245 - Sem se acostumar

Tinha água vindo do banheiro por quase todo o piso do quarto. Desesperada corri até a porta e abri bruscamente. Não sabia se tinha um surto psicótico, se ria ou se chorava. A porta do boxe estava fechada e nele a água tampava até o peito de Luan que estava sentado no chão com Arthur e Nicole. Meu coração errou a batida em alívio ao ver que eles se divertiam, mas ao ver o tamanho da bagunça no banheiro e a água indo toda para o meu quarto, tive vontade de socar a cabeça do Luan em uma parede.

Duda: - Eu vou descer para terminar os bolos e cupckakes, e quando eu subir, quero esse quarto e esse banheiro da mesma forma que estavam a uma hora atrás! - falei alto antes de sair batendo a porta do banheiro irritada

Tinhamos quatro banheiras em casa, uma piscina e um ofurô. Não havia necessidade ou nexo nenhum em Luan me aprontar uma dessas.

Lena: - Que cara é essa? Experimenta esse, acho que já está bom.

Duda: - Luan encheu o boxe e fez de piscina! - murmurei irritada

Lena: - Que?

Duda: - Já viu as idiotices da internet em que as pessoas idiotas fazem coisas idiotas e riem feito idiotas aprovando a atitude idiota que é estupidamente idiota? Não sei como e nem por que, mas aquele idiota fez isso! Meu quarto tá molhado e o  banheiro tá parecendo que passou um furacão por ele.

Lena: - Eu ainda não entendi.... ele encheu o boxe?

Duda: - Sim! Tampou o ralo e não me pergunte como ele fez, mas tem água o suficiente para ele sentar no chão e se achar numa piscina infantil. E sabe o que é pior? Obviamente tem água vazando, e já te chegando ao meu quarto! Ele vai dar um jeito nisso ou eu vou surtar!

Passei  a mão por meu rosto completamente irritada. Luan era adulto, ou pelo menos tinha de fingir ser. Como se não bastasse, em menos de dois minutos ouvi ele me gritar desesperado. Com medo do que pudesse ser, Lena e eu subimos as escadas o mais rápido que conseguimos, abri a porta ofegante, ele estava de roupão com o celular em uma mão e um rodo em outro, Arthur estava sentado em minha cama só de cueca e Nic deitada olhando para o irmão toda faceira.

Duda: - O que foi? - perguntei ofegante

Luan: - Ela...ela.. ela falou amor! Ela falou! - disse visivelmente emocionado

Duda: - Ela o que? Quando? O que ela disse?

Luan fez sinal para que eu calasse a boca e Arthur brincou com a barriga da irmã que estava pelada sobre a cama. Ela riu sapeca pra ele que soprou em sua barriga e pediu para que ela o chamasse outa vez. Nic fez todo um charme, mas ao fim soltou de um jeitinho mais lindo do mundo um "Inho" que segundo Luan era sua versão para "maninho". A cena foi de longe uma das mais lindas, e sem dúvidas mostrava o amor lindo entre os dois irmãos.

Luan: - Ai cara, eu devia ter filmado. - reclamou enquanto se sentava na cama para mimar a filha

Duda: - O momento foi lindo, mas por que você ta sentando? Pode tratar de secar toda essa bagunça! - falei firme - Lena, você pega um peça de roupa da Nic pra mim?

Luan me olhava feito um cachorro sem dono enquanto arrumava sua bagunça. Arthur fingia não ter parte da história e Nic era a todo sorrisos. Desci com meus filhos de volta para a cozinha e deixei Luan terminando sua bagunça.

*Luan Narrando

Eu e Arthur estavamos vendo alguns vídeos da internet quando um nos deixou cheio de vontade de fazer. Acabamos fingindo não ter uma Duda brava em casa e repetimos o vídeo. Até que deu certo... Isso até a minha loira chegar e ficar um fera. Arrumei toda a minha bagunça sabendo o quão irritada ela estava com aquilo, e depois de muitos minutos para isso enfim desci para onde todos estavam. Encontrei Duda com meus filhos frente a TV enquanto comiam as guloseimas que ela fez. Cheguei de mansinho por trás dela que tentava fazer Nic dormir e lhe dei um cheiro no pescoço a fazendo se encolher toda.

Duda: - Sai. - riu - Não tô boa com você hoje! - alegou risonha

Luan: - Não tá não é? - mordi seu ombro e enchi seu pescoço de beijos lhe causando cócegas

Duda: - Para! Tô tentando fazer a Nic dormir. - riu

Ri negando e pulei o sofá, sentando-me nele, ao seu outro lado já que Arthur estava ocupado um.

Luan: - O que estão vendo?

Arthur: - Filme.

Luan: - Que filme? - questionei pegando um cupckake. - Isso ta maravilhoso! - falei de boca cheia.

Fiz companhia a minha família até o fim daquele filme. Fiz Nicole dormir e Duda foi descansar um pouco, me deixando com as crianças. Por volta das nove da noite Duda acordou e decidimos todos sairmos para jantar em um restaurante mexicano.

O clima foi agradável e de muitas risadas. Era bom estar assim com eles, já dava até um certo aperto no peito em imaginar que teria de seguir viagem naquela madrugada. Nic não parava de falar "Inho" e aquilo nos rendeu bons vídeos.

Na volta para a casa, coloquei as crianças para dormirem e fui atrás de Duda que colocava mais algumas coisas em minha mala. Enquanto ela o fazia, aproveitei para publicar uma das fotos que haviamos tirado no restaurante,

"Já tô com saudades neném!"

Duda: - Lu? - chamou-me do closet

Luan: - Oi? - fui até ela

Duda: - Me explica isso da viagem. - pediu sentada no chão, organizando minhas coisas

Luan: - Não tem nada muito certo não meu bem. Por isso te pedi pra resolver isso pra mim.

Duda: - Quando é suas férias?

Luan: - Próximo mês. 15 dias.

Duda: - E a escola do Arthur? 

Luan: - Eu não tinha pensado - cocei a nuca e ri amarelo - A gente pode conversar na escola dele.

Duda: - Ou podemos ir só. - disse parecendo sem jeito

Luan: - Quer ir sem eles?

Duda: - Eu tava pensando... seria bom um tempinho pra gente... desde que mudamos pro Rio isso ficou meio complicado. Arthur quer ir pra Disney, poderíamos levar ele e depois seguirmos nós dois. O que acha?

Me aproximei dela e beijei seu rosto me sentando ao seu lado.

Luan: - Acho ótimo um tempo só pra nós. Uma segunda lua de mel. - beijei seu ombro - Planeja tudo pra gente? - pedi fazendo carinho em sua cintura

Duda: - Arthur vai ficar muito chateado né? - disse pensativa

Luan: - Ele vai entender. E tenho certeza que vai adorar passar uns dias com meus pais.

Duda: - Pensei em deixar ele com meu pai.

Luan: - Minha mãe tá morrendo de saudades amor.

Duda: - Tudo bem. - beijou meu rosto - Podiamos chamar a Bruna e o Breno pra ir a Disney com a gente né?

Luan: - Massa! Rober e Laís também né? - falei mordendo sua nuca, sem coragem de encará-la. Esse assunto ainda era meio escuro em nosso relacionamento 

Duda: - Você é engraçado. - riu pelo nariz a contragosto

Luan: - Quero ajudar os dois amor.  Foi vacilo, eles se gostam!

Duda: - Rober não merece a Laís! - disse irredutível

Luan: - Não cabe a nós dizer isso Du. E poxa, baixa a guarda. Rober tá tentando tanto concertar as coisas com vocês duas. Ele gosta da sua amizade.

Senti Duda respirar fundo e me encarar, sustentei seu olhar e segurei seu rosto, lhe fazendo carinho.

Luan: - Sei que não tenho o direito de te pedir isso.... mas tenta... por favor! Ele é importante pra mim!

Minha loira me encarou alguns segundos, e finalmente se deu por vencida assentindo com a cabeça. Selei seus lábios e beijei sua testa antes de levantar e ajudá-la a fazer o mesmo. Trocamos nossas roupas por uma mais confortável e fomos para a nossa cama, onde ficamos conversando sobre diversos assuntos até bem tarde.

Luan: - Dorme. Amanhã o dia é cheio pra você. - disse lhe fazendo carinho ao notar o quão sonolenta ela estava

Duda: - Não. Quero aproveitar esse tempinho com você. - abraçou-me beijando meu pescoço

Luan: - Tô morrendo de saudades. - sussurrei beijando sua orelha

Duda: - Quando a gente se vê de novo a gente mata. - disse timida, passando a mão por meu abdômem,

Beijei o canto da sua boca em concordância. Duda não precisava me dizer nada. Estavamos juntos a tempo o suficiente para eu saber seus períodos de mulher.  Voltamos a trocar beijos e carícias, e sempre que o clima esquentava Duda caia no riso ao meu ver de bruços na cama tentando conter minha ereção.

Duda: - A culpa é sua que fica me beijando e me encostando. - riu

Luan: - Quando você tiver assim tem que dormir de burca comigo. - reclamei com a cara enfiada no travesseiro

Duda: - Bonzinho você né? - riu - Fica quieto, vou te fazer uma massagem.

Ela aproveitou que eu estava de bruços e se sentou na minha bunda. Levantou minha camisa e começou a me fazer uma massagem. Suas mãos eram mágicas em qualquer parte do meu corpo, e eu quase dormi de tão relaxado que fiquei. Minha esposa terminou e deitou todo seu corpo em cima do meu, ri e brinquei á chamando de "gorda".

Duda: - Vou lembrar disso Rafael, pode deixar que vou lembrar!

A despedida como sempre foi um pouco melancólica. Nunca nos acostumávamos a isso. Sai de casa pela madrugada deixando meus filhos dormindo e uma Duda com os olhinhos baixos, mas tudo seria recompensado, e isso era bem além do que planejávamos para essa viagem.




Comentários

Postar um comentário