251 - "Ainda não acabou"

Duda estava sentada no sofá, o rosto entre as mãos enquanto seu corpo se mexia compulsivamente, mostrando-me o quanto ela chorava. Ao seu lado, próximo ao sofá, duas malas prontas.

Luan: - Amor... - disse ao fechar a porta atrás de mim e me aproximar

Duda levantou o rosto e pude ver toda sua maquiagem borrada por suas lágrimas. Seu olhar de decepção era de longe o mois doloroso que já vi habitar em seu rosto.

Duda: - Eu estava esperando você chegar. - sua voz era rouca e baixa, e isso só me provava mais o quanto ela havia chorado.

Luan: - O que são essas malas? - perguntei receoso, com medo da sua resposta.

Duda: - São as coisas suas que restaram aqui. Eu quero que você leve! - disse firme, ficando de pé e me encarando no olho.

Luan: - Espera! Não vai agir de cabeça quente. Você já tirou todas as suas coisas da nossa casa, não tenta fazer o mesmo aqui... - pedi tentando controlar o turbilhão de coisas que passavam em minha cabeça. Meu coração tinha um ritmo acelerado, e eu quase podia ouvi-lo

Duda: - Você não tem o direito de me pedir nada aqui Luan, nada! - disse aumentando seu tom de voz, seus olhos se enchendo d'água novamente

Luan: - Vamos conversar! Não aconteceu nada do que estão dizendo por ai! Eu não te trai Duda! - falei desesperado, chegando perto dela

Duda: - Não chega perto de mim! - pediu entredentes. Suas mãos cerradas em punho enquanto suas lágrimas desciam pelo rosto.

Luan: - Pelo amor de Deus, me ouve! Acredita em mim! Eu não seria louco de trair você!

Duda: - Você tá me achando com cara de idiota, é isso Luan? Acha que sou uma puta idiota? - gritou se aproximando - Eu quero que você pegue a droga das suas coisas e suma da minha vida! - disse com o rosto bem próximo a mim, a voz baixa e a raiva presente em cada célula do seu corpo

Luan: - Eu não vou! - disse firme, encarando seu olhar - O que te leva a acreditar que essa porra toda é de verdade? Você tem alguma prova Duda? Por que se tiver, olha, juro que quero ver o quão especialista é essa pessoa que armou tudo isso! - falei irritado

Duda: - Você tá dizendo da porcaria do vídeo de você fodendo aquelas vagabundas? Como você ainda tem coragem de falar dele pra mim?

Luan: - Não existe porra nenhuma de vídeo, pelo amor de Deus! - esbravejei passando a mão em meu cabelo - Eu nunca estive em um quarto com essas mulheres!

Duda: - Você não tem como me provar. - sorriu amargurada, minha bile subiu naquele momento e eu tirei meu celular do meu bolso.

Luan: - E você tem como me provar que aconteceu isso? Anda, me mostra essa porra de vídeo ou a merda que esta te fazendo acreditar nesse inferno.

Ergui meu celular pra ela  que olhou com raiva dele pra mim. Duda me deu as costas e foi até um canto da sala onde só agora percebi estar dois violões meus. Visualizei ela os pegar com toda ira e jogar próximos a minha mala, o barulho foi alto, mas não mais que o grito que ela deu em seguida.

Duda: - SOME DA MINHA VIDA!

Não sabia mais o que eu sentia. Raiva, desespero ou dor, joguei meu celular no sofá e fui até ela.

Luan: - Eu não vou dar um passo pra ir embora, até que você me mostre a prova que tem contra mim! Eu não te traí Maria Eduarda, não te traí! Eu não vou sair daqui até te fazer acreditar em mim - tentei dizer o mais firme possível

Duda me olhou por alguns segundos. Toda a raiva substituida pela decepção. Aquele olhar doeu com força em mim. Ela enxugou suas lágrimas com as costas da sua mão e pegou meu celular que estava jogado no sofá. 

Duda: - Você realmente acha que eu sou idiota o suficiente pra procurar por algo logo no seu celular? - disse baixo

Não á respondi, quando vi Duda o arremessou para a parede com toda força. Não tive tempo de reação, logo ela fez o mesmo com um dos meus violões enquanto chorava compulsivamente. Antes que ela quebrasse o outro á segurei pelos ombros, Duda se debateu contra mim e eu gritei para que ela parasse.

Luan: - PARA! ME OUVE DUDA, ME OUVE! - gritei começando a me desesperar

Duda: - EU ODEIO VOCÊ, ODEIO VOCÊ! - gritava de volta tentando se soltar de mim. Sua raiva era tanta que ela o conseguiu. Senti seu tapa arder em meu rosto e em seguida arranhões por todo meu pescoço e peito. Consegui a segurar novamente e senti meus olhos arderem em lágrimas. Ela silenciou me olhando em meus olhos. - Você me machucou mais do que qualquer pessoa no mundo Luan! Eu juro que não esperava isso de você. - soluçou

Luan: - Olha pra mim. - pedi com a voz embargada quando ela desviou o olhar - Olha pra mim Duda. - pedi engolindo o choro e ela relutante o fez enquanto eu ainda á segurava com força - Você acha mesmo que eu seria capaz disso? Eu sou seu marido Duda. você vai querer mesmo acreditar em todos menos em mim?

Duda: - Você não tinha o direito de me machucar desse jeito, não tinha! - se debateu outra vez, dessa vez eu á soltei, começando a cair a ficha de que minha própria mulher não confiava em mim

Luan: - Eu não fiz nada Duda. e você deveria ser a primeira a acreditar nisso. - disse derrotado, me sentando no sofá com a cabeça em mãos - Armaram pra gente e você caiu certinho. - ergui a cabeça e senti uma lágrima quente escorrer dos meus olhos

Duda: - Engole esse seu choro de mentira Luan! Engole e some daqui! É a última coisa que você pode fazer por mim depois de tudo!

Eu não disse nada. Fechei meus olhos e implorei por um milagre, fui desperto por Duda puxando-me pela gola da camisa com força para que eu levantasse. Ela estava fora de si, a segurei outra vez.

Luan: - PARA! ISSO É TUDO MENTIRA DUDA! TUDO MENTIRA! ACORDA E OLHA AO SEU REDOR! É TUDO MENTIRA! - pedi desesperado á chacoalhando. De repente todo o seu olhar mudou para medo. Me dei conta da força que eu estava usando e á soltei a vendo passar as mãos imediatamente onde eu havia a segurando. Havia uma marca visível da minha grosseria em cada braço seu. - Amor... - pedi engolindo em seco

Duda: - Não me chama de amor. - pediu se afastando - Vai embora daqui, por favor.

Luan: - Duda...

Duda: - Vai embora Luan. - pediu voltando a chorar

Luan: - Eu...

Duda: - Se você não for, eu juro que vou eu!

Fiquei parado sem saber o que fazer, até a ver pegar sua bolsa. Duda não estava em condições de sair dali, e por mais doloroso que fosse, eu teria de deixá-la.

Luan: - Fica! Eu vou sair Duda... mas nossa conversa não acabou. Não desse jeito!

Comentários

Postar um comentário