. Embarco quando você for pros shows! Segundo que o que você fez não se resolve com uma conversa, até por que não envolve só a nós. E terceiro que já te pedi pra não tocar nesse assunto!

Bufei audivel e voltei a comer, enquanto minha mulher fingia que nada acontecia.

Duda: - Vamos ficar até o aniversário. E não sei se você vai! - anunciou minutos mais tardes.

Luan: - O que?

Duda: - Você não vai voltar pra casa nesse meio tempo mesmo. - deu de ombros - E não sei se você deve ir a festa dela. Ela está na pior, e você tem culpa nisso! - acusou-me séria

Luan: - É esse o meu castigo então? Não ir a uma festa de aniversário? - perguntei um tanto quanto aliviado

Duda: - Entenda como quiser. - deu de ombros - Come as verduras também Arthur!

Encarei-a por um tempo. Fácil demais. Tudo estava muito fácil. Nenhum grito, nenhum sermão, nenhum tapa... começava a sentir medo do que poderia estar se passando pela cabeça da minha esposa.

Passamos a tarde na nossa área de lazer. Finalmente usamos nossa piscina exclusiva,  e ao fim do dia, Arthur estava mais moreno que qualquer um na casa. A pedido dele, decidi assar uma carne como nosso jantar. Duda fez os acompanhamentos, e enquanto esperávamos a carne ficar no ponto, peguei meu violão na tentativa de instruir meu filho em alguns acordes. Ele sabia o básico do básico, e me surpreendeu seu pedido de aprender. Não queria forçar as coisas pra ele. Sabia que sua praia era o futebol, mas ele me pedindo para aprender a tocar me encheu de orgulho. O clima estava leve e agradável, até Duda receber uma ligação estranha e sair de perto para atender, demorando bons vinte minutos. Quando voltou, percebi a atmosfera diferente, e naquele instante, no fundo sabia que tinha o assunto Rober/Laís no meio. 

Duda não mencionou nada, e apesar de estar visivelmente distante, ela tentou interagir durante todo o tempo. Naquela noite, Nic foi a primeira a dormir. Eu e Arthur estávamos sem sono, e decidimos jogar. Duda subiu para quarto se dizendo cansada, e acabei ficando boa parte da madrugada na companhia do meu filho.

Arthur: - Você bem que podia convencer a minha mãe a viajarmos com você nessas férias. - pediu enquanto eu o cobria, já em sua cama

Luan: - A Nic ainda é bem pequena cara.

Arthur: - Mas ela tem que acostumar. Podiamos ir logo depois do aniversário da minha madrinha.

Luan: - É, seria bom ter vocês comigo. - sorri pra ele - Agora é hora de dormir. Amanhã falamos sobre isso. - beijei sua testa

Arthur: - Você vai embora que horas? - perguntou triste

Luan: - De tarde.

Arthur: - Vai demorar pra voltar?

Luan: - Prometo que não. - sorri pra ele

Arthur: - Vou sentir sua falta.

Luan: - Eu também. Caso sua mãe não queira, você pode vir viajar comigo.

Vi todo seu semblante se iluminar, e ganhei minha noite com aquilo.

Arthur: - Você jura?

Luan: - Juro! Mas espera essa coisa com a sua tia Laís primeiro. Depois conversamos com a sua mãe, tudo bem? - beijei-o outra vez - Boa noite.

Sai do quarto do meu filho e passei no de Nic. Ela dormia serena no berço. Cansado, fui então para o meu, mas não esperava encontrar Duda acordada as três da manhã depois de subir alegando cansaço.

Luan: - Tá tudo bem?

Minha esposa não me respondeu, apenas assentiu e continuou a ler seu livro. Seu silêncio estava me matando. Ela fingir que nada fiz era pior do que qualquer reação. Me dava a impressão de que o que fiz ainda estava entalado em nós, e não uma situação errada que já foi, infelizmente, feita.

Luan: - Que livro tá lendo?

Duda: - Um que ganhei das suas fãs. - murmurou evasiva

Suspirando tirei minha camiseta e deitei na cama apenas de bermuda enquanto ela me ignorava.

Luan: - Era a Laís ao telefone mais cedo? - ela apenas assentiu - E como ela tá? - questionei realmente pesaroso

Duda: - Como você acha?! - murmurou sarcástica

Luan: - Eu sinto muito. - esperei algum comentário bravo dela, mas nada veio - De verdade Duda, sinto muito por ter feito parte disso. Foi horrível da minha parte. - mas nenhuma palavra dela - Você disse á ela que eu... bem... que eu estou de certa forma... envolvido nisso? - Duda apenas negou com um balançar de cabeça - Eu gostaria de me desculpar... mas não sei se é uma boa idéia ela descobrir que...

Duda:  - Pode parar de tocar nesse assunto? - disse sem tirar os olhos do livro

Apertei minhas pálpebras e respirei fundo. Uma leve dor de cabeça atingindo de forma fina a minha nuca. Quando vi, já havia explodido em uma perca de controle.

