250 - "Estou Indo Te Buscar"

Cheguei em São Paulo ainda era dia. Bruna me pegou no aeroporto e se quer tinha palavras a me dizer, apesar de dar a entender que não acreditava em tudo aquilo. Eu nada disse, aquelas horas toda a minha dor havia se transformado em raiva. Pedi que ela me levasse até seus pais e assim ela fez. A tensão era espessa quando nos encontramos, e Marizete de cara disse não acreditar em todos os boatos.

Duda: - A senhora tem todo o direito de não querer acreditar Mari. Eu sou mãe, entendo isso. - sorri de lado - Eu vim aqui somente para esclarecer as coisas para vocês. Não sei se tiveram acesso á tudo o que esta rolando, mas eu tive. Não tenho motivos para não acreditar que não seja verdade. Acreditem, nem mesmo o seu filho tentou me fazer mudar de idéia. - sorri desgostosa

Marizete: - Ele.. ele não falou com você ainda? - perguntou perplexa

Amarildo: - Hoje era a reunião Duda! Você sabe que ele não podia e...

Duda: - Ele falou com o Arthur e não pareceu preocupado em me esclarecer nada. - suspirei - Eu não vim aqui pra procurar uma terceira opinião. Sei o quanto vocês conhecem o filho de vocês e o quanto essa atitude não parece em nada com ele. Mas sou eu quem divide a cama com ele e agora sou eu quem sei de todos seus erros. Não é a primeira vez que algo semelhante acontece e...

Bruna: - Ele já te traiu outra vez? - perguntou extremamente chocada

Duda: - Não. Não exatamente como pensam. Naquela história todo entre o Rober e a Laís, era o Luan quem pagou a amante dele para que ela ficasse calada. Ele era amigo da Laís também e essa atitude só me mostrou uma índole dele que eu juro que não queria que fosse real. A central não se pronunciou a respeito de nada ainda, muito menos o Luan. Eu não queria acreditar mas tudo leva para que eu acredite.

Bruna: - Você viu o vídeo? - perguntou baixinho

Duda: - Eu não quero ter que ver Bruna. Acho que já estou sendo humilhada o suficiente!

Amarildo: - Não existe vídeo Duda! Acredita em mim! Estamos todos loucos atrás de uma prova contra ou a favor de toda essa história! Não há indícios! - disse exasperado

Duda:- A única pessoa que pode me dizer isso é o Luan, e pelo que vejo ele não está muito preocupado. - balancei meu celular, que apesar de não parar de receber mensagens e ligações a cada momento, não constava nenhuma de Luan. - Vim aqui somente pra dizer á vocês sobre a minha decisão de me separar do Luan e...

Marizete: - Duda... - me interrompeu chorosa

Duda: - Vocês estão cientes do que está havendo, e creio que no fundo fariam o mesmo. Tô tentando ser cabeça e não explodir ainda mais essa história. Não quero falar com o Luan por esses dias e não vou. Estou voltando de vez para São Paulo e espero que entendam. Amo demais todos vocês, mas peço que se queiram manter uma relação tão boa quanto temos hoje em dia, que por favor, não me digam o que fazer agora. Amo e respeito vocês, mas essa é uma decisão minha e de mais ninguém. E acredite, não está sendo fácil pra mim tomá-la!

Voltar para a casa que eu cheguei á dividir por alguns meses com Luan era realmente difícil. Aproveitei o momento sozinha para cair em lágrimas outra vez. Bruna atendeu meu pedido de me deixar só e levou as crianças consigo. Nunca me senti tão quebrada em toda a minha vida. Raiva e decepção era o que mais tomava conta de mim. Minha vontade era de nunca mais ter que me lembrar da existência de Luan em minha vida. Eu o amei tanto pra nada. Comecei a retirar todas as poucas coisas que ainda restavam dele daquela casa. Aquela era a casa que ele deu á Arthur para que nos mudássemos de Campo Grande pra cá. Maldita hora que cedi. Não queria nada dele, e agora, aquela casa era do meu filho, e não daquele cachorro que me traiu. Eu não suportaria se quer pisar em algo que tivesse ele. Chorando lágrimas de raiva saí recolhendo tudo que tinha dele ali. Não era muita coisa, mas até seus dois violões e algumas trocas de roupas não eram bem- vindos.

Gritei, chorei e quebrei algumas coisas. Ele finalmente se lembrou que em algum lugar do mundo existia alguém completamente quebrada por ele e me ligou. Tarde demais. Eu não queria mais ouvi-lo. Rejeitei sua chamada e estava prestes á tacar meu celular no chão quando meu celular acendeu uma mensagem em sua tela de bloqueio.

"Eu estou indo te buscar!" 

*Luan Narrando

Nunca gritei e xinguei tantas pessoas em minha vida. Toda a minha maldita equipe estavam fodidos quando eu tivesse tempo para eles. Exigi que fodessem a vida daquelas malditas putas mentirosas e que á encontrassem até no inferno para fazê-las dizerem a verdade. Segui para São Paulo o mais rápido que pude e rejeitei todas as malditas ligações da minha família. Sabia onde Duda estava. Ela só poderia estar em nossa casa, e com toda certeza minha família não tinha idéia do quão perto ela estava. Mas eu sabia. Lena a contra vontade me contou. Se quer abri as dezenas de mensagens de minha mãe, meu pai ou Bruna. Sabia que eles queriam se intrometer nessa história e tudo o que eu menos precisava era de mais gente metida nisso. De repente meus problemas e da Duda viraram do mundo e eu nunca senti tanto ódio na minha vida. Com suas alianças na mão segui para a nossa casa rezando para que ela me ouvisse e que voltasse para o nosso lar comigo.

Chegar aquele maldito condomínio nunca demorou tanto. Senti um certo alívio ao ver uma das luzes acesas na nossa antiga casa. Olhei meu relógio de pulso e eu tinha exatas duas horas para me resolver com a minha mulher, pegar meu jatinho e fazer a merda de um show.

Tirei a chave da nossa antiga casa da mochila que fiz em tempo recorde e destranquei a porta da frente. A visão que tive assim que abri foi de longe a cena mais dolorosa da minha vida.

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