Luan: - PORRA DUDA! GRITA COMIGO, SURTA, ME BATE, CHORA, MAS PARA COM ESSA PORRA QUE VOCÊ TA FAZENDO!

Levantei da cama sentindo meus nervos a flor da pele, e Duda simplesmente abaixou o livro, fechando-o  e colocando no seu criado mudo.

Luan: - Eu errei pra caralho. Você fingir que nada esta acontecendo não é a solução! - falei exasperado - FALA ALGUMA COISA! - exigi com raiva - PORRA! Não me casei com uma mulher muda e submissa! Fala o diabo da coisa que você está por Deus pensando!!! - pedi quase em desespero

Duda: - Eu não estou pensando em nada Luan. - disse baixo e calma... calma demais. Aquela não era  minha mulher

Luan: - PARA! PARA DE SER ASSIM! SURTA COMIGO CARAMBA! - aproximei-me dela, segurando seus ombros - Eu preciso que você brigue comigo - olhei-a nos olhos - Preciso que grite e jogue na minha cara o quão sujo foi o que eu fiz. EU PRECISO DA MINHA MULHER PORRA!

Soltei ela no instante em que a porta do nosso quarto foi aberta. Desci da cama tentando controlar minha raiva e vi Arthur me olhando atento.

Arthur: - Eu ouvi você gritando. - olhou-me acusador - Você ta bem mãe?

Duda: - Sim meu bem. Eu e seu pai estamos apenas conversando. Vai dormir. - pediu calma, sorrindo serena pra ele

Arthur: - Esta mesmo tudo bem? - olhou nós dois

Luan: - Está Arthur. Eu só me exaltei. - respirei fundo - Desculpa, vai dormir.

Receoso Arthur se retirou do nosso quarto. Finalmente uma reação de Duda. Agora, ela aprecia brava,

Duda: - Dá pra controlar essa sua TPM fora de hora? Nosso filhos estão dormindo!

Luan: - TPM? Você muda da água pro vinho e quer que eu faça o que Duda? Você não é assim caralho! Não gosto dessa mulher calada, que aceita minhas merdas e engole como se fosse obrigada. Você é o pulso firme desse casamento. Você é a parte que faz a gente andar certo. Não pode se calar e me deixar no escuro caramba! - pedi tentando controlar meu tom de voz.

Duda: - Sou sua esposa, não sua mãe Luan. - murmurou amarga - Não é meu papel te educar!

Luan: - Mas é seu papel discutir comigo quando algo não vai bem! EU QUERO BRIGAR COM VOCÊ EDUARDA! PRECISO QUE A GENTE DISCUTA! Você não entende?

Duda: - Tudo bem Luan, CHEGA! - gritou saindo da cama com raiva. Meu peito em fúria conseguiu em partes se aliviar. Ela estava de volta, para o meu próprio bem estar psicológico - Quer saber o que eu acho da merda que você fez pra Laís? Tudo bem, eu te digo o que acho! Acho que eu nunca me casaria com você caso soubesse que você é desses caras medíocres e fúteis que ao invés de aconselhar o amigo no que é certo pra vida dele, age como o inferno do amigo de gandaia que o incentiva a pegar qualquer uma por prazer. Acho que você foi a pessoa mais suja nessa história, mais até do que o Rober. Você não só ajudou seu amigo. Você traiu a minha confiança, a da Laís e principalmente traiu a parte do juramente de qualquer amizade verdadeira de incentivar o outro a crescer, e não á decair. Você foi sujo, ridículo e eu estou envergonhada da sua atitude. Tenho tanta vergonha de ser o meu marido a participar disso tudo, que por mais que eu prometa sempre ser sincera a minha amiga, jamais vou ter cara pra dizer á ela que você ajudou o cara que ela ama a quebrar o coração dela. Sabe o que mais eu acho? Acho que essa atitude de merda sua, diz muito respeito sobre você, e começo a ficar morrendo de medo do tipo de cara que você é longe dos meus olhos. Começo a ter medo de você ter amigos como você ao seu redor, que te incentivem assim como você fez com Rober. Acho principalmente, que estou tão decepcionada quanto á isso tudo, que nada que eu disser será capaz de expressar o quanto você me machucou com isso. Eu odeio o fato do Rober ter traído a Laís. E odeio mais ainda o fato do meu marido ter apoiado isso. Odeio pensar que você é esse tipo de cara, e se me calei por todo esse tempo, é por que quero acreditar que você não se tornou o que eu mais temi na vida: um traidor de merda! Não quero falar com você, não quero olhar pra você, não quero ouvir de você sobre essa merda toda! Mas você queria me levar ao limite, e levou! Você me fez prometer que isso não iria interferir na nossa vida como um casal, mas esqueceu de me avisar que o que você fez diz muito respeito sobre o que você pensa e sobre o que você acha de casais em geral. Então sim Luan, vou quebrar essa promessa, por que não só infere nossos melhores amigos, e sim a índole do cara com quem eu divido a cama! Tentei ao máximo engolir essa merda, mas você me fez vomitar toda ela na sua cara, e agora, não me peça para tentar fazer vista grossa outra vez! Boa noite Luan!

Comentários

